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domingo, 18 de junho de 2023

MEMÓRIAS DOS SONS DO MEU TEMPO

Por José Cícero Silva

Ainda soa até hoje em meus ouvidos o som característico do motor da vespa de seu Renato, como igualmente, o barulho da rural de João de Quina, Papaleu e Paizim, em relação ao ronco da Mercedes de seu Morzart dirigida por Pinguim e o som diferenciado do jeep de Dorzim, da de Nezim e de Percival.

Como ainda, do prefixo da difusora de Juarez, a voz do Cariri a se espalhar pelas cornetas da praça, das portas dos mercados. As batidas do sino da matriz, da estação, a sirene da Colinis... A sineta do grupo escolar, do ginásio e o apito do trem da feira nas indas e vindas lá do Crato . Lembro-me ainda, do canto dos pavões de Antonio Linard e do barulho da roleta do jogo de Chico Luiz, como da catraca da bicicleta Monark de Pecador e Irinaldo.

E eram tão conhecidos estes ruídos diários do meu tempo de menino, muito mais que o chiado de penico e o cantar dos grilos do quintal de casa... Como também, o som do motor do chafariz de Zé Maquinista, do Opala de dr. Rildo, a picap de seu Murilo e do caminhão "mixto" de Pedro Esmeraldo. Do velho rádio da bodega de Galego Brás e de Nair, da buladeira de pilar arroz de seu Pedro, da máquina de costura de Zé Leôncio, Odilon, Zé Zungueta e de Almir. Como do Fusca de Ari e Zé Wilson, ao caminhão de Zé Arnour, Nego Duzentos, Alcy e o maverick de seu Horácio. Recordo também da zuada estridente e inesquecível do eixo de pau roliço do carro-de-boi do velho povoado carregando lenha dos matos para os engenhos de cana de Antônio Argeu, seu Aparício Joaca Rolim, seu Novaes, pedro da Cruz e seu Osvaldo. Da difusora Guararapes, das festas do clube, das risadas de seu Rubens, do trem a deslizar sobre os trilhos, da banda de Gilvan Duarte e das músicas que tocavam nos antigos parques. Além do violão melodioso de Almir Sampaio do afinado cavaquin de seu Zezim Martins. Como também da canção de Bilora e seu Horácio, do som da mutuca no tabuleiro, das sinucas de Julião, das batidas de seu Oscar flandeiro, dos fogos da capela e das bombas de São João. Da algazarra dos meninos antes da escola e dos dias de eleição. Das aulas de Angelita e dona Dory. Dos gols no 'Dantão' de Raimundo Pio, de Betim, de Felipe e de Canquim. Da venda das frutas de Cecy, das quedas d'aguas da Cachoeira, das moendas da garapeira de seu Lu e Bibi e da fala calma nos contando estorias, do saudoso Chico de Oli.

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