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terça-feira, 2 de dezembro de 2014

LUIZ GONZAGA – ENTREVISTAS – PARTE VI

Por Antonio Morais

Regressando ao Exu, dezesseis anos depois, conversando com o velho Januário, minha mãe e irmãos, procurei relembrar as antigas músicas de um passado já bem distante, foi aí que minha mãe disse: 

- Luiz, você não se lembra daquela música, daquela outra, e Asa Branca? Respondi que Asa Branca não dava, era muito mole. Muito capenga. Engano meu, de volta ao Rio, ao apresentar uma porção de composições sertanejas a Humberto Teixeira, entre elas, Juazeiro, Respeita Januário, e outras, o velho e querido compositor perguntou-me se não tinha mais. Respondi-lhe que tinha outra, mas que não servia, era meio fraca. Humberto insistiu para que eu apresentasse. Ao encerrar, ele disse eufórico: 

"ó compadre, essa aí é um primor". 

O resultado foi que todos sabem: sucesso absoluto e total. Mesmo assim, no dia em que fui gravar Asa Branca, o negócio era tão parecido com cantiga de cego que Canhoto, do regional de Lacerda, pegou um chapéu e saiu correndo nos músicos, imitando Luiz Gonzaga.

Região : Isso, Luiz, representou Humberto Teixeira para você, em vida. O que representa agora depois de morto?

Gonzaga - Para lhe ser franco neste momento, o que gostaria de fazer, a partir de hoje, era não fazer mais nada novo. Era sair só cantando Assum Preto, Respeita Januário, Asa Branca, Pé de Serra, Estrada de Canindé, Juazeiro, Légua Tirana. As coisas da mais profunda sensibilidade que eu e Humberto fizemos juntos. Mas, como continuo sendo um profissional, continuo gravando, tenho que lançar coisas novas, mesmo que não sejam para sucesso.

Tem muita gente aí de talento, fazendo coisas interessantes, mas Humberto e Zé Dantas foram realmente o ponto máximo do meu sucesso. Zé Dantas morreu muito mais jovem. Parece-me que com 41 anos. Humberto desaparece com 64. Para mim uma figura impressionante. Dificilmente desaparecerá da minha mente. Sua morte representa para mim uma perda irreparável. Um grande sujeito. Uma extraordinária figura humana.


Luiz Gonzaga canta Asa Branca junto com diversos artistas entre eles Clara Nunes. Na próxima postagem falaremos do Jose Clementino, o poeta varzealegrense.

Fonte - Andanças e Lembranças.

Fonte principal: http://blogdosanharol.blogspot.com.br

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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