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sexta-feira, 13 de maio de 2011

CANGACEIRO JARARACA

Por: Ângelo Osmiro


           No famoso ataque de Lampião e seus cabras à cidade de Mossoró no Rio Grande do Norte, dois cangaceiros morreram, um no calor do combate, “Colchete” baleado quando tentava tomar de assalto um dos pontos de defesa da cidade. O outro foi José Leite de Santana o cangaceiro Jararaca.

O cangaceiro Jararaca

           O grupo chegou às imediações de Mossoró com cerca de cem homens muito bem armados. O bando foi dividido em três grupos, cada um atacando por um lado diferente.

            O grupo que o cangaceiro Jararaca fazia parte já se aproximava bastante das defesas da cidade, quando em um ato de ousadia, o cangaceiro Colchete avançou quase sem proteção, sendo atingido mortalmente pelos tiros dos homens da resistência; vendo seu companheiro caído, Jararaca correu para “desarriar” o companheiro baleado.

            No linguajar dos cangaceiros, isso significa retirar todos os seus pertences, só que sua ousadia também lhe custou caro, quando ele já ia saindo foi atingido por um tiro, mesmo assim continuou andando, tendo sido alvejado mais uma vez, agora em uma das pernas, ainda assim conseguiu fugir se arrastando. Alcançou uma casinha perto da estrada de ferro, onde bateu a porta e pediu socorro, prometendo todo o dinheiro e ouro que carregava ao dono da casa, o homem abriu a porta e o deixou entrar, dando-lhe os primeiros socorros, deixando-o deitado para que se recuperasse dos ferimentos.
 
Jararaca quando se encontrava preso, na cadeia de Mossoró/RN.
Notar o ferimento, em cima do tórax.
 
           No outro dia pela manhã o sertanejo resolveu ir até a cidade sem que o cangaceiro percebesse, e o denunciou a polícia, que o prendeu sem a mínima resistência, em virtude do estado em que se encontrava o jovem cangaceiro. Jararaca foi levado preso para a delegacia, onde foi fotografado e entrevistado pelo jornalista Lauro da Escóssia do jornal O Mossoroense.

           Depois de alguns dias preso, as altas horas da madrugada, alguns militares chegaram à delegacia com intuito de levar Jararaca, a justificativa seria a transferência do cangaceiro para a capital. Jararaca foi colocado dentro de um carro e conduzido, não para Natal, mas sim direto para o cemitério da cidade, onde já havia sido cavada uma cova lá no seu final. O cangaceiro Jararaca entrou sem dá uma palavra e caminhou escoltado pelos homens até a cova.

           O cangaceiro do grupo de Lampião foi assassinado pelos policias, seu corpo foi jogado na cova, que na pressa para cavar, tinham feito o buraco menor que o defunto, no lugar de alargarem a cova, preferiram quebrar as pernas do prisioneiro, estava consumado o ato macabro dos defensores da lei.

Túmulo do cangaceiro, situado no cemitério de Mossoró/RN.

            Hoje a cova do cangaceiro Jararaca é a mais visitada no cemitério de Mossoró, inúmeras velas são acesas em sufrágio de sua alma, promessas são pagas à beira do túmulo do cangaceiro, o fim trágico de Jararaca transformou um cruel cangaceiro, pelo menos na memória popular na incrível história do “cangaceiro que virou santo”.
 
Prefeito Rodolfo Fernandes

 
Túmulo de Rodolfo Fernandes - Cemitério de Mossoró/RN.
 
Ângelo Osmiro é Escritor/Pesquisador do cangaço e membro da SBEC

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Ivanildo Alves Silveira
Escritor, pesquisador e colecionador do cangaço
OBS: As fotos foram acrescentadas ao texto, pelo reverendo Ivanildo Alves da Silveira, no sentido de enriquecê-lo.


2 comentários:

  1. Anônimo16:27:00

    Gostaria de saber o nome verdadeiro de Colchete. Também se há alguma informação sobre o seu sepultamento e local.
    Antonio dos Santos de Oliveira Lima
    limagronomiacruzce@yahoo.com.br
    Cruz/CE
    Obrigado.

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  2. Anônimo14:19:00

    Para que a História da morte de Jararaca seja escrita de forma correta, ver o livro "Nas Garras de Lampião: Diário do Coronel Gurgel. BRITO, Raimundo Soares de & GURGEL, Antonio. Coleção Mossoroense. 2ª edição. 2006. Evitará suposições.
    Para saber vo número extato dos cangaceiros do bando de Lampião, naquele 13 de junho de 1927, ver o livro: Lampião e o Rio Grade do Norte: A História da Grande Jornada. DANTAS, Sérgio Augusto de Souza. Natal: Editora Cartgraf, 2005.
    Kydelmir Dantas
    Mossoró-RN

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