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terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Seu Pedro Leão e o alicate

Por: José Mendes Pereira

Apesar de ter sido um homem de boas condições financeiras Seu Pedro Leão não era arrogante, mas não dava chance a certas pessoas oportunistas. 

Foi um dos mais velhos comerciantes de Mossoró, período em que ela caminhava para o desenvolvimento. Seu Pedro Leão era um homenzarrão, de andar lento, conduzia sempre o seu paletó em um dos braços, não lhe faltava na boca um enorme charuto; tranqüilo quando alguém perdia a paciência com ele, igualmente quando chamava a atenção de alguém.

Em sua loja, no centro da cidade de Mossoró, no ramo de ferragens, vendia todos os tipos de ferramentas para marceneiros, pedreiros, agricultores, como por exemplo: pás, enxadas, alavancas, picaretas, lâminas serras, fechaduras, dobradiças, goma laca, alicates...

Certo dia, um sujeito fez-lhe uma compra em sua loja de um alicate de boa qualidade. Envolvido com um dos seus concorrentes, que no momento também fazia compras de outros utensílios, o sujeito esqueceu de examinar a ferramenta, isto é, se tinha algum defeito de fabricação. Pagou-a, recebeu-a juntamente com a nota de conferência, saindo da loja do seu Pedro Leão às pressas em busca da sua oficina.

Ao chegar, percebeu que as garras (boca) do alicate não casavam uma com a outra, e não querendo ficar com o prejuízo, sendo conhecedor dos direitos que o consumidor tem, resolveu voltar até a loja do seu Pedro, para lhe devolver o objeto defeituoso e receber outro sem aquele probleminha.

Logo que chegou à loja de ferragens seu Pedro estava ocupado com um freguês. Não querendo atrapalhar o atendimento do comerciante, resolveu esperar um pouco, até que ele despachasse o seu cliente.

Assim que seu Pedro liberou o freguês, disse-lhe que tinha voltado à sua loja, para fazer a troca de um alicate que havia comprado horas antes. E em seguida entregou-o acompanhado da nota de conferência, que era a verdadeira prova que tinha comprado lá.

Seu Pedro examinou o alicate, e vendo que estava defeituoso, mesmo assim disse-lhe que não o recebia.

O sujeito esbravejou dizendo-lhe que era sua obrigação, e não iria ficar com o prejuízo.

Usando a sua esperteza, Seu Pedro perguntou-lhe:

- Você não quer perder o alicate, não é?

- Quero não seu Pedro. Eu comprei ao senhor e é um direito seu fazer a troca da ferramenta.

- Troco não.

- Mas seu Pedro...

- Você que comprou só um não quer perder, imagine eu que vou perder esta ruma todinha aí! – disse ele apontado para a porção de alicates que estava na prateleira.

Seu Pedro não fez a troca, pois ele achava que todos os alicates que estavam no monte, estariam com o mesmo defeito de fábrica. Como ele iria perder todos os outros, não fazia mal o freguês perder só um.

Minhas simples histórias

Observação:

Até o momento não consegui a foto do seu Pedro Leão. Já estive no seu túmulo, mas não tem foto sua. Apenas a de seu Aluízio Leão, que era seu filho, proprietário de uma farmácia ao lado do Mercado Central. Já estive em sua casa, mas não consegui falar com a viúva do seu Aluízio. Como eu tenho na mente a pessoa de seu Pedro, se eu soubesse desenhar, o desenharia.

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http://blogdomendesemendes.blogspot.com.br/2011/07/maria-dos-anjos.html

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