Por: Crispiniano Neto
O pai de Luiz, João Campos, trabalhou muitos anos, numa fábrica de sabão em Mossoró. Quando morreu ficou devendo uma conta ao seu patrão.
Luiz Campos tinha verdadeiro horror àquela profissão e àquela fábrica, lhe revoltava o fato do pai ter trabalhado a vida inteira num lugar e ao morrer, em vez de deixar algum saldo ou pensão para a família, tinha ficado uma conta para pagar.
Mesmo indignado com aquela situação Luiz Campos procurou o dono da fábrica e se apresentou para trabalhar até saldar a dívida do pai. O patrão, tão explorador e ingrato, aceitou o trabalho, não dispensando a conta do seu velho operário padrão.
Muitos colegas roubavam borra de sabão. Tiravam de pouquinho, às escondidas. O patrão sabia, mas deixava acontecer, pois sabia que era uma forma do pessoal desabafar a revolta num tempo que não havia sindicato. Luiz Campos não tirava escondido.
Um dia chegou para o dono pediu um pedaço pra levar pra casa. O patrão respondeu que podia levar, até porque sabia que ele era dos poucos que nunca tinha roubado.
Luiz perguntou:
- Que tamanho eu posso tirar?
O patrão respondeu displicentemente:
- Tire do tamanho da sua consciência.
Luiz Campos saiu calado, cortou um pedaço de aproximadamente 30 quilos, amarrou no bagageiro da bicicleta e foi saindo sem dizer mais nada.
O patrão viu o exagero. Ficou chateado e gritou:
- Luiz, você não tá achando que tá demais não?
- Não senhor! A minha consciência é muito maior do que isso.
Luiz de
Oliveira Campos nasceu em Mossoró aos 11 de outubro de 1939, Luís é considerado
como um dos maiores poetas da região. Hoje, apesar dos sérios problemas de
visão ele não perde o bom-humor nem a verve poética.
Do livro do poeta Crispiniano Neto
PoesRia com Luiz Campos
Coleção Mossoroense
Volume 829
Série C
Julho de 1993
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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