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sexta-feira, 12 de julho de 2013

Moção Archimedes Marques

Por: Wescley Rodrigues

Caros(as),

Abaixo segue a moção de apoio do pesquisador Archimedes Marques em prol do restauro da casa grande do sítio Jacu.

Cordialmente

Prof. Wescley Rodrigues


Aracaju - SE, 11 de julho de 2013.
Senhor Prefeito de Nazarezinho - PB
Senhores Vereadores

O reconhecimento com a valorização das nossas raízes, da nossa cultura, da nossa história nordestina é sem dúvida um legado de suma importância que deixamos para os nossos filhos, para seus filhos, para os filhos dos seus filhos e assim sucessivamente. Tais medidas visam além do resgate da história, que importantes fatos do passado passem a não ser esquecidos ou virem meras conjecturas na poeira do tempo.

E é justamente em nome dessa assertiva, também em nome daqueles que prezam pela nossa história sertaneja, mais de perto pela enigmática história do cangaço e afins, seus atos, fatos e consequências, que venho me manifestar para solicitar em somação às outras diversas moções de solidariedade em prol da restauração da casa pertencente à família Pereira, imóvel esse também palco de episódios marcantes protagonizados, porque não dizer, por um dos seus filhos mais ilustres e corajosos, Francisco Pereira Dantas, o lendário Chico Pereira.

A participação de todos nós amantes, pesquisadores e historiadores da cultura e da história dos nossos ancestrais nordestinos, aqueles verdadeiros cabras-machos que também escreveram o seu tempo com letras de tintas de sangue, assume particular importância num momento em que buscamos o fortalecimento das nossas raízes, vez que não há árvores frondosas sustentadas por frágeis raízes. A restauração da casa do justiceiro Chico Pereira, sem dúvida alguma, fortalece essas raízes culturais.

Infelizmente a instabilidade social que agrava a sã consciência cultural do nosso povo é preocupante, principalmente no Nordeste, daí também o nosso grito de alerta para o bom resgate da nossa história assim quando temos a oportunidade de intervir, como é o presente momento.

Muitos casarios espalhados pelo nosso Nordeste que fizeram parte da época do cangaço, palcos de inúmeras batalhas e passagens diversas, hoje não passam de ruínas e com eles também se arruínam parte da nossa história, entretanto, há de se observar que no momento, privilegiadamente, o município de Nazarezinho no lindo e aprazível Estado da Paraíba, tem a oportunidade de resgatar essa dívida histórica, restaurando para o bem e felicidade geral de todos, a casa de Chico Pereira.

A história de Chico Pereira é uma história de luta, uma história de injustiça, uma história de revolta contra o sistema que então imperava o coronelismo, o mesmo coronelismo que tinha no povo o seu gado e no seu gado o povo, os dois como num só.

Chico Pereira, até então um homem de bem, um homem cumpridor dos seus deveres, um homem que acreditava nas leis dos homens viu seu pai, João Pereira, ser assassinado. Em seu leito de morte, o pai pede ao seu querido filho que não procure vingança com as suas mãos, ou seja, que não suje as suas mãos de sangue tal qual sujaram consigo. Com tal atitude a vítima também relembra os ensinamentos do filho de Deus a dar o outro lado da face ao seu agressor, diferentemente do pensar e agir desse sofrido povo, vez que no nosso sertão nordestino na década de 20, era sem dúvida, DENTE POR DENTE, OLHO POR OLHO. Ao encontrar o atroz assassino do seu amado pai, Chico Pereira controla a sua emoção e mesmo agindo contra a razão da época, o entrega à polícia. Entretanto, por influência polí tica, por interferência do coronelismo, o criminoso é posto em liberdade. Diante disso, Chico Pereira, tomado pela revolta, por uma justa causa, alia-se a cangaceiros e vira lenda no sertão nordestino, vivendo a partir de então como um fora da lei, a mesma lei que erroneamente colocou em liberdade o assassino do seu pai.

A exemplo da maioria dos revoltosos que fizeram história nessa época há os prós e os contras relacionados às suas atitudes e consequências. Para alguns, Chico Pereira era um herói porque buscava justiça para a morte do pai, entretanto, para tantos outros ele não passou de um cangaceiro sanguinário que aterrorizava o sertão nordestino com roubos, estupros e assassinatos.  De uma maneira ou de outra o fato gerador de tudo nasceu de uma imensurável injustiça, ademais a sua história, hoje faz parte da nossa história, da história do cangaço, da história do Brasil, faz parte da labuta sertaneja marcada nesse tempo de poeira e sangue nas escaldantes e áridas terras, faz parte de uma história que não pode ser esquecida jamais.

Assim sendo, entendo que todos os esforços no intuito de restaurar e transformar em museu a casa da Fazenda Jacu, a casa do suposto “herói fora da lei”, Chico Pereira, devem ser envidados e exauridos, pois além de tudo, o dito imóvel fora cenário de importância nesse intrigante movimento social que assolou o nosso sertão. Sem esquecer que com tal medida, a municipalidade de Nazarezinho estará também alavancando o turismo local, gerando renda a diversas famílias que a partir de então passarão a melhor fabricar e vender os seus diversos produtos artesanais, alimentícios, culturais e afins.
         
Atenciosamente,
Archimedes Marques
Delegado de Polícia no Estado de Sergipe, Pesquisador e Escritor do Cangaço. (79) 8822-3832. archimedes-marques@bol.com.br

Enviado pelo professor e pesquisador do cangaço: Wescley Rodrigues

http://blogdomendesemendes.blogspot.com 

Um comentário:

  1. Anônimo17:53:00

    Caro MENDES: Tentei entrar em contato com o nobre Delegado Arquimedes Marques, respondendo um EMAIL que ele me passou, mas, tudo indica que não consegui fazê-lo. Portanto, através do seu blog (que ele está sempre acompanhando) deixo o meu agradecimento ao Dr. Marques pelo cuidado que ele teve, e em outro momento tentarei novamente. Grato a você. Antonio José de Oliveira - Bela Vista-Serrinha-Ba. Email: antonioj.oliveira@yahoo.com.br

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