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sábado, 18 de janeiro de 2014

Lampião e outras histórias - O cangaceiro Meia Noite

Por Doizinho Quental
O espinho quando tem de furar, de novo trás a ponta. 

Aos doze anos de idade matou pela primeira vez. Voltava da roça com um balaio de legumes, quando cruzou no caminho com um rapaz das redondezas, que o acusou de ter roubado o que levava. O negrinho reagiu cobrindo-o de impropérios. Na briga de um adulto com um menino franzino, Antônio apanhou muito. "Em um homem não se dá, se mata, diz o ditado no sertão". Menino de corpo, homem nas ações, correu a casa, pegou a velha espingarda lazarina carregada com tiro de matar ladrão e partiu sedento de vingança. O rapaz ia a cavalo e já era noite quando Antônio conseguiu alcança-lo. Chegara à fazenda de seus pais, amarrara o cavalo no alpendre, tirara os arreios e conversava na sala do santo. O pequeno futuro bandido localizou-o pela voz e ficou esperando que ele saísse para levar o animal ao cercado. Estava escuro e teria que alvejá-lo em cheio quando seu corpo contrastasse com a luz do candeeiro que vinha de dentro. Pensado e feito, foi tiro e queda.

Chovia muito e ele se percebeu que não poderia voltar para casa. Passou a noite num aviamento da fazenda Olho D'água, de propriedade do Cel. José Rodrigues. De madrugada foi surpreendido ainda dormindo e armado. Tentou desconversar, mas não teve jeito, a solução foi confessar a verdade.

Levado à presença do coronel, foi logo sentenciado.

- Compadre, dê uma pisa nesse negro de tirar o couro!

- Por amor de Deus, Coronel, me mate, mais não mande dar em mim! Duas pisas é muita humilhação!

O coronel continuou: 

- Pois negrinho você vai morrer! Comece logo a cavar a cova!

José Rodrigues ficou observando o menino cavando sua própria sepultura, não chorava, não pedia, parecia calmo e resignado.

Terminada a tarefa, o coronel disse:

- Agora moleque, se prepare para morrer!

O pequeno Bagaço respondeu: 

- Estou pronto coronel, agora mande dizer lá em casa que eu morri como homem, e não como um cabra de peia!

Na verdade, o fazendeiro apenas testava a coragem do garoto.

Concluiu: 

- Negro da peste, dessa vez vou te soltar, mas suma no oco do mundo, porque se eu te pegar, tu não escapas!"

Obs: O negro Meia Noite tinha uma amante chamada Zulmira, nome com que ele também designou o seu mosquetão.

Meia Noite talvez fosse um mestiço dos índios de Santana de Ipanema, em Alagoas, onde nasceu. Ele era bem escuro, de cabelos lisos e abundantes. 

Segundo alguns autores, Meia Noite costumava cantar:

“Si quizé sabê meu nome,
Faça favor perguntá,
Eu me chamo Meia-Noite,
Canáro de bom lugar,
Eu sô um carnêro fino,
Do colo de minha Yayá!
É Lampe, é Lampe, é Lampe,
O Virgulino é Lampião,
É o dedo amolegando,
E bolando pulo chão!

www.kantabrasil.com.br/Lampiao.../Lampião%20e%20outras%20Históri...‎ 

A pesquisadora Lê Alves em sua página do facebook diz:

Lê Alves 
 
O Cangaceiro Meia-Noite se chamava Antonio Augusto Feitosa, teria em 1924 a idade de 22 anos, sendo originário da região de Olho D’Água do Casado, próximo a Paulo Afonso, Alagoas e possuía a fama de ser extremamente valente.


O valente Meia-noite chegou a tirar Lampião a terreiro apontando seu fuzil diretamente para o mesmo, vendo a valentia Lampião passou a ter um enorme respeito pelo o mesmo. 

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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