Por Doizinho Quental
O espinho quando tem de furar, de
novo trás a ponta.
Aos
doze anos de idade matou pela primeira vez. Voltava da roça com um balaio de
legumes, quando cruzou no caminho com um rapaz das redondezas, que o acusou de
ter roubado o que levava. O negrinho reagiu cobrindo-o de impropérios. Na briga
de um adulto com um menino franzino, Antônio apanhou muito. "Em um homem
não se dá, se mata, diz o ditado no sertão". Menino de corpo, homem nas
ações, correu a casa, pegou a velha espingarda lazarina carregada com tiro de
matar ladrão e partiu sedento de vingança. O rapaz ia a cavalo e já era noite
quando Antônio conseguiu alcança-lo. Chegara à fazenda de seus pais, amarrara o
cavalo no alpendre, tirara os arreios e conversava na sala do santo. O pequeno
futuro bandido localizou-o pela voz e ficou esperando que ele saísse para levar
o animal ao cercado. Estava escuro e teria que alvejá-lo em cheio quando seu
corpo contrastasse com a luz do candeeiro que vinha de dentro. Pensado e feito,
foi tiro e queda.
Chovia
muito e ele se percebeu que não poderia voltar para casa. Passou a noite num
aviamento da fazenda Olho D'água, de propriedade do Cel. José Rodrigues. De
madrugada foi surpreendido ainda dormindo e armado. Tentou desconversar, mas
não teve jeito, a solução foi confessar a verdade.
Levado
à presença do coronel, foi logo sentenciado.
- Compadre, dê uma pisa nesse
negro de tirar o couro!
- Por amor de Deus, Coronel, me
mate, mais não mande dar em mim! Duas pisas é muita humilhação!
O
coronel continuou:
- Pois negrinho você vai morrer! Comece logo a cavar a cova!
José
Rodrigues ficou observando o menino cavando sua própria sepultura, não chorava,
não pedia, parecia calmo e resignado.
Terminada
a tarefa, o coronel disse:
- Agora moleque, se prepare para morrer!
O
pequeno Bagaço respondeu:
- Estou pronto coronel, agora mande dizer lá em casa
que eu morri como homem, e não como um cabra de peia!
Na
verdade, o fazendeiro apenas testava a coragem do garoto.
Concluiu:
- Negro da peste, dessa vez vou te soltar, mas suma no oco do mundo, porque se
eu te pegar, tu não escapas!"
Obs: O
negro Meia Noite tinha uma amante chamada Zulmira, nome com que ele também
designou o seu mosquetão.
Meia Noite talvez fosse um mestiço dos
índios de Santana de Ipanema, em Alagoas, onde nasceu. Ele era bem escuro, de
cabelos lisos e abundantes.
Segundo
alguns autores, Meia Noite costumava cantar:
“Si
quizé sabê meu nome,
Faça
favor perguntá,
Eu
me chamo Meia-Noite,
Canáro
de bom lugar,
Eu
sô um carnêro fino,
Do
colo de minha Yayá!
É
Lampe, é Lampe, é Lampe,
O
Virgulino é Lampião,
É
o dedo amolegando,
E
bolando pulo chão!
www.kantabrasil.com.br/Lampiao.../Lampião%20e%20outras%20Históri...
A pesquisadora Lê Alves em sua página do facebook diz:
A pesquisadora Lê Alves em sua página do facebook diz:
Lê Alves
O Cangaceiro Meia-Noite se chamava Antonio Augusto Feitosa, teria em 1924 a
idade de 22 anos, sendo originário da região de Olho D’Água do Casado, próximo
a Paulo Afonso, Alagoas e possuía a fama de ser extremamente valente.
O valente Meia-noite chegou a tirar Lampião a terreiro apontando seu fuzil
diretamente para o mesmo, vendo a valentia Lampião passou a ter um enorme
respeito pelo o mesmo.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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