Por Susi Ribeiro
Susi Ribeiro é nora dos cangaceiros Sila e Zé Sereno - Foto do acervo da Susi Ribeiro
Boa noite, amigo José Mendes Pereira:
Venho com muita alegria, deixar registrado aqui, um dia muito feliz em
minha vida.
Em Janeiro deste ano, eu e meu esposo Ivan Antunes de Campos, em nossa
viagem pelo interior da Bahia, visitamos muitos lugares de grande valor
histórico e cultural nas regiões de Paulo Afonso/BA, Alagoas e Sergipe.
Os cangaceiros Sila e Zé Sereno estão circulados
Finalmente eu, nora do ex-casal de cangaceiros Sila e Zé Sereno (pais de
meu primeiro e já falecido esposo Wilson Ribeiro de Souza) iria conhecer o
palco dos relatos da vida de meus sogros, os locais onde Lampião e seu grupo
viveram, lutaram, sofreram, enfim, conferir registros históricos e conhecer
pessoas que conviveram com eles na época do Cangaço.
Após conhecer Angico, seguimos com um guia turístico para o sertão de Paulo Afonso, onde visitamos vários Povoados e casas, trilhas e estradas por onde o Subgrupo de meu sogro Zé Sereno teria passado, inclusive quando este ainda era apenas um integrante do subgrupo de seu primo, o temível cangaceiro Zé Baiano, que ficou conhecido por sua crueldade ao assassinar sua companheira Lídia, a mais bela cangaceira e por após esse acontecimento ter se tornado o ferrador de mulheres.
Susi Ribeiro e Wilson Ribeiro - Foto do acervo da Susi Ribeiro
Entre os vários povoados, chegamos ao Povoado Salgadinho, que me despertou muita atenção. Lá estava a casa, já em ruínas, da famosa ex-cangaceira Lídia de Zé Baiano.
Ao lado desta, a casa de seus descendentes, Sr. Terto e Sr. Manoel com a esposa Sra. Atení e os filhos Tânia e Marcos. Fomos recebidos alegremente por Tânia, com quem fiz muita amizade.
Ali, a sombra de uma árvore, ficamos conversando por horas. Eu ouvia com atenção, parecia que os relatos de meus sogros sobre a vida no sertão, ganhavam vida, cor, forma diante de meus olhos.
O cangaceiro Zé Baiano companheiro da cangaceira Lídia Pereira
Sr. Terto, o sobrinho mais velho de Lídia, ainda se lembra dela, pois quando criança, sentiu muito a entrada da tia para o Grupo de Cangaceiros.
Segundo ele, Lídia era uma moça de 15 anos quando entrou para o Cangaço ao lado de Zé Baiano. Era alta, esbelta, cabelos à cintura, muito negros, que lhe " serviam de esteira" e uma personalidade forte, decidida.
Nos emocionamos com essa Família, pessoas simples, humildes, trabalhadores incansáveis do sertão: plantando, colhendo, esperando chuva, cuidando da criação, da casa, da lavoura.
Povoado
Salgadinho/sertão de Paulo Afonso/Bahia - Janeiro
de 2015: Tânia, Ivan, Eu e Sr. Manoel, sobrinho da cangaceira Lídia. - Foto do acervo da Susi Ribeiro
Pessoas religiosas, respeitadoras, com uma formação moral e ética que há muito não mais é vista nas grandes cidades, principalmente do Sudeste do Brasil.
Encanto, alegria, um sentimento de amizade muito grande tomou conta de meu coração.
Em Março, voltei à casa deles, onde tive a oportunidade de permanecer por vários dias! pude então sentir como é a vida do sertanejo no nordeste.
Foto da casa da cangaceira Lídia - Foto da Susi Ribeiro
Me encantei, me identifiquei muito com os costumes, com a comida, com a religiosidade. Tudo no sertão é maravilhoso: as pessoas são ricas em sentimentos, são solidárias, unidas, em uma palavra: São humanas! Ao voltar para minha casa no interior de São Paulo, nunca mais deixamos de nos comunicar por telefone.
Aqui, só faltava uma coisa, conhecer a sobrinha de Sr. Terto, a sobrinha neta da cangaceira Lídia, Liliane Pereira, nascida no povoado e que com seus pais, tinha se mudado para Jacareí, também interior de São Paulo.
Foi então, depois de muito conversarmos pela internet, que no último dia 21 de Dezembro, fomos à sua casa, em Jacareí, onde ela mora com seus dois sobrinhos, Vítor e Nathan, respectivamente de 3 e 8 anos de idade, lindos, filhos de sua falecida irmã Cristiane Pereira.
Eu e Liliane Pereira
em sua casa em Jacareí-SP, Dezembro de 2015 - Foto do acervo de Susi Ribeiro
Passamos horas conversando, almoçamos com ela, brinquei muito com as crianças, muito alegres, muito queridas. Pude sentir novamente o coração simples, honesto, puro, das pessoas que vivem a vida com simplicidade e alegria.
Liliane é uma moça muito bonita, mas a maior beleza que sinto nela é, sem dúvida seu coração, sua luz! Uma pessoa muito querida, meiga, corajosa, de muita fé, que cuida dos sobrinhos como se fossem seus próprios filhos, que não se preocupou com mais nada ao abraçar a missão de se tornar, além de tia, também a mãe deles. Mesmo ainda muito jovem, Liliane Pereira traz a maturidade e a confiança na Providência Divina.
Liliane é uma moça muito bonita, mas a maior beleza que sinto nela é, sem dúvida seu coração, sua luz! Uma pessoa muito querida, meiga, corajosa, de muita fé, que cuida dos sobrinhos como se fossem seus próprios filhos, que não se preocupou com mais nada ao abraçar a missão de se tornar, além de tia, também a mãe deles. Mesmo ainda muito jovem, Liliane Pereira traz a maturidade e a confiança na Providência Divina.
Sem dúvida, uma pessoa, que veio confirmar em minha mente e coração, a
integridade e os valores de sua família. Liliane Pereira é, sem sombra de dúvidas, a descendente direta da
Cangaceira Lídia, que traz geneticamente seus traços de beleza.
Esperamos, que algum dia, os historiadores e pesquisadores do tema
Cangaço ainda encontrem alguma foto de Lídia, pois até o momento ninguém a tem.
Família Pereira, meus mais queridos amigos! Obrigada por tudo, por toda
doçura, por todo o carinho, pela hospitalidade, pela atenção, pela alegria com
que vocês nos receberam, desde o primeiro momento em que nos viram, no sertão
de Paulo Afonso/Bahia!
Observação: - Amigo Mendes, segundo Francimary Oliveira mencionou no grupo Ofício das Espingardas dizendo o que segue: “Eu sou nora do irmão do homem que matou sua tia avó Lídia”.
Até Breve!
Obrigada pela oportunidade, amigo José Mendes Pereira!
Enviado para postagem neste blog por Susi Ribeiro nora dos cangaceiros Sila e Zé Sereno.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Comentário do pesquisador do cangaço Antonio José de Oliveira - Serrinha-Bahia.
ResponderExcluirCaro Mendes: Tenha certeza que eu admiro enormemente os familiares dos ex-cangaceiros que dão continuidade ao conhecimento da história do cangaço. Desta feita é o caso de Susi, nora de Zé Sereno e Sila. Veja que ela tem procurado conhecer até mesmo as terras onde ocorreram os fatos do cangaço. Parabéns Dona Susi pela sua dedicação a um assunto que não era para acontecer, mas, infelizmente aconteceu e não temos como fugir. Sei que você não está fazendo proselitismo do cangaço e da violência, mas faz parte da história do nosso Nordeste.
Um feliz NOVO ANO,
Antonio Oliveira - Serrinha