O Movimento que surgiu no ano de 1934, conhecido como "Pau de Colher" foi um fenômeno messiânico e milenarista ocorrido
na Bahia, na
primeira metade do século XX, e que culminou com o massacre de seus
participantes (chamados pela imprensa e populares de "fanáticos" ou
"caceteiros") por forças policiais militares de Pernambuco.
A
Comunidade de Pau de Colher se encontra ao lado esquerdo da BA 152 (direção
Paramirim Livramento). Uma Igreja e um campo de futebol fazem parte do cenário
local. Uma particularidade do lugar é uma igrejinha no alto da serra. - http://www.focadoemvoce.com/paramirim/pau-de-colher/index.php
Iniciado em
1934 e com término em 1938, teve por principal figura o beato José
Senhorinho, seguidor das ideias religiosas do beato paraibano Severino
Tavares, por sua vez ligado ao movimento religioso do beato José Lourenço, líder do movimento
cearense do Caldeirão e que, junto a
outros muitos sertanejos, se instalaram no lugar de nome Pau de Colher no
município de Casa Nova, nas divisas baianas com o Piauí e
Pernambuco.
No movimento Pau-de-Colher as mulheres lutaram desesperadamente. Saíam das trincheiras,
seguidas dos filhos, em direção aos soldados, com cacete na mão. Eram
facilmente cortadas ao meio pelos tiros de metralhadoras. Um grupo delas
avançou sobre um destacamento que tinha tomado uma cacimba, e todas foram
metralhadas.
Major
Optato Gueiros caçador de cangaceiros
Conforme relato de Optado Gueiros, Tenente que comandou o ataque,
de acordo com a imprensa baiana, os corpos apodreciam no chão. Foram vários
dias de luta.
O chão estava tomado de sangue e pedaços de órgãos humanos em
toda parte. Eram mais de 400 corpos. Os soldados evitavam a luta corporal e
venciam facilmente a batalha com o uso do fogo das metralhadoras.
O COMBATE AOS
"FANÁTICOS"
No dia 10 de
janeiro de 1938 o pequeno grupamento policial de Casa Nova, composto pelo
sargento Geraldo Bispo dos Santos, um cabo e quatro policiais procede a um
ataque a Pau de Colher. Reagindo, os religiosos cercam os soldados e os matam a
pancadas.
Já o governo
federal programara uma reação, através do Destacamento do Vale do São
Francisco, e se passou a estudar um ataque ao reduto que, informara-se, era de
seguidores do comunismo. Tropas também são mobilizadas em Salvador e,
no deslocamento, apreendem pessoas que informam tratar-se de um fenômeno de
psicose coletiva, que acometia aos que ouviam Senhorinho.
Quando chegam
ao lugar, contudo, este já fora atacado pelo destacamento da polícia militar de
Pernambuco, sob o comando do capitão Optato Gueiros. Este cercara Pau de Colher
com seus homens, procedendo ao morticínio dos que lá estavam. Em telegrama,
dado o elevado número de mortos, Gueiros informava seu "êxito": "Impossibilitado
sepultamento determinei incineração. (...) Fiz vasculhamento circunvizinhança
encontrando apenas crianças e mulheres indefesas”
Relatos do
massacre
O cerco da
polícia pernambucana, tropa composta por 97 homens, durou 3 dias: de 19 a 21 de
janeiro de 1938. Dentre os homens que acompanharam os agentes do estado estava
um pistoleiro, Norberto Pereira, que num certo momento retirou uma criança que
estava no colo da mãe, assassinada pelo intenso tiroteio; mulheres se atiravam
na frente dos fuzis, tentando salvar seus filhos, pois ninguém escava às balas
contra os religiosos.
Em seu
relatório, o Capitão Optato registrou 157 mortos no povoado de Pau de Colher, e
ainda 40 por uma patrulha piauiense.
Consequências
O interventor
Landulfo Alves, ao tomar ciência a incursão de agentes do estado vizinho em
território baiano, reagiu mandando um ofício a Agamenon Magalhães, seu congênere em Pernambuco.
Este respondeu com uma defesa veemente, na qual demonstrava que assim agira por
conta de um convênio celebrado ainda nos tempos de Juracy Magalhães, que
assegurava o livre trânsito das tropas sob seu comando sem se importar com fronteiras.
As crianças
órfãs ou cujos pais foram presos, eram levadas para as "carroças da
salvação" e enviadas para a capital baiana onde seriam usadas para o trabalho
doméstico, em regime de escravidão.
Episódio ainda
obscuro na história nordestina, no final do século XX pesquisadores procuraram
registrar depoimentos dos seus remanescentes. Num claro exemplo de que o
episódio deixara marcas indeléveis em seus protagonistas, o sobrevivente José
Camilo declarou, na sua fala simples, que "Não há interesse, eu não conto
porque pra eu contar, invés de eu aliverá minha situação, vai me servir de
perseguição".
Sobre as
vítimas, na historiografia de Dias Tavares, apenas o registro de que
"resultou elevado número de mortos".
https://pt.wikipedia.org/wiki/Movimento_de_Pau_de_Colher
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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