A Missa do Vaqueiro é celebração de fé e resistência no Sertão de Pernambuco
Arnaldo Carvalho/JC Imagem
A história dos
dois e a amizade com Luiz Gonzaga é contada por Helena Câncio no Entre Papos
Uma sertaneja
que, aos 15 anos, foi cortejada por um padre, casou-se com ele anos depois e
hoje peleja para levar adiante a Missa
do Vaqueiro, celebração que ocorre na caatinga há quase 50 anos. Se a vida
de Helena Câncio fosse simples, a descrição acima poderia servir para ela. Mas,
como quase todo sertanejo, Helena é intensa: apaixonada, vigorosa e muito
dedicada a tudo o que faz – por isso, a definição é rasa para quem mergulha nas
suas crenças.
No domingo
(24), a zona rural de Serrita, a mais de 580 quilômetros do Recife, vai sediar
a 46ª edição da Missa do Vaqueiro. Helena estará junto com os filhos no altar.
Hoje ela preside a Fundação Padre João Câncio, instituição que leva o nome do
marido (morto em 1989), e tenta manter viva a cultura ligada à Civilização do
Couro.
As celebrações
dedicadas aos vaqueiros começam já amanhã, com palestras, aboiadores, pegas de
boi e diversos espetáculos musicais: Lira, Josildo Sá, Fulô de Mandacaru,
Flávio Leandro, entre outros (Confira
aqui a programação completa)
A Missa do
Vaqueiro foi ideia de três amigos: o padre João Câncio, o Mestre Luiz Gonzaga e
o poeta Pedro Bandeira - o único ainda vivo entre os três. Com a celebração na
caatinga eles pretendiam chamar a atenção para as lutas dos sertanejos, usando
como mote um crime cujo autor nunca foi punido: o assassinato do vaqueiro
Raimundo Jacó, primo de Luiz Gonzaga. Jacó foi encontrado morto, nos anos 1950,
no Sítio Lages, em Serrita. A sua morte nunca chegou a ser esclarecida. A seca,
a fome, as diferenças e os combates do Brasil interior estão simbolizadas na
Missa do Vaqueiro.
ENTREPAPOS
A missa e a
luta para realizá-la, ano a ano; a paixão e o casamento com o padre João; o
exílio imposto aos dois pelo Vaticano; a amizade do casal com o Mestre Luiz
Gonzaga são alguns dos assuntos tratados na conversa exclusiva de Helena Câncio
no programa Entre Papos, que pode ser assistido nas plataformas digitais do JC.
“É sempre uma
peleja fazer a Missa do Vaqueiro”, desabafa. Helena só conseguiu confirmar as
atrações e o apoio do Governo de Pernambuco à celebração a menos de uma semana
do início do evento.
“Falar do
vaqueiro eu gosto, eu me emociono. Falar de mim é complicado, mas vamos lá”,
admitiu, antes de contar a sua história de amor com um padre, iniciada Sertão
pernambucano dos anos 1970. “Quando sabem que eu fui casada com um padre, acham
que eu dei em cima dele”, afirma. “Isso é um preconceito muito grande, Foi o
padre que deu em cima de mim. ”
http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/cultura/noticia/2016/07/20/o-amor-entre-a-sertaneja-e-o-padre-que-criou-a-missa-do-vaqueiro-245164.php
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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