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quinta-feira, 28 de setembro de 2017

A ÁRVORE DE TODOS OS FRUTOS (Lenda Indígena)

Autor Evaristo Geraldo

A ÁRVORE DE TODOS OS FRUTOS
(Lenda Indígena)
Autor: Evaristo Geraldo

A cultura indígena é
Rica em manifestações.
Suas lendas, seus costumes
Transmitem belas lições,
Valores que são seguidos
Pelas novas gerações.

Os índios são detentores
De grande sabedoria,
Povo que sabe o real
Conceito de ecologia,
Pois junto à mãe natureza
Convivem em harmonia.

Para exaltar esse povo
Audaz, honesto e guerreiro,
Eu vou contar uma lenda,
Confirmando esse roteiro
De enaltecer a cultura
Do nativo brasileiro.

Antes de aportarem aqui
Os europeus invasores,
Já moravam nessas terras
Seus legítimos defensores:
A grande nação indígena,
Os nativos moradores.

Dizem que lá em Roraima,
Bem no topo da montanha,
Tinha um lago cristalino,
Refletindo a forma estranha
Da deusa Lua chorando
Numa tristeza tamanha.

A deusa Lua vivia
Angustiada, abatida,
Pois amava o astro-rei,
E por ele era querida.
Mas a distância impedia
Essa paixão desmedida.

Esse lago cristalino
Refletia a frustração
Da Lua, que amava o Sol,
Mas não tinha condição
De se unir ao astro-rei,
Consumando essa paixão.

Pois quando o Sol despontava
Na linha do horizonte,
A Lua já tinha ido
Se esconder atrás dum monte.
Por milênios, o Sol viveu
Sem da Lua ver a fronte.

Lua e Sol já não brilhavam
Da mesma forma de antes,
Sendo as noites mais escuras
E os dias mais ofuscantes.
Tudo isso porque eles
Não podiam ser amantes.

A Mãe Natureza, vendo
Desse casal o dilema,
Decidiu entrar no caso
E montou um belo esquema
Para que o Sol e a Lua
Resolvessem o problema.

A Natureza foi sábia
E um grande eclipse gerou.
Dessa forma, o astro-rei
Com a Lua se encontrou,
E aquela imensa paixão
Entre os dois se consumou.

Sol e Lua se encontraram
Sobre o lago cristalino.
O encontro foi marcante,
Belíssimo, quase divino,
E, das fagulhas do enlace,
Nasceu um belo menino.

Um curumim emergiu
Lá das águas cristalinas.
Então o Sol se ocultou
Por trás das altas colinas.
Nessa hora, no horizonte,
Surgem sombras vespertinas.

Nessa noite, a deusa Lua
Surgiu cheia, com mais brilho.
Percorreu toda amplidão
Com graça, sem empecilho,
E seus raios afagaram
Durante a noite o seu filho.

Nasceu no monte Roraima
Essa criança imponente,
Nas terras dos Macuxis,
Raça de um povo valente
Que valoriza a natura,
Seus costumes, sua gente.

O curumim foi chamado
Então de Macunaíma.
Esse menino gostou
Do nosso terrestre clima.
E, assim, crescia saudável,
Munido de autoestima.

Esse curumim cresceu
Tendo benéficos cuidados
Da Lua e do astro-rei,
Dois seres iluminados.
Esses luzeiros regiam
Os nossos antepassados.

O curumim recebeu
Dos seus pais grande suporte,
E, ao crescer, se tornou
Guerreiro de belo porte.
Mas se destacou por ser
Honesto, valente e forte.

Próximo ao monte Roraima,
Diz a lenda que existia
Uma árvore exuberante,
De inigualável valia,
Pois todos os frutos do mundo
Essa árvore produzia.



Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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