Os sentimentos são confusos, aquele gosto amargo de gás ainda turva meu paladar. Sinto um
ardor nos olhos e na pele, a pimenta do spray ainda arde na pele.
Não, não é físico!
Os efeitos da truculência do Governador Robinson Faria não estão mais no meu corpo, ocupam a minha mente, os estrondos das bombas ainda me despertam durante o sono inquieto.
É por salário, mas nunca foi só isso.
É por dignidade! É por defender a educação, a saúde que estamos persistindo na luta. Resistimos pacificamente, pois, ingenuamente, acreditávamos que havia pelo menos uma gota de humanidade nesse governo.
A resposta do governo foi:
1. Spray de pimenta, ameaças com uma Taser, ameaças de sermos seguidos/as, presos/as, fora dali, ainda no início da ocupação.
2. A violência psicológica, a tentativa constante de nos minar emocionalmente. Audiências que não se concretizavam, a ronda constante da polícia durante a noite, sirenes ligadas iluminando as barracas e nos trazendo o terror de uma desocupação na calada da noite.
3. Carro da polícia particular do governador (Amarok preta, com quatro policiais no seu interior, sem fardas e sem identificação) nos rondando e nos fotografando.
4. Moral, nos tirando energia elétrica, sem acesso a banheiros, suspensão da coleta regular de lixo, nos deixando a mercê de um espaço insalubre por puro descaso, já que o caminhão da coleta passava, observava o lixo devidamente ensacado e não recolhia. Em suas ações o governo expressava o descaso e o desrespeito ao nosso movimento, à saúde e à educação e ao funcionalismo público.
5. A responsabilização do servidor público pela crise - o governo em momento algum fez qualquer menção de apontar uma proposta que buscasse atender as reivindicações - pagamento dos salários em dia e calendário de pagamento. A inversão de prioridades, principal marca do (des) governo Robinson Faria - ao capital tudo, à classe trabalhadora nada.
6. A tentativa suja de dividir nossas categorias, sim, nossas, nesta greve somos um só corpo diverso, unido na luta que governo nenhum pode separar.
7. A reintegração de posse e desocupação sem negociação de forma repressora, violenta, truculenta. Autorizada por um judiciário privilegiado, que suga recursos do Estado sem nenhum compromisso com o que é prioridade.
Querem manipular nossas razões, querem deslegitimar o legítimo. Porém, jamais poderão tirar da conta do governo Robinson Faria o que aconteceu. Diante da nossa resistência legítima o governo tinha opção, a opção de sentar para negociar. Apresentar uma proposta.
Colocar a repressão contra trabalhadoras/es que não podem comprar o pão e em desespero, resistem, lutam, nunca vai ser uma medida condizente com a democracia e a justiça social.
A culpa da violência não foi e nunca será do oprimido! Resistir é o que de mais
digno nos resta. Denunciar a truculência desse governo manifesta desde o
primeiro dia de acampamento/ocupação é nosso papel!
Lutar! Ocupar e resistir!
Para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça. Violento é o Estado!
Profa. Ms. Luana Paula Moreira
Comando de Greve.
Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso
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