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terça-feira, 26 de dezembro de 2017

A TROPICÁLIA FOI FEITA POR NORDESTINOS...

Por Verluce e Marco Ferraz

A Tropicália pregou uma visão realista e libertária, ou seja, fugir do jugo e das amarras socioculturais, quebrar tabus, transgredir todas as regras criando assim a regra de não ter regras. Inconscientemente, na década de 30, Lampião por fim quebrava paradigmas. Quando Lampião arregimentava pessoal para ‘o grupo’ em uma condição social similar a própria; transgressores, criminosos, foragidos, ousados e potencialmente submissos consolidando assim a formação de um grupo harmonioso. Criava um movimento. Surge assim um prenúncio de que algum movimento, décadas depois se compusesse de alguns elementos análogos.


A mente de Lampião tinha seus trópicos. Ele era o próprio movimento. Como a lei da física revela, o corpo tende a ficar parado quando não é exercida nenhuma força sobre ele. Regia seu grupo com segurança e planejamentos infalíveis. A presença de Lampião em sociedade trazia pânico ofuscando o talento do artista e designe. De fato, por todos os esteriótipos que trazia como cangaceiro sanguinário teve que enfrentar inimigos e a polícia, não podendo sobressair o artista e designe que havia dentro de si. 


Não passou despercebida a figura exótica do cangaceiro, do mascate Benjamin Abrahão Botto, vendedor de tecidos e miudezas, que logo viu surgir a possibilidade de tirar proveito do cangaceiro para implementar seus negócios no talento do performer Lampião, levando o conjunto ao cinema. Benjamin viu na figura de Lampião que o mesmo ia para além da pessoa criminosa; é que Lampião já ousava na liberdade de vestir com roupas coloridas e floridas, ultrapassando as normas vigentes na sociedade do homem nordestino. 


Após a morte de Lampião, três décadas mais tarde, mais precisamente na década de 60, vimos muitos jovens acenderem chamas nas correntes telúricas para quebrar alguns tabus e transgredir regras sociais indo ao extravagante. Nos tropicalistas verificamos a negação de valores sociais, ou seja, uma polarização no pacifismo que contraria normas sociais; eram pacíficos e submissos por não terem poder, caso tivessem, iriam impor seus pensamentos. Comparando Cangaço/Tropicália, vimos que o cangaceiro Lampião concentrou suas energias polarizadas no artístico e nas ações criminosas, resultando na ambíguo conceito, para alguns, “bandido e herói”.

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