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terça-feira, 22 de maio de 2018

APOSENTADORIA POR ESPERTEZA

Por José Mendes Pereira

Em anos remotos o “INPS - Instituto Nacional de Previdência Social” hoje “INSS”, tendo este mudado de nome por várias vezes, era muito desorganizado, e por falta de administração ou controle, não sei, muita gente adquiriu a sua aposentadoria usando diagnósticos falsos, quando era aposentado por qualquer motivo, até mesmo sendo beneficiado com um simples corte em uma mão, ou em um pé, enfim, para ter direito a benefícios tudo era válido, e uma das aposentadorias ou benefícios mais fáceis era para aqueles que trabalhavam na produção do sal, o chamado salineiro, que alguns metiam a picareta em um dos dedos dos pés, ou mesmo na canela, corria até ao “INPS”, e já estava assegurado por um bom tempo, o chamado benefício por acidente, vez que ninguém consegue trabalhar em colheita de sal com ferimentos, além de arder muito, o sal jamais deixará o ferimento fechar por completo.

Zé Pretinho era um senhor mossoroense, e que se empregara em uma repartição do governo estadual já com a idade avançada, na função de auxiliar de serviços gerais, e além disto, não era um funcionário que tinha interesse pelo seu emprego, e estava ali, na finalidade de adquirir uma oportunidade para correr com os seus documentos até ao “INPS”, e lá, lutar pelos seus direitos, já que era um homem velho. Fez tudo para que desse certo a aprovação da sua aposentadoria, mas tudo era em vão.

Chegou até fingir que estava maluco, quando várias vezes, os próprios amigos de trabalho viram-no falando sozinho, dançando com uma ferramenta nas mãos, como se fosse uma mulher nos seus braços. Se usava uma enxada, fingia ser um machado que cortava, uma picareta fingia ser um serrote, se usava um carro de mão, fingia ser um tonel..., e assim foi tentando enganar o seu chefe.

Como os seus amigos acreditavam que realmente o Zé Pretinho estava ficando louco levaram o assunto ao chefe, afirmando que o que Zé Pretinho fazia aqueles coisas, mesmo sem eles estarem presentes, apenas espiavam, e eles não tinham dúvidas, o Zé Pretinho estava ruim da bola, e que o chefe o encaminhasse ao “INPS”, para uma possível aposentadoria.

Mas se o Zé Pretinho era bastante esperto fazendo-se de louco, na finalidade de adquirir a sua tão sonhada aposentadoria, muito mais esperto era o chefe da repartição, pois de forma alguma, não acreditava que aquele homem o Zé Pretinho estava mesmo enlouquecendo.

O chefe chegou a dizer aos seus subordinados que, só acreditava que o Zé Pretinho estava mesmo enlouquecendo, se ele um dia chegasse lá na repartição rasgando dinheiro e comendo cocô de gente.

Mas com todo a psicologia que tinha o chefe jamais imaginou que em uma das salas da repartição, o Zé Pretinho ouvia tudo o que ele dizia ao seus comandados.

Já ciente que se chegasse na repartição rasgando dinheiro e comendo cocô de gente o seu chefe o encaminharia até ao “INPS”, para cuidar do seu direito, no dia seguinte, o Zé Pretinho chegou à repartição, e antes que iniciasse as suas obrigações rotineiras, puxou do bolso uma cédula de mil cruzeiros, rasgou-a em pedacinho miudinhos na presença do chefe e dos colegas. E em seguida, fez o mesmo com um cocô seco, e comeu.

O chefe ao presenciar isto, notou que o Zé Pretinho estava mesmo maluco, e teria dito diante de todos os seus subordinados: "- Já vi que o Zé Pretinho está mesmo maluco".

Logo cuidou de encaminhar o Zé Pretinho até ao “INPS”, informando aos agentes da repartição que, o mesmo estava maluco. E pelo o que ele presenciou não era nem necessário fazer exames comprobatórios. O homem estava mesmo com a bola desequilibrada.

Era tudo o que o Zé Pretinho queria, aposentar-se antes de completar o tempo certo. As suas artimanhas foram consideradas.

Em anos passados, quem não usava as suas espertezas para tirar proveito do “INPS” ficaria sem benefícios, e a aposentadoria só depois que completasse a idade certa, sem faltar um só mês.

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Se você não gostou da minha historinha não diga a ninguém, deixa-me pegar outro.

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