Por José Mendes Pereira
Em anos
remotos o “INPS - Instituto Nacional de Previdência Social” hoje “INSS”, tendo
este mudado de nome por várias vezes, era muito desorganizado, e por falta de
administração ou controle, não sei, muita gente adquiriu a sua aposentadoria
usando diagnósticos falsos, quando era aposentado por qualquer motivo, até
mesmo sendo beneficiado com um simples corte em uma mão, ou em um pé, enfim,
para ter direito a benefícios tudo era válido, e uma das aposentadorias ou
benefícios mais fáceis era para aqueles que trabalhavam na produção do sal, o
chamado salineiro, que alguns metiam a picareta em um dos dedos dos pés, ou
mesmo na canela, corria até ao “INPS”, e já estava assegurado por um bom tempo,
o chamado benefício por acidente, vez que ninguém consegue trabalhar em
colheita de sal com ferimentos, além de arder muito, o sal jamais deixará o
ferimento fechar por completo.
Zé Pretinho
era um senhor mossoroense, e que se empregara em uma repartição do governo
estadual já com a idade avançada, na função de auxiliar de serviços gerais, e
além disto, não era um funcionário que tinha interesse pelo seu emprego, e
estava ali, na finalidade de adquirir uma oportunidade para correr com os seus
documentos até ao “INPS”, e lá, lutar pelos seus direitos, já que era um homem velho.
Fez tudo para que desse certo a aprovação da sua aposentadoria, mas tudo era em
vão.
Chegou até
fingir que estava maluco, quando várias vezes, os próprios amigos de trabalho
viram-no falando sozinho, dançando com uma ferramenta nas mãos, como se fosse
uma mulher nos seus braços. Se usava uma enxada, fingia ser um machado que
cortava, uma picareta fingia ser um serrote, se usava um carro de mão, fingia
ser um tonel..., e assim foi tentando enganar o seu chefe.
Como os seus
amigos acreditavam que realmente o Zé Pretinho estava ficando louco levaram o
assunto ao chefe, afirmando que o que Zé Pretinho fazia aqueles coisas, mesmo
sem eles estarem presentes, apenas espiavam, e eles não tinham dúvidas, o Zé
Pretinho estava ruim da bola, e que o chefe o encaminhasse ao “INPS”, para uma
possível aposentadoria.
Mas se o Zé
Pretinho era bastante esperto fazendo-se de louco, na finalidade de adquirir a
sua tão sonhada aposentadoria, muito mais esperto era o chefe da repartição,
pois de forma alguma, não acreditava que aquele homem o Zé Pretinho estava
mesmo enlouquecendo.
O chefe chegou
a dizer aos seus subordinados que, só acreditava que o Zé Pretinho estava mesmo
enlouquecendo, se ele um dia chegasse lá na repartição rasgando dinheiro e
comendo cocô de gente.
Mas com todo a
psicologia que tinha o chefe jamais imaginou que em uma das salas da
repartição, o Zé Pretinho ouvia tudo o que ele dizia ao seus comandados.
Já ciente que
se chegasse na repartição rasgando dinheiro e comendo cocô de gente o seu chefe
o encaminharia até ao “INPS”, para cuidar do seu direito, no dia seguinte, o Zé
Pretinho chegou à repartição, e antes que iniciasse as suas obrigações
rotineiras, puxou do bolso uma cédula de mil cruzeiros, rasgou-a em pedacinho
miudinhos na presença do chefe e dos colegas. E em seguida, fez o mesmo com um
cocô seco, e comeu.
O chefe ao
presenciar isto, notou que o Zé Pretinho estava mesmo maluco, e teria dito
diante de todos os seus subordinados: "- Já vi que o Zé Pretinho está
mesmo maluco".
Logo cuidou de
encaminhar o Zé Pretinho até ao “INPS”, informando aos agentes da repartição
que, o mesmo estava maluco. E pelo o que ele presenciou não era nem necessário
fazer exames comprobatórios. O homem estava mesmo com a bola desequilibrada.
Era tudo o que
o Zé Pretinho queria, aposentar-se antes de completar o tempo certo. As suas
artimanhas foram consideradas.
Em anos
passados, quem não usava as suas espertezas para tirar proveito do “INPS”
ficaria sem benefícios, e a aposentadoria só depois que completasse a idade
certa, sem faltar um só mês.
Minhas Simples
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