A fim de
traçar seu destino, Luiz Gonzaga, aos 17 anos, mudou-se para Fortaleza, onde
sentou praça no 23º Batalhão de Caçadores (23º BC), atual Batalhão Marechal
Castelo Branco, a 5 de junho de 1930, sendo conhecido pelos colegas de farda
como “Recruta 122”.
Logo depois,
estourou a Revolução de 1930 nos Estados do Rio Grande do Sul, de Minas Gerais
e da Paraíba. Luiz foi transferido para o 22º Batalhão de Caçadores, em João
Pessoa, para combater os revoltosos na cidade de Sousa (PB) e, em seguida,
movimentado para o 25º Batalhão de Caçadores, em Teresina, para lutar na
revolução no interior do Ceará e Teresina.
No Piauí,
conseguiu engajamento e foi para o centro-sul do País: Rio de Janeiro, Belo
Horizonte, Campo Grande e, finalmente, Juiz de Fora, no então 10º Regimento de
Infantaria, onde ganhou fama no Exército e o apelido de “bico de aço”, pela
habilidade como corneteiro.
“Eu fui
soldado durante nove anos e eu sentia naquele meio um engrandecimento muito
grande para com a minha pessoa. Eles me chamavam para cantar para eles e eu me
apresentava diante de vinte, trinta generais, cantando coisas do sertão, porque
militar gosta muito de música que decanta o trabalho, a força, a coragem, a
capacidade de desenvolver a terra, tudo que minha música cantava. Uma vez eu
cantei para Castello Branco numa festa grande que houve em Fortaleza. No final,
ele me cumprimentou e disse: ‘gosto muito de você, Luiz’”, narrou Luiz Gonzaga,
no livro da jornalista Regina Echeverria, Gonzaguinha e Gonzagão, Uma História
Brasileira.
Em seu livro
“Luiz Gonzaga, o Rei do Baião”, o autor José de Jesus Ferreira relata alguns
trechos marcantes da passagem do sanfoneiro pelo Exército. “Sua permanência nas
fileiras do Exército foi pontilhada de constantes movimentações. Nos princípios
de julho de 1930, ainda com as insígnias da unidade cearense cingidas na
túnica, participou, sob o comando do coronel Pedro Ângelo, de algumas incursões
a municípios sertanejos, como Princesa e Cajazeiras, na Paraíba, e Cariri, no
Ceará. A partir de outubro daquele ano, com a explosão do movimento
revolucionário, liderado pelos Estados do Rio Grande do Sul, de Minas Gerais e
da Paraíba, e a consequente deposição do presidente Washington Luís, o pracinha
Gonzaga, já militarmente aprimorado, deixou as fronteiras cearenses".
Em 27 de março
de 1939, entretanto, recebeu a sua baixa no Exército, depois que foi sancionada
uma lei que impedia o reengajamento de cabos e soldados com mais de dez anos de
atuação. Por conta disso, partiu rumo ao Rio de Janeiro, com a intenção de
poder voltar para casa.
Luiz Gonzaga
ficou no Batalhão de Guardas do Rio de Janeiro, enquanto aguardava um navio
para Pernambuco, e foi aconselhado por um soldado sobre a possibilidade de
ganhar dinheiro por sua habilidade.
Em 1940,
passou a apresentar-se em programas de rádio como calouro. Com repertório
variado, que ia desde músicas estrangeiras, que lhe renderam críticas, às
músicas populares brasileiras. Mas foi a partir de suas músicas, algumas
compostas em parceria, que o “Lua”, apelido dado pelo então radialista Paulo
Gracindo, que o sanfoneiro arretado conseguiu sucesso.
Em 1949, Luiz
Gonzaga é consagrado o Rei do Baião, gênero que praticamente introduziu e
divulgou no centro-sul do País.
A partir dos
anos 80 do século XX, algumas iniciativas foram adotadas no intuito de
reconhecer o homem e a arte de Luiz Gonzaga do Nascimento, insigne brasileiro
nordestino.
O Exército
Brasileiro, em 1982, lhe concede a Medalha do Pacificador, em 2001, in
memorian, o homenageia com uma placa, com a réplica da corneta usada à época no
23º BC e com a cópia do Boletim de Incorporação pelo Comando Militar do
Nordeste, e, em 2006, por proposta do Comando Militar do Nordeste, o Comandante
do Exército lhe outorga, post mortem, a Medalha da Ordem do Mérito Militar, que
foi entregue a irmã, Francisca Gonzaga.
Fonte: site do Exército Brasileiro
Ruy Lima – 18/12/2018
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