Por Luiz Serra
Uma relíquia
do baú pessoal, não reparar a gramática da época para uma criança de 10 anos de
idade.
Ao chegar
minha primeira década de vida, meu pai, Antônio Serra, comerciante português,
fazia um papel de incentivador primeiro da literatura portuguesa: lia muito
autores lusos do quilate de Júlio Diniz, Eça de Queiroz, Camilo Castelo Branco,
Alexandre Herculano, e exigia que eu guardasse algumas quadras de um canto de
Camões, do Os Lusíadas, Canto VII, da chegada da frota a Calecut, que versa
pelas viagens dos portugueses por “mares nunca dantes navegados”.
Com a
possibilidade de oferta de cópias no mimeógrafo do Salão Paroquial da Igreja Nª
Sª do Loreto, da Freguesia, Jacarepaguá, Rio, aventurei-me precoce e
ousadamente a criar um jornalzinho, logicamente para surpresa agradável
paterna. A Santa padroeira dos aviadores, no dia do aviador, 23 de outubro, por
vários anos registrei no jornalzinho a presença do Brigadeiro Eduardo Gomes e
comitiva, na missa evocatória.
O conteúdo
anunciava eventos do grêmio estudantil, fatos cívicos e festejos inerentes à
Igreja, para compensar a gratuidade do mimeógrafo, aliás, prática ainda
recorrente hoje na ‘grande’ imprensa, nada de novo. Na segunda página, a
saudação ao padroeiro da cidade do Rio de Janeiro, São Sebastião, que no mês se
comemorava.
Na mostra está
o número 2, de janeiro de 1964. A primeira edição em número de 100 exemplares,
vendidos a CR$1,00; quando chegou a 10ª edição alcançou os 160 exemplares, um
“recorde” para o segmento de micro imprensa! Uma versão citadina do cordel
sertanejo.
As edições da
publicação hebdomadária seguiram-se até ao segundo ano, quando o editor logrou
ser aprovado para o Colégio Pio XII, no Centro do Rio, tradicional educandário
fundado por D. Pedro II, aí será outra história.
Página 1 da 5ª edição.
Página 2 da 5ª edição.
Pintura
de Andre de Court, a Igreja de Na Sa do Loreto, no Outeiro da Pena, na
Freguesia, anos sessenta.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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