Por Antônio Correa Sobrinho
A história do
banditismo no sertão do Nordeste do Brasil, conhecido por CANGAÇO, imperante de
anos do século XIX a meados do século XX, tem registrado em seus anais a
atuação de notáveis bandoleiros, como Cabeleira, Jesuíno Brilhante, Antonio
Silvino, Luiz Padre, Sinhô Pereira, Virgulino Lampião, Sabino, Corisco, e
também os cangaceiros ANTONIO MATILDE e os IRMÃOS PORCINO, estes últimos,
iniciadores, preceptores, mestres daquele que veio a se tornar o mais célebre
dos cangaceiros que existiram no Brasil, considerado o “rei do cangaço”, o já
acima citado VIRGULINO LAMPIÃO.
Fui buscar Antonio Matilde e os filhos de Porcino Cavalcanti de Lacerda, Antonio, Manuel, Pedro, gente das terras alagoanas, a fim de compor a coleção de textos que ora apresento, nos jornais pernambucanos, Diário de Pernambuco, A Província e o Jornal do Recife, e, um único informe, no diário carioca A Noite, publicações estas disponibilizadas na hemeroteca digital da Biblioteca Nacional.
Detalhe: reuni
somente as notícias e comentários trazidos a lume pelos sobreditos periódicos,
nas datas contemporâneas ou relativamente próximas aos episódios dos quais
fizeram parte Antonio Matilde e os irmãos Porcino, para, com isso, proporcionar
ao leitor os primeiros escritos, as iniciais formulações históricas dos
momentos germinais do cangaço produzido por Lampião.
Antônio Correa
Sobrinho
São relatos
onde se percebe, nas entrelinhas, o quão isolado e abandonado, pobre e
desvalido encontrava-se o sertão nordestino naqueles remotos anos, terminais do
Império e iniciais da República, tempo de secas prolongadas e fome epidêmica,
condição esta, em boa parte, resultante da inexistência, ali, do Estado
verdadeiramente promovedor de justiça e progresso, cultor do bem-estar social,
cuja presença meramente formal, simbólica, omissa, seletiva, interesseira,
terminou por transformar o adusto rincão nordestino num campo fértil de
banditismo e messianismo, expressões de dor e sofrimento, brado de desespero de
um povo.
Podemos também
imaginar, lendo estes pequenos artigos, o que poderia não ter sido a vida
cangaceira de Lampião, tão abrangente e impactante, caso ele tivesse deixado o
cangaço, como o fizeram os seus sobreditos comandantes, Luiz Padre e Sebastião
Pereira, bem como os seus monitores Antonio Matilde e os irmãos
Porcino. Ao preferir continuar trilhando os caminhos da criminalidade
organizada, o que o fez até às últimas consequências, Lampião terminou por
herdar destes seus maiorais, um sem número de figadais inimigos, perseguidores
vorazes e contumazes, ávidos por extirpá-lo da face da terra; como se não lhe
bastassem os seus originais inimigos e os seus algozes das volantes. Lampião
que terminou, por um lado, alastrando e agravando a grave e perniciosa doença
social; e por outro, dizendo aos quatro cantos do mundo e do Brasil, com sua
espetaculosa e beligerante atuação, ainda que de forma reflexa, inconsciente,
da existência de uma nação chamada Sertão.
Outras coisas
mais podemos retirar desta leitura. Agradecendo sempre ao meu filho
Thiago, pela capa e diagramação, encerro a apresentação do E-book, pensando
estar contribuindo
Disponível em
PDF, gratuitamente: www.antoniocorreasobrinho.com
Aracaju,
dezembro de 2019.
Antônio Corrêa
Sobrinho
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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