Por João Filho de Paula Pessoa
Marcamos passo e depois ficamos em posição de sentido. Sabemos regularmente: temos o francês para os romances, umas palavras inglesas para o cinema, outras coisas emprestadas.
Apesar de tudo, muitas vezes sentimos vergonha da nossa decadência. Efetivamente valemos pouco.
O que nos consola é a ideia de que no interior existem bandidos como Lampião. Quando descobrirmos o Brasil, eles serão aproveitados.
E já agora nos trazem, em momentos de otimismo, a esperança de que não nos conservaremos sempre inúteis.
Afinal somos da mesma raça. Ou das mesmas raças.
É possível, pois, que haja em nós, escondidos, alguns vestígios da energia de Lampião. Talvez a energia esteja apenas adormecida, abafada pela verminose e pelos adjetivos idiotas que nos ensinaram na escola.
Graciliano
Ramos - Artigo para o Semanário Ilustrado de Alagoas, nº 3, de 1931. João Filho
de Paula Pessoa, Fortaleza/Ce. 15/01/2020.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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