Região dos
índios Pankararé, cheia de mistérios, lendas e sob a proteção dos guardiões
“encantados”, onde Lampião encontrou o seu refúgio ideal, uma espécie de
santuário guerrilheiro, no qual descansava de suas idas e vindas, cansado das
léguas tiranas do sertão. Um aspecto deve ser ressaltado:
Lampião não invadiu o
território dos índios Pankararé, não impôs o seu estilo de vida e nem
desorganizou os costumes ancestrais da tribo. Ao contrário. Os índios Pankararé
convidaram-no e ao seu grupo de cangaceiros para que transformassem o Raso da
Catarina num abrigo seguro contra as perseguições policiais. O convite feito
pelos índios e aceito por Lampião, demonstra que houve uma perfeita identidade
cultural entre as duas partes.
A correspondência cultural e o nível de
confiança entre os Pankararé e Lampião tornaram possível que o Raso da
Catarina, mais precisamente onde está localizado o desfiladeiro de Trindade, se
transformasse numa retaguarda segura e num ponto de apoio logístico de extrema
importância para o chefe guerrilheiro. Durante quase uma década , Lampião e seu
bando tiveram a proteção, o apoio e a inabalável lealdade dos Pankararé.
Dadá,
viúva de Corisco e uma das sobreviventes do ciclo do cangaço, declarou que o
melhor período de sua agitada vida no cangaço foi passado no Raso da Catarina.
Disse ela: “Aquilo é que foi uma maravilha ... Não faltava nada. Todo dia tinha
caça para comer, era cutia, tatu, peba, caititu. Do mato eles traziam as
plantas para a gente fazer remédio e comer ... Hoje, quando ouço falar que o
povo por lá passa fome, não acredito. Naquele tempo, no Raso, ninguém morria de
fome. Só de tiro.”
Do livro:
Sertão Sangrento - Luta e Resistência
De: Jovenildo Pinheiro de Souza
De: Jovenildo Pinheiro de Souza
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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