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sábado, 18 de janeiro de 2020

O CANGAÇO NÃO FOI MERCENARISMO*


Por Raul Meneleu

O cangaço não pode ser confundido com o mercenarismo da capangagem a serviço dos coronéis locais, se bem que geralmente os coronéis aliavam-se com cangaceiros para suas investidas contra seus inimigos.

O capanga era subalterno do coronel ou de quem lhe pagasse, já o cangaceiro era um aliado momentâneo com propósitos definidos e eram a expressão de uma barbárie hereditária numa região atrasada; como um banditismo que impõe suas próprias leis, face à carência dos poderes públicos e à ausência de uma justiça imparcial na região, constituía-se de um banditismo de vingança e honra, uma revolta dos pobres contra o sistema latifundiário.

O cangaço foi também uma das manifestações que fizeram os autores de História do Nordeste se situarem quando se tratou de construir uma nação "moderna". É igualmente um dos fenômenos dos quais os representantes do poder se serviram para forjar essa nação, de acordo com representações que elaboravam.

Casarão do coronel Isaías Arruda ainda de pé em Missão Velha. (Foto: Antonio Rodrigues).

* Trecho do meu mais novo livro que breve estará à disposição dos amigos. (LAMPIÃO, Nordeste: Coronéis, Capangas e Jagunços).


http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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