Por José Mendes Pereira
Este é o João Ferreira da Silva irmão de Virgolino Ferreira da Silva, o cangaceiro Lampião. Dos cinco filhos homens de José Ferreira da Silva apenas o João não quis entrar para o cangaço. Mas muitos historiadores afirmam que ele tentou entrau no mundo do cangaço, mas Lampião não deixou, dizendo que ele fosse cuidar das suas irmãs e do Ezequiel que ainda era menino.
Mas mesmo não tendo participado da empresa do irmão, João chegou a ser preso, judiado, humilhado, maltratado, e mesmo assim, quando saiu da cadeia, não quis usar nenhum tipo de vingança, como faziam alguns cangaceiros que entraram para o cangaço, devido judiações que os policiais faziam com os seus pais, parentes e aderentes.
João Ferreira não quis ser chamado de gatuno, ladrão, salteador, larápio, ou outra coisa parecida, e por isso, decidiu seguir o mundo desejado pelos bons, ser um homem do bem, honesto, apesar de que na época do cangaço era favorável aos malfeitores. Livrando-se de balas enviadas pelas volantes, ou sendo capturados, não respondiam severamente pelos seus atos, e depois, estava na rua novamente, o que não podia era repetir a dose. Tudo era "mar de rosas". Os únicos cangaceiros que passaram muitos tempos na cadeia, foram Antonio Silvino e Volta Seca.
Também àquela vida embrenhada às maltas não era o seu desejo, correndo a todo o momento, castigado pelo o sol, poeiras, dormindo sem nenhum conforto, fome e mais fome. Sob um teto, já não levava uma vida boa, vivendo num mundo de sofrimentos, sem nenhuma ajuda de governo, só problemas e mais problemas. E no cangaço? O melhor seria mesmo seguir o que muitos sertanejos querem na vida, que é tranquilidade, ser honrado, paz e mais nada.
Este era o desejo do irmão do cangaceiro capitão Lampião, trabalhar e viver honestamente, sem ser preciso ter que ficar sob os olhares da justiça ou da polícia militar. Construir uma família e ensiná-la a viver com dignidade, amiga de todos e do mundo. Seguir os conselhos em forma de ensinamentos do velho Ferreira, seria o mais importante para o João Ferreira dos Santos. O mundo dos horrores não era a sua praia e nem uma boa opção.
João Ferreira ainda não tinha perdido nenhum irmão na guerra cangaceira, mas sabia, que quem entra para o crime, um dia chegará a sua hora, de ser assassinado, ou preso pelas forças do governo, ou até mesmo ser morto pelos seus próprios companheiros, causado por fuxicos, rixas, ódios, mentiras, invejas, intrigas etc.
E o João bateu o martelo! Vontade tinha, mas não iria ser cangaceiro. Os seus irmãos que não souberam suportar as críticas e as pressões dos seus perseguidores, por último eram alvos da justiça, da desgraça, da infelicidade, da intranquilidade, das perseguições policiais etc.
O João via o passado naquele pequena fazenda do pai, sentia na pele tudo o quanto o Zé Saturnino fez com contra toda a família, mas maiores eram os poderes de Deus. Mesmo constrangido interiormente com os desafetos do seu vizinho, não iria perder o rumo da vida.
Uma das coisas que muito lhe incomodava, era a maneira que os seus irmãos tentavam calar a boca dos perseguidores, além das mortes, usando a desonestidade. E ele não nascera para esta prática. Não iria manchar o seu nome, fazendo roubos, assaltos e mortes, que muitas vezes eram desnecessários.
Finalmente, o João escolheu o que era bom para ele. Viver com dignidade era o seu lema. Mesmo estando mortos, não iria envergonhar os seus pais José Ferreira da Silva e Maria Sulena da Purificação, a Maria Lopes, os quais sofreram muito para criá-lo, e tinha que retribui-los, fazendo o bem, e não o mal. Com toda pobre, ele tinha que ser um homem da paz e honesto. Os horrores não lhes satisfaziam".
Nota: Alguns fatos são verdadeiros, mas outros que escrevi não tem nenhum valor para a literatura cangaceira. É apenas na minha imaginação.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário