Por José Cícero da Silva
Em julho de
1928 o cel. Isaías Arruda recebeu em seu palacete a equipe do jornal Gazeta do
Cariry para uma histórica entrevista*
Em meados de
julho de 1928 menos de um mês antes do seu terrível assassinato ocorrido na
estação do trem de Aurora; o famoso Cel. Isaías Arruda de Figueiredo, então
prefeito de Missão Velha recebia em seu belo casarão, dois jornalistas do
antigo jornal A Gazeta do Cariry para uma palpitante entrevista.
Conhecido a
priori por ter destituído do poder local pelas forças das balas, o intendente cel. Sr. Dantas; Arruda vinha sendo acusado igualmente pela imprensa por uma
série de outras estripulias, dentre as quais por ser tido como protetor de jagunços e cangaceiros, por ser implacável com seus inimigos e seu suposto
envolvimento com Virgulino Lampião. Inclusive ter financiado a invasão
malograda de Mossoró no ano anterior. Como ainda, está sendo acusado de ter
ordenado seu bando sob o comando do capataz e vaqueiro a incendiar a ponte do
trem da RVC; situada no Olho d'água entre a vila de Ingazeiras e Missão Velha.
Pesava também sobre ele, a acusação de participação financeira no saque de
alguns povoados na PB e da cidade de Apodi no RN sob o comando do cangaceiro
Massilon Leite, antes do ataque à Mossoró. Algo que ele negava veementemente.
Contudo, muitos dos cangaceiros presos e que tomaram parte da empreitada o
acusavam em depoimento como financiador de tais eventos. Diziam ainda, está o
mesmo envolvido em outros acontecimentos criminosos registrados não apenas no
Cariri. Quanto a isso foram pródigas as prisões de bandoleiros como Baliza, Lua
Branca, Mormaço, João vinte e dois, Asa Branca, Balão, Salgueiro entre outros.
Nos dias que
antecederam esta entrevista o coronel mandara recado desaforado ao seu desafeto
o tenente José Bezerra, chefe do destacamento de polícia de Juazeiro. Por
aquele ter enviado dias antes à MV no meio da noite dez soldados sob o comando
do tenente Antonio Leite, a fim de prender um dos seus protegidos, de nome João
Serra que também ajudava na estação ferroviária. E que não o encontrando em
casa terminaram espancando violentamente um outro também empregado de Isaías;
apelidado de Zé Pequeno, por sinal cunhado do procurado. Vale ressaltar que os
serviços de ajudante geral de João Serra na estação do trem eram fundamentais,
algo estratégico já que tudo que ali ele via e ouvia de notícias logo repassava
para o coronel. De modo que quase nada acontecia pela redondeza que ele não
fosse do conhecimento de Isaías.
Na referida
entrevista Arruda se ressente também da prisão de dois amigos seus: Manoel
Salgueiro e Pedro de Rita que ao chegarem à Juazeiro de Troller pela linha
foram presos e espancados, sem motivo dentro da prisão . Segundo ele, por ordem
ilegal do delegado José Bezerra querendo afrontá-lo através dos seus amigos e
serviçais.
Dissera ele: -
Diga ao tenente José Bezerra que eu não sou Chico Chicote não. Eu não temo nem
o diabo. E concluiu: - Por que não veio ele mesmo aqui pra tentar buscar e
prender João Serra e Antonio Pneu?
O coronel em
defesa de alguns dos seus cabras presos afirmava que os mesmos eram inocentes e
que só pegaram em armas quando integraram o "Batalhão patriótico"
para combater a coluna Prestes ou Lampião durante o cerco da fazenda Ipueiras
de Aurora. Alguns outros por ocasiao da tomada do poder em MV. no ano de 1925..
Também elogiou o capitão Dourado, na época delegado de polícia local dizendo
ser um homem de energia e retidão.
Ao ouvirem as
batidas do sino da primeira estação que era mais distante dando conta da
proximidade do trem os jornalistas enceraram a entrevista. Solícito e afável o
coronel os acompanhou até a calçada do casarão.
Júnior Arruda,
Ringo, Antonio, Macedônia e Jusefina eram os irmãos do coronel. Como dona
Estelita sua esposa e Orlandina sua filha.
JC.
Com informes:
Gazeta do
Cariry.
Leituras
diversas e da internet.
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