Por Valdir Nogueira
Quem chega a Piranhas, uma pequena cidade alagoana erguida às margens do Rio São Francisco, tem a nítida sensação de que o tempo parou. O silêncio domina as poucas ruas enladeiradas, construídas no século 18, e parece dialogar com as águas densas do Velho Chico, a tranqüilidade ali parece não ter fim.
O nome Piranhas parece estranho no primeiro momento, mas depois de conhecer a cidade ribeirinha do Rio São Francisco, o nome deixa de ser exótico e se observam as belezas arquitetônicas e históricas do lugar. Antes de ter esse nome, o local era conhecido como Tapera e conta uma lenda que Piranhas foi devido a um caboclo que pescou um enorme exemplar deste peixe. Então, a partir do século XVIII, a região passou a ser chamada de Arraial de Piranhas e, em 1887, Piranhas era emancipada politicamente, tornando-se uma das cidades mais importantes do Baixo São Francisco.
Nome à parte, Piranhas é palco de vários fatos importantes na história brasileira. Entre eles, pode-se destacar a visita do Imperador Dom Pedro II, em 1859; a construção da ferrovia que ligava Piranhas a Jatobá, movimentando a economia e desenvolvendo a região, que foi desativada em 1964 por ordem militar; e a morte de Virgulino Ferreira da Silva, o famoso Lampião “Rei do Cangaço”.
Comandada pelo tenente João Bezerra da Silva, partiu de Piranhas a diligência policial que, em 28 de julho de 1938, pôs fim a vida do Rei do Cangaço, na Grota de Angico, município de Poço Redondo, em Sergipe. E foi na escadaria em frente à Prefeitura de Piranhas que foram expostas pela primeira vez as cabeças de Lampião, sua amada Maria Bonita e outros nove cangaceiros.
Várias peças da época do cangaço estão expostas no Museu do Sertão, montado no prédio da antiga estação ferroviária, construída em 1879, e que tem em seu quadro de funcionários um dos policiais que participaram da emboscada na Gruta de Angico. A beleza criada pela junção das paisagens natural e construída fez de Piranhas uma das locações mais cobiçadas do cinema nacional. Lá, foram rodados Bye Bye Brasil, de Cacá Diegues (1979), Baile perfumado, de Lírio Ferreira e Paulo Caldas (1997), e dezenas de curtas que tomam partido da onipresente luz solar e do peculiar cenário do entorno.
Essa bela cidade sediou entre os dias 28 a 31 de julho mais um Seminário do Cariri Cangaço, evento significativo no estudo do cangaço, que envolveu de todas as partes do Brasil estudiosos, formadores de opinião, escritores, agentes culturais, professores, estudantes e demais aficionados com o referido tema. Pequena, mas com muitos atrativos. Visitar Piranhas é conhecer uma parte importante da história do Brasil e deslumbrar-se com as belezas arquitetônicas e naturais deste belo pedaço de chão nordestino.
Valdir José Nogueira de Moura, Conselheiro Cariri Cangaço
Cariri Cangaço Piranhas 2022
https://cariricangaco.blogspot.com/2022/08/piranhas-bela-cidade-que-possui.html
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