Clerisvaldo B. Chagas, 9 de janeiro de 2023
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.825
Voltando ao assunto dos carroceiros, carroça, burras e cavalos, sai a notícia de um cavalo morto no trânsito. E foi dada aqui a sugestão de acabar com esses animais de tração no trânsito da cidade pequena, média ou grande. Muitos desses animais que circulam com carroças em capitais, não têm condições de saúde nenhuma. O peso excessivo, a jornada de trabalho, os ferimentos profundos, a má alimentação, além dos maltratos dos donos, faz dessas capitais terras de desprezo à vida não humana, à vista de inúmeras autoridades que não enxergam. Em pleno século XXI, quando tudo progride, ainda encontramos nas ruas a cruel escravidão animal. No interior, os preferidos para a carroça são as burras, geralmente bem alimentada, mas que não deixam de sofrer excesso de peso e muito ‘currião” no lombo, a troco de nada, apenas pelo hábito de bater.
Na capital é o cavalo magricela do mangue, em que vemos a hora de uma queda e morte súbita. Vivemos com os animais, a mesma situação em que vivíamos com escravos negros do passado. Simplesmente a proteção aos animais parece não existir nem nas capitais nem nos interiores. Voltamos a sugestão apontada antes, associação de carroceiros, financiamento para compras de veículos que possam substituir a carroça animal, treinamento e regras. Tudo financiado e orientado por órgãos públicos com assistência jurídica. Aposentar e cuidar dos animais libertos da carroças com a assistência veterinária mantida pelo estado.
Quanto a própria carroça, é verdadeira obra-de-arte de artesão tanto do interior quanto das capitais que também possuem suas fabriquetas de carroças e reboques. O problema não é a arte da gaiola, mas sim, da finalidade. Tudo depende das mãos em que vai cair a carroça. Os usuários deste transporte de carga da zona rural, tratam muito bem os seus animais de tração. Tratam burros, jumentos e burras, com a mesma dedicação ao boi de carro, muito embora a presença de veterinários seja coisa rara. E afinal, todos querem ganhar a vida e sustentar a família, mas o egoísmo, a ignorância, a falta de ajuda e orientação de quem deveria chegar junto, fazem com que a vida bruta do carroceiro não evolua, nem no interior nem na capital.
CARROÇA EM TRÂNSITO NA PERIFERIA (FOTO: B. CHAGAS)
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