Por Manoel Belarmino
A Beata Maria
Bárbara Binga, nasceu em 1917, na aldeia de Brejo dos Padres, no Território dos
Pankararu, que abarca partes dos municípios de Tacaratu, Petrolândia, Itaparica
e Jatobá, em Pernambuco. Além do Brejo, há outras comunidades como Tapera,
Serrinha, Marreca, Caldeirão, Bem-Querer e Cacheado. Quase 4 mil índios vivem
ali atualmente.
Maria Bárbara
Binga nasceu e sempre morou no Brejo dos Padres, embora viajasse com frequência
para cumprir obrigações religiosas e rituais, chegando a fazer peregrinações a
pé ao Juazeiro do Norte, no Ceará.
Segundo
Cláudia Mura, doutora em antropologia pelo Museu Nacional e professora da
Universidade Federal de Alagoas, a beata Maria Bárbara Binga fundou um grupo de
penitentes, na década de 1940, e costumava hospedar o beato Pedro Batista em
suas passagens pela aldeia do povo Pankararu.
Embora a
irmandade feminina dos Penitentes tivesse por um tempo a oposição dos homens,
os romeiros se fortaleceram diante das famílias promotoras dos rituais de
tradição indígenas. Os homens penitentes, após a morte de Maria Bárbara,
incentivaram a continuação das romeiras.
A beata Maria
Bárbara ainda hoje é lembrada pelos seus atos de caridade, humildade e por não
ter preconceitos. A beata promovia novenas, rezas, romarias, a festa de Nossa
Senhora da Boa Morte e cuidava da Igreja de Santo Antônio, padroeiro dos
Pankararu, na aldeia, porém ela nunca descuidou das obrigações e rituais para
com os encantados cultuados pelos seus ancestrais.
A relação da
beata com o conselheiro e Beato Pedro Batista de Santa Brígida e Madrinha Dodô
facilitou a era dos conselheiros; época em que Pedro Batista e a madrinha Dodô
atendiam os indígenas, dando orientações sobre como solucionar questões
diversas e implantando valores morais para regular a vida naquela sociedade. A
presença de Batista estimulou romarias espontâneas em busca de bênçãos e
conselhos.
Ainda, nos
tempos atuais, os indígenas levam beiju e frutas para distribuir entre os que
zelam pela obra dos beatos da Santa Brígida.
No quarto onde
o padrinho Pedro Batista passou os últimos anos de vida está uma imagem de um
ser encantado Pankararu.
O catolicismo
popular, arraigado na cultura Pankararu, através dos santos impostos pelos
padres católicos, convive com um universo de encantamentos e os praiás, entes
que se manifestam nos rituais e nas festas. Eles encarnam em pessoas vestidas
com coberturas feitas com fibras de caroá.
Maria Barbara
Binga foi a pé três vezes ao Juazeiro do Norte.
A beata
morreu, em 1993, aos 76 anos, na aldeia Brejo dos Padres, Território dos
Pankararu.
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