Por José Mendes Pereira
Sérgia Ribeiro
da Silva[1] mais
conhecida como Dadá (Belém do São Francisco, 25 de
abril de 1915 — Salvador, 7 de
fevereiro de 1994), foi uma cangaceira -
única mulher a usar fuzil no bando de Lampião.[2]
Biografia e Origem.
Nasceu em
Belém do São Francisco, onde viveu seus primeiros anos de vida e teve algum
contato com índios. A família muda-se para Macururé,
na Bahia,
onde é raptada aos doze anos por Corisco (Cristino
Gomes da Silva Cleto) - apelidado de Diabo Louro, de quem seria prima.
Ingresso no
cangaço
Com 12 anos de
idade foi violentada pelo cangaceiro Corisco, sua defloração foi tão violenta
que lhe causou hemorragia e ela quase morreu. Passou três anos de sua vida na
casa dos parentes de seu estuprador, pois não podia voltar para casa. Quando
mulheres puderam entrar no cangaço, com a entrada de Maria Bonita, ela se
juntou ao cangaço.
A relação, que
começara instintiva, transforma-se com o tempo. A vida nômade, seguindo o
companheiro, que era o segundo homem na hierarquia do bando, a chegada dos
filhos fez com que, mais que uma amante, Dadá se tornasse a companheira de
Corisco, com quem, ainda no meio das lutas, veio a se casar.
Tiveram sete
filhos, que eram ocultamente deixados em casas de parentes para serem criados.
Destes, apenas três sobreviveram.
O bando de
Lampião dividia-se, como forma de defesa, em partes menores, a mais importante
delas era justamente a chefiada por Corisco. A esposa tinha uma pistola, que
ele dera, para sua defesa pessoal, e também lhe ensinou a ler, escrever e
contar.
Num dos
ataques feitos pelas volantes (em outubro de
1939, na fazenda Lagoa da Serra em Sergipe),
o Diabo Louro é ferido em ambas as mãos, perdendo a capacidade para
atirar. Dadá, então, torna-se a primeira e única mulher a tomar parte ativa - e
não meramente defensiva - nas lutas do cangaço.
Se o marido
era temido como um dos mais violentos bandoleiros, consta que muitas pessoas
tiveram sua vida poupada graças à intervenção de sua companheira. Dadá também
era chamada "Suçuarana do Cangaço".
Morte de
Corisco
Em busca do
cangaceiro Corisco, a polícia castiga o irmão de Dadá, que tinha sido levada
pelo bando. Quem conta essa cruel história é Dona Joana, irmã de Dadá.
Tendo Lampião
sido executado em 1938, Corisco, que estava em Alagoas com parte do bando,
empreendeu feroz vingança. Como seus companheiros tiveram as cabeças decepadas,
e expostas no Museu Nina
Rodrigues de criminologia, na capital baiana, Corisco também cortou a
cabeça de muitas vítimas, então.
O cangaço definhava,
sobretudo pela disparidade de armamentos: os volantes tinham uma arma que os
cangaceiros nunca conseguiram obter: a metralhadora.
A própria Justiça passa a oferecer vantagens para os bandoleiros que se
rendessem.
A 25 de maio
de 1940 Corisco e seu bando é cercado em Brotas de Macaúbas, pela volante do
tenente Zé Rufino. Dissolvera o bando, e abandonara as vestes
típicas, procurando passar por simples retirantes.
Uma rajada da
metralhadora rompe os intestinos de Corisco. Dadá é ferida na perna direita.
O último líder
do cangaço morre dez horas depois do ataque, sendo enterrado em Jeremoabo e,
dez dias após, exumado e a cabeça decepada é enviada ao Museu, junto às demais
do bando.
Prisão
Dadá, colocada
em condições infectas, tem seu ferimento agravado para uma gangrena, que
restou-lhe, na prisão, à amputação quase total da perna. Por essa situação, o
célebre rábula baiano Cosme
de Farias, representa Dadá na Justiça, pleiteando sua libertação, em 1942.
Vida após o
cangaço
Dadá passou a
viver em Salvador, lutando para ver a legislação que assegura o respeito aos
mortos fosse cumprida - e a tétrica exposição do Museu Antropológico Estácio de Lima,[3] localizado
no prédio do Instituto Médico Legal Nina
Rodrigues tivesse fim. Só a 6 de fevereiro de 1969, no governo Luiz
Viana Filho, foi que os restos mortais dos cangaceiros puderam ser inumados
definitivamente - tendo, porém, o museu feito moldes para expor, em
substituição.
Por sua luta e representatividade feminina, Dadá foi, na década de 1980, homenageada pela Câmara Municipal de Salvador. Na Bahia, que tivera Gláuber Rocha e tantos outros a retratar o cangaço nas artes, Dadá era a última prova viva a testemunhar o cotidiano de lutas, dificuldades e, também, de alegrias e divertimentos. Deu muitas entrevistas, demonstrando sua inteligência e desenvoltura. Morreu em Salvador, em 1994.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Dad%C3%A1_(cangaceira)
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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