Clerisvaldo B. Chagas, 6 de março de 2023
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.848
O rio São
Francisco, é belo, extraordinário e surpreendente. Luta contra todas as
pancadas e não aceita morrer. Lembramos de uma viagem a cidade de Piranha para
comermos uma peixada na beira do caudal e fomos surpreendidos. Isso já foi após
a instalação da Usina hidrelétrica do Xingó. Todos reclamavam da escassez de
peixes com a construção da usina. Em lugar algum havia peixada até que nos
indicaram a residência de uma senhora que sempre servia aos de fora como se
fosse uma espécie de quebra-galho. Fomos até lá numa rua central e ladeirosa
que dava para o rio. Comemos a tal peixada, mas a senhora avisava que o peixe
não era do rio São Francisco e nem de Piranhas, viera de longe. No rio não
havia mais peixes. Voltamos tristes com a escassez de proteínas que afeta o
ribeirinho.
FOTO PARA ENCURTAR CONVERSA.
O tempo
passou, o Velho Chico enfrentou crises e mais crises, inclusive em trechos que
poderiam ser atravessados a pé. Vez em quando, as grandes cheias
controladas pelas hidrelétricas e as correrias dos ambulantes que se
estabelecem nos longos areais com o recuo das águas. Construções de tábuas, de
alvenaria, de palhas... Geladeiras, fogões, cadeira e mesas ou descem com as
cheias ou são transportadas às pressas para terra firme. O recuo do rio em
tempos difíceis, a invasão do mar, salgando tudo e até mesmo a penetração de
peixe de oceano pela sua foz, são coisas anotadas nos anais do
rio. Mas agora uma notícia virou manchete e percorreu o Brasil. É
que um pescador conseguiu pescar um peixe estranho e maior do que ele nas imediações
da cidade de Piranhas.
Naquela época, os homens chamavam de “peixão”, à mulher alta, bem feita, bela e sensual. E sobre o pescador da cidade de Piranhas, teve muita sorte ao fisgar um peixe maior do que ele, com mais de dois metros. Trata-se de um bichão chamado Camurupim. Sendo animal de vida oceânica, o danado deve ter entrado pela foz do rio na cidade de Piaçabuçu. E para não falar sobre mentira de pescador, o homem registrou e fotografou o resultado da pesca com seus amigos. Notícia alvissareira que veio logo após a liberação da pesca, presa com a lei da Piracema. Pelo tamanho do troféu, quase que o pescador fisga também uma sereia, isto é, uma “peixona” que bem poderia abrandar sua vista assim como seus óculos escuros. Assim o “peixão” animal e o “peixão” feminino vão fazendo parte da paixão e do imaginário verídico do rio São Francisco.
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2023/03/o-peixao-feminino-e-o-peixao-do-rio.html
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