Seguidores

sexta-feira, 27 de setembro de 2024

NO TEMPO DE MINHA AVÓ.

 Por Rangel Alves da Costa

No tempo de minha avó, outro viver sertanejo, é retrato desbotado, mas que ressurge em Lampejo. Minha avó ali sentada na cadeira na calçada, talvez orando em silêncio ou avistando em memória cada passo da jornada. Marieta Alves de Sá, Maêta pra meninada, esposa de China do Poço, casal na história encravada. 

Se olhasse para trás, logo após a portada, avistaria a cambada de Lampião em sua casa chegada. Avistaria seu esposo em verdadeira encruzilhada, sem saber o que fazer com o rei cangaceiro ao encontrar o vigário ali fazendo pousada. 

Valeu-se da oração, mas também da buchada, quando o cangaceiro e o padre se assentaram pra comer com a fome mais desbragada. Passado esse tempo de medo entre a cruz e o mosquetão, minha avó acendeu vela e num canto ajoelhada, rezou as rezas do mundo e aos santos e anjos se fez ainda mais devotada. Ali em sua calçada revivia tudo isso, ao entardecer sertanejo, ao voejar da passarada, dando a benção a quem passava, e por todos sempre amada.

https://www.facebook.com/photo/?fbid=8705846542768414&set=a.476409229045561

http://blogdomendesemendes.blogspot.com


Nenhum comentário:

Postar um comentário