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quinta-feira, 7 de abril de 2011

Lampião pelo outro lado da luneta Parte II Por: José Cícero

 
José Cicero e Paulo Gastão
 
               quem diga que Lampião só triunfara por tanto tempo devido a sua rede de coiteiros e facilitadores. Ora, mais que estratégia mais inteligente e perspicaz do que esta? Que sacada mais providencial do que a tessitura desta rede de “amigos”, dispersa pelos grotões dos sertões semi-árido adentro?Lampião soube avaliar o exato valor de cada homem do seu tempo. Soube mexer com  a fome de ganância e de poder de cada indivíduo que cruzou o seu caminho. Negociou bem... Por isso galvanizou até mesmo as atenções  dos poderosos, cujo segredo até hoje, manteve-se guardado a sete chaves.

             Ora, que idéia mais admirável do que a de procurar agradar os que tinham verdadeira fome por dinheiro e ouro? Toda a fortuna que captava independente do seu modus operandi era também de certa forma  direcionada(uma cifra considerável) aos que sustentavam aquela formidável e necessária rede de proteção. Tal rede  se estendia desde o mais prosaico  cangaceiros do seu próprio bando indo até o guia ocasional, o coiteiro, o coronel, o soldado e até mesmo o chefe maior de algumas volantes. O cangaço, em especial a partir de Lampião, se transformaria num imenso e lucrativo negócio.

            E como até hoje, os grandes negócios têm sempre os seus grandes investidores. Na época do cangaço lampiônica a coisa não era diferente. Era de fato uma imensa rede de apoiadores interesseiros. Gente em alguns casos, de índole bem pior do que as que compunham a legião sanguinária  de Lampião e os seus subgrupos. Obviamente que tudo isso só poderia ser construído com a mais nobre e fina das inteligências.  E, diga-se de passagem, que todo homem inteligência é, necessariamente, um homem admirável e perigoso. Alguém desconfiado da sua própria sombra.  Um ser da mais absoluta exceção, até mesmo nos dias atuais. Sejamos igualmente inteligentes agora, quando estudamos a história de Lampião. Haveremos  desse modo,  de descobrir coisas  novas e  até mesmo de aprender muito com ele (o Lampião). E por que não?

              Nesta perspectiva de lançar luz sobre esta suposta rede de  apoiadores é que estamos pesquisando fatos bizarros, carregados de estranhamentos, onde possivelmente há fortes indícios de que houve sim a possibilidade de facilitação das volantes para com os cabras de Lampião.   A exemplo do que aconteceu nos curiosos confrontos das volantes com o bando de Lampião na Serra Grande, na Macambira, no sítio Ribeiros de Aurora e, muito especialmente, no chamado fogo da Ipueiras também ocorrido na fazenda do célebre coronel Izaías Arruda de Aurora.
 
 Fazenda Ipueiras de Izaias Arruda em momento do Cariri Cangaço 2010

                Em alguns deles a desproporção era simplesmente absurda, ou seja, 40 soldados para 01 cangaceiro e mesmo assim, Lampião furava o cerco saindo relativamente incólume(sic). O mais curioso é que ainda hoje a  maioria esmagadora dos que há muito pesquisam o cangaço e a história de Lampião  mantém-se enganados. Acreditando piamente apenas na grande sorte de Virgulino ( quem sabe na sua alma de corpo fechado), além da incomensurável capacidade de “preá” do mato. Haveremos, precisamente  de nos posicionar muito além deste convencionalismo cômodo demais para  uma história tão fantástica e mirabolante como a do cangaço em geral  e a de Lampião em particular.

                A propósito, o que dizer da íntima relação de proximidade que havia entre Lampião e o seu coiteiro-mor do Cariri cearense Izaías Arruda. E deste, ser parente do major Moisés Leite de Figueiredo, não por acaso comandante maior de todas as volantes quando da perseguição do bando lampiônico quando da saída às pressas de Mossoró?  Por que o major  comandava de longe? Por que se esforçara tanto junto ao governador Moreira da Rocha para dispensar  as volantes dos demais estados quando estavam tão perto de cercar o bando de Lampião cansado, reduzido, sem munição  e famélico?
 
 A Marcha para Mossoró por Franklin Serrão.

                  O que está por trás do suposto cerco da fazenda Ipueiras em Aurora?  Como se deu na verdade a famigerada tentativa de envenenamento de Lampião? O que disse o vaqueiro Miguel Saraiva encarregado de preparar a comida?  O que Zé Cardoso dissera depois? Em que circunstância se deu a história traição do coronel Izaías Arruda? E como ocorreu na verdade o incêndio no algodoal da Ipueiras? Por que deixaram o corredor do lado do açude velho, para que o bando fugisse? Por que o major solicitara tão poucos soldados? Por que preferiu os cabras(jagunços) do próprio bando do coronel? Onde foi parar o dinheiro que Lampião trazia consigo até o coito da serra dos Cantins, Coxá, Diamante em Aurora. O que falou Zé Gonçalves acerca destes fatos? Por que este discordara do seu antigo chefe?  Quais foram as autoridades que frequentemente visitaram Lampião quando da sua parada(coito)  em Aurora, esperando Izaías voltar da capital?

               Existiu mesmo  a traição? Houve uma tentativa de queima de arquivo? Lampião sabia demais... Tudo não passara de uma grande farsa? Tudo isso haveremos de narrar  em  -  “LAMPIÃO: Antes e Depois de Mossoró”. O cerco da Ipueiras e a suposta traição do coronel Izaías Arruda de Aurora. Enfim, fatos e acontecimentos na sua versão inédita, uma vez que os que pesquisaram e escreveram até agora a história de Lampião, por algum motivo deixaram de assinalar  os acontecimentos da perseguição de Lampião quando da sua marcha dentro do território aurorense em 1927. Tudo isso após a malograda tentativa de invasão da cidade norte-riograndense, cuja trama foi toda ela planejada  na Ipueiras  de Aurora.
 
José Cícero
 
Extraído do blog cariricangaco.com do amigo Severo.

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