Por: Roberto Sávio
José Pereira de Lima
Peço permissão ao ilustre jornalista Anco Márcio, para divulgar no seu site uma entrevista do Coronel Zé Pereira, que foi publicada na Revista “O Cruzeiro” de 08.10.1949, sob a responsabilidade do jornalista José Leal, considerando que os fatos narrados, além de relevantes, são a história legítima da Paraíba e do Brasil, devendo ressaltar que o seu conteúdo não consta nos livros, mas, apenas em uma revista comemorativa, editada pela família do inesquecível ex-deputado José Pereira Lima da histórica cidade de Princesa Isabel/PB, por ocasião do seu centenário de nascimento.
A CAMPANHA DE PRINCESA
Entrevista do Coronel e Deputado JOSÉ PEREIRA LIMA
(Texto de José Leal)
(Publicada na Revista “O Cruzeiro” - edição de 08 de outubro de 1949.)
Uma figura singular de caudilho - No sertão não se admite o comunismo nem o casamento no Uruguai - Um homem rico que perdeu tudo em 1930 - Razões do rompimento com João Pessoa e causa da revolução civil de Princesa - Capítulos dramáticos da fuga sertão a dentro - Como vive hoje o homem que proclamou a independência de Princesa - 64 anos de idade, casado com uma sobrinha, excelente bom humor e elegância.
Andava eu pela casa dos cinco anos de idade quando ouvi falar pela primeira vez no nome do Coronel José Pereira. Foi em 1930, numa cidadezinha paraibana chamada Alagoa Nova, pouco antes de ser assassinado num café do Recife o Dr. João Pessoa, então Presidente do Estado. Ao rebentar a revolução, meu tio, que era professor e ativo membro da Aliança Liberal, fundou um semanário político, “O Momento” para defender a causa revoltosa e todos nós, eu e meus primos, dávamos vivas aos revolucionários passeando pelas ruas locais, vestindo camisas vermelhas e aplaudindo as caravanas liberais que, em suas excursões pelo Nordeste, passavam por Alagoa Nova em missão de propaganda política contra Washington Luiz. Zé Pereira - como é conhecido - era um nome que estava em todas as bocas. Colunas de tropas militares da polícia estadual haviam passado pelas ruas da cidadezinha, em caminhões rumo ao sertão, para combatê-lo em Princesa, e os rapazes da terra seguiam como voluntários para lutar ao lado dos revoltosos. Vitorioso o movimento aliancista, nunca mais me preocupei com ele, Zé Pereira, embora continuasse a ouvir dezenas de histórias sobre suas façanhas e peripécias.
A FIGURA DE JOSÉ PEREIRA
Agora, nesta primavera de 1949, quando o meu ilustre amigo Dr. Alcides Carneiro, comunicou-me que eu poderia me avistar com o famoso caudilho de Princesa, pensei que iria encontrar um homem baixo, frio, caladão e, sobretudo, anti-social. Imaginava-o um simples contador de aventuras. E em lugar disso apareceu-me um cidadão natural, inteligente e dono de um formidável senso de humor. Encontramo-nos num apartamento da Avenida Beira Mar, em certa manhã de chuva, onde ele reside nesta visita que faz ao Rio de Janeiro, depois de muitos anos de ausência. Trajava um terno cinza com sapatos de cor chocolate, gravata escura e chapéu cinzento. Tem uma estatura acima de média e os seus cabelos brancos são de um branco quase azulado. Está com 64 anos de idade. Bem disposto, com o bigode caprichosamente aparado, palestrador interessantíssimo, é dessas pessoas que facilmente conquistam todas as simpatias. Sabe contar engraçadíssimas piadas, é um “blagueur” desprentencioso, porém irresistível, e recebeu-me com um aperto de mão cordial colocando-me à vontade num grande sofá. Como todo chefe político do interior é cognominado de “Coronel”. Famoso pela campanha de Princesa, onde combateu as tropas legalistas em 1930, tido pelos seus inimigos como cangaceiro feroz e impiedoso. Zé Pereira tem ainda hoje o cartaz de valente, fama que, segundo me confessou, só lhe tem trazido aborrecimentos.
Coronel - disse-lhe eu - o senhor está elegantíssimo! E ele, com uma naturalidade e graça admiráveis fez a primeira “blague”. É menino, quando eu saí do Recife pedi por empréstimo boas roupas aos meus amigos.
É casado com uma sobrinha, Dona Alexandrina Pereira, com quem nunca namorou. Um dia perguntou-lhe se queria com ele casar. Ela respondeu que sim. Então Zé Pereira falou com os pais de sua futura esposa que concordaram com muito gosto. O casamento foi realizado em seguida. Tem um casal de filho: Aloysio, com 26 anos de idade, médico, formado pela Faculdade de Medicina do Recife, atualmente clinicando no Rio e dirigindo um dos serviços do Hospital dos Servidores do Estado, e Luizinha, com 25 anos, solteira, vivendo agora na capital pernambucana. Chova ou faça sol Zé Pereira acorda às 6 da manhã. Quando está na sua fazenda “Abóboras”, no município de Serra Talhada, Pernambuco, toma café e vai habitualmente ao curral passar uma vista no gado. Não tem vícios: não fuma, não bebe e nem joga. Toma um trago se estiver numa festa. Tem um excelente apetite e goza boa saúde.
Clique no link abaixo para você continuar lendo a entrevista do coronel José Pereira de Lima. Uma excelente entrevista
http://www.ancomarcio.com/site/publicacao.php?id=2929
O link acima nao funciona. Agradeceria de saber onde eu poderia ver a entrevista. Parabéns pelo artigo.
ResponderExcluirNormando Pereira Lima.
O link não abre, deve ter sido excluído pelo administrador do blog.
ResponderExcluirAlgumas pessoas Normando Pereira Lima, fazem seus trabalho e não gostam de compartilhar com ninguém.
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