Por: Alcino Alves Costa
Uma terrível
desgraça aconteceu com Mané Véio. Dominado por um ciúme doentio mata a sua
esposa Cidália. Processado, o descendente dos Jacó teve que mudar de Estado. O
seu destino foi Alagoas. No dia 26 de novembro de 1936 chegou a Maceió.
Imediatamente foi posto a disposição do 2º Batalhão aquartelado em Santana do
Ipanema, no Alto Sertão Alagoano e engajado na volante do tenente João Bezerra
da Silva.
Documentou Mané Véio, de seu próprio punho, que antes de Angico ele participou
de um combate, acontecido no dia 2 de fevereiro de 1938, na fazenda Riacho
Preto, município de Mata Grande, nas Alagoas, oportunidade em que morreram três
cangaceiros, porém ele não cita nomes.
Sobre Angico, Mané Véio se coloca como proeminente personagem daquele notável acontecimento da vida nordestina e brasileira. Os seus registros dão conta que a força militar era composta de quarenta homens, sendo vinte pertencentes à volante do aspirante Francisco Ferreira de Melo, dezenove soldados e contratados e um civil que era o bagageiro do tenente, estes sob as ordens de João Bezerra. Lampião estava em Angico, segundo as suas afirmativas, com 55 homens e ainda esperando Corisco, com mais 9 asseclas.
Sobre Angico, Mané Véio se coloca como proeminente personagem daquele notável acontecimento da vida nordestina e brasileira. Os seus registros dão conta que a força militar era composta de quarenta homens, sendo vinte pertencentes à volante do aspirante Francisco Ferreira de Melo, dezenove soldados e contratados e um civil que era o bagageiro do tenente, estes sob as ordens de João Bezerra. Lampião estava em Angico, segundo as suas afirmativas, com 55 homens e ainda esperando Corisco, com mais 9 asseclas.
O moço da
Bahia atesta que foi ele o responsável pelas coordenadas que culminaram com o
cerco e o jamais esperado resultado daquela inesquecível empreitada. Mané Véio,
pleno de convicção, afirma ter sido ele quem orientou João Bezerra no instante
final do ataque dizendo-lhe que dividisse os quarenta homens em grupos de cinco
e todos investissem sobre o riacho e o coito de uma só vez. No dizer do baiano,
assim foi feito e o lendário combate demorou aproximadamente trinta minutos. E
o resultado todos conhece. Em Angico morreram Lampião, Maria Bonita, Enedina,
mais oito cangaceiros, e o próprio cangaço.
Diz à história que após tirar a vida de Luís Pedro, Mané Véio decepou as suas
mãos, na pressa de se apossar dos anéis que enfeitavam os dedos do famoso
assecla. Enriquecido com o saque e não querendo perder todo aquele cabedal:
dinheiro, jóias, ouro e outros objetos, o valentão da Santa Brígida deixou à
volante e arribou no mundo. Não podia retornar para a Bahia, o seu sertão e nem
a sua tão amada Santa Brígida. Ali havia praticado um bárbaro crime. Num
instante de completa insanidade, e acometido de extremado ciúme, assassinou a
sua esposa Cidália. O processo era sério e grave. Se caísse nas mãos da justiça
iria ser condenado.
Seguiu um novo caminho. Coragem tinha de sobra para enfrentar qualquer desafio. E lá se foi o matador de cangaceiro para o distante e desconhecido Estado de Goiás; mas, esse capítulo fica para a próxima postagem, aguardem...
Seguiu um novo caminho. Coragem tinha de sobra para enfrentar qualquer desafio. E lá se foi o matador de cangaceiro para o distante e desconhecido Estado de Goiás; mas, esse capítulo fica para a próxima postagem, aguardem...
Vamos voltar a contar a incrível história de Mané Véio, o grande protagonista
do cerco de Angico. Agora em Goiás deixa de ser Manoel para se tornar Euclides
Marques da Silva, o nome de um irmão falecido na Bahia. Fixa residência na
cidade de Goiania. Torna-se joalheiro. Casa-se com uma bela moça chamada Maria
Bosco da Silva e com ela procura recomeçar a sua nova vida. Nascem dois filhos.
Uma menina, chamada Jovina, e um garotinho batizado com o nome de Jacob.
Anos depois o casal muda-se para São Paulo. Vão morar no Bairro da Liberdade. O
seu meio de vida, a sua subsistência, continua sendo o comércio de jóias e
ouro.
O ciúme era uma constante, uma chaga cruenta na vida deste ex-soldado de volante. Aliado a tão medonho, doloroso e maléfico sentimento, o gênio extremamente violento do antigo “contratado” jogou no abismo a convivência, o sossego e a paz existente entre o baiano do Raso da Catarina e sua nova e também desafortunada esposa. Aquela vida harmoniosa do princípio, quando os dois em parceria comerciavam jóias e ouro juntos, havia chegado ao fim. E Maria começou a ser espancada pelo perverso marido.
O ciúme era uma constante, uma chaga cruenta na vida deste ex-soldado de volante. Aliado a tão medonho, doloroso e maléfico sentimento, o gênio extremamente violento do antigo “contratado” jogou no abismo a convivência, o sossego e a paz existente entre o baiano do Raso da Catarina e sua nova e também desafortunada esposa. Aquela vida harmoniosa do princípio, quando os dois em parceria comerciavam jóias e ouro juntos, havia chegado ao fim. E Maria começou a ser espancada pelo perverso marido.
Não suportando
aquela triste e medonha situação, temerosa e apavorada com as torturas e
brutalidades do companheiro, a goiana pediu o divórcio, não tinha como
continuar vivendo debaixo de tanto sofrimento. O advogado contratado por Maria
Bosco chamava-se Othoniel Brandão. Ele iria cuidar do desquite. Ao tomar
conhecimento da decisão da esposa, o homem da Santa Brígida se revoltou,
chegando a tentar enforcá-la, o que não aconteceu em virtude da intervenção
imediata dos vizinhos. Após este grave incidente Maria prestou queixa na
polícia. Mesmo assim, dias depois, o marido abandonado tentou a reconciliação,
alegando que amava a sua companheira e mãe de seus filhos.
Irredutível, Maria Bosco não aceitou a pretensão do marido. O que queria, o que lhe interessava era ficar ao lado do filho e da filha, e longe, muito longe, do pai deles. Sem alternativas, Mané Véio, mesmo a contra gosto, terminou por concordar com a separação e a divisão amigável dos bens. Na 2ª Vara da Família e das Sucessões a vitória da vítima foi total. Além da pensão para ela e os filhos, ainda aconteceu à partilha e divisão dos pertences de ambos e os filhos ficaram sob a tutela de dona Maria.
Irredutível, Maria Bosco não aceitou a pretensão do marido. O que queria, o que lhe interessava era ficar ao lado do filho e da filha, e longe, muito longe, do pai deles. Sem alternativas, Mané Véio, mesmo a contra gosto, terminou por concordar com a separação e a divisão amigável dos bens. Na 2ª Vara da Família e das Sucessões a vitória da vítima foi total. Além da pensão para ela e os filhos, ainda aconteceu à partilha e divisão dos pertences de ambos e os filhos ficaram sob a tutela de dona Maria.
Mesmo tendo
aceitado o desquite, o antigo caçador de bandidos não se conformava com aquela
separação. Agoniado, ameaçava assassinar a antiga companheira. A sua maior
preocupação, o seu maior temor, era vê-la acompanhada de outro homem. Dominado
pelo ciúme, costumava rondar a residência da ex-mulher, à Rua Pirapitingui, no
prédio 97, apartamento 84, no Bairro da Liberdade. Assombrada com as ameaças,
Maria Bosco procurou as autoridades policiais explicando a sua grave situação.
Aconselhada pelos militares, comprou um revolver calibre 22, tirou porte de
arma, e carregava a sua pequena arma em sua bolsa.
Os meses foram se passando. Aquela aflição continuava. O mês de julho de 1966 despontou. Chega o dia 13. É uma quarta-feira. Dona Maria, acompanhada de sua filha Jovina Marques da Silva, sai do apartamento e vai até um açougue comprar carne. O filho caçula, Jacob, que sempre acompanhava a mãe, dessa vez não a acompanhou para jogar uma pelada com seus amiguinhos de infância. Na volta, após comprar a carne, um pistoleiro espreitava os passos de Maria. Era ele Josafá Marques da Silva, meio irmão de Mané Véio. Este bandido assim agia cumprindo ordem de seu mano que o incumbiu de assassinar a sua própria esposa.
Os meses foram se passando. Aquela aflição continuava. O mês de julho de 1966 despontou. Chega o dia 13. É uma quarta-feira. Dona Maria, acompanhada de sua filha Jovina Marques da Silva, sai do apartamento e vai até um açougue comprar carne. O filho caçula, Jacob, que sempre acompanhava a mãe, dessa vez não a acompanhou para jogar uma pelada com seus amiguinhos de infância. Na volta, após comprar a carne, um pistoleiro espreitava os passos de Maria. Era ele Josafá Marques da Silva, meio irmão de Mané Véio. Este bandido assim agia cumprindo ordem de seu mano que o incumbiu de assassinar a sua própria esposa.
Em um ponto da
Rua Pirapitingui, Maria aparece ao lado da filha, uma linda mocinha de apenas
16 anos de idade. O assassino está de tocaia, a espera de suas vítimas. Pouco
mais do meio dia mãe e filha surgem ao longo da rua. Caminham despreocupadas
por uma calçada. O verdugo sorrateiramente se aproxima delas. Saca um revolver
“S & W”, calibre “32”. Aciona o gatilho de sua homicida arma. Dois tiros
atingem mortalmente dona Maria, uma ainda jovem mulher, com apenas 40 anos de
idade. Um balaço perfurou o tórax e o outro se alojou um pouco abaixo do peito.
Vendo a mãe baleada e cambaleante, Jovina se interpôs entre ela e o cruel
assassino. Este sem compaixão e sem piedade, mesmo sabendo que ali estava uma menina-moça
no verdor de sua florida existência, e além do mais, sua sobrinha, uma
vez que ela era filha de Mané Véio, não titubeou, atirou para matá-la. Este
terceiro tiro também foi mortal. A bala atingiu o peito do lado direito da
mocinha que cambaleou e caiu nos estertores da morte por cima do corpo de sua
mãe.
Este duplo assassinato abalou São Paulo. No outro dia, 14 de julho de 1966, o jornal NOTÍCIAS POPULARES, estampava: “Cangaceiro contratou um bandido para exterminar a família em SP”. E em grandes letras: “PISTOLEIRO MATOU MÃE E FILHA!”. Na sexta-feira, dia 15, o jornal DIÁRIO DE NOTÍCIAS, estampava em grande manchete: “PISTOLEIRO CONFESSA: MATOU PORQUE TINHA PENA DO IRMÃO”. O “DIÁRIO DA NOITE”, também no mesmo dia 15 de julho, estampava: “MATOU A TIROS A CUNHADA E UMA SOBRINHA”. Josafá e Mané Véio foram presos e processados. No dia 25 de outubro de 1967, o responsável pelo assassinato da esposa e da filha foi para o banco dos réus – e foi severamente exemplado.
Este duplo assassinato abalou São Paulo. No outro dia, 14 de julho de 1966, o jornal NOTÍCIAS POPULARES, estampava: “Cangaceiro contratou um bandido para exterminar a família em SP”. E em grandes letras: “PISTOLEIRO MATOU MÃE E FILHA!”. Na sexta-feira, dia 15, o jornal DIÁRIO DE NOTÍCIAS, estampava em grande manchete: “PISTOLEIRO CONFESSA: MATOU PORQUE TINHA PENA DO IRMÃO”. O “DIÁRIO DA NOITE”, também no mesmo dia 15 de julho, estampava: “MATOU A TIROS A CUNHADA E UMA SOBRINHA”. Josafá e Mané Véio foram presos e processados. No dia 25 de outubro de 1967, o responsável pelo assassinato da esposa e da filha foi para o banco dos réus – e foi severamente exemplado.
Alcino Alves
Costa
O Decano, Caipira de Poço Redondo
Sócio da SBEC; Conselheiro Cariri Cangaço
NOTA CARIRI CANGAÇO: Agregando ainda mais valor aos dois capítulos da Saga de Mané Véio, nos trazida pelo grande escritor Alcino Alves Costa, vamos recorrer ao confrade e Conselheiro Cariri Cangaço; Kiko Monteiro em seu espetaculaer "Lampião Aceso" .
O Decano, Caipira de Poço Redondo
Sócio da SBEC; Conselheiro Cariri Cangaço
NOTA CARIRI CANGAÇO: Agregando ainda mais valor aos dois capítulos da Saga de Mané Véio, nos trazida pelo grande escritor Alcino Alves Costa, vamos recorrer ao confrade e Conselheiro Cariri Cangaço; Kiko Monteiro em seu espetaculaer "Lampião Aceso" .
Fala Kiko:
"Recebemos da leitora Marylu, uma importante informação via comentário para nossa matéria sobre Manoel Marques da Silva o célebre Mané Véio. Ela nos revelou que Euclides Marques da Silva, nome adotado por ele, faleceu aos 92 anos de idade -saciado de dias - na cidade de Pires do Rio - Goiás - em 09.01.2003 ao lado de sua terceira esposa -a goiana Nori Alves Marques da Silva. Hoje residente na capital - vide:
Abraço a todos
IVANILDO ALVES SILVEIRA
Natal/RN
http://cariricangaco.blogspot.com
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