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quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Os primeiros transportes coletivos 1 - 10 de Novembro de 2013

Por: Geraldo Maia do Nascimento


Zé Rocha deixou o seu nome gravado na história dos transportes coletivos de Mossoró. De um modesto veículo com que principiou as viagens, conduzindo passageiros, cargas e malas postais, num curto espaço de tempo conseguiu adquirir uma frota de caminhões que lhe permitiu dominar inteiramente os serviços de transportes coletivos entre Natal e várias cidades do interior potiguar, tendo como ponto de apoio a cidade de Mossoró. Era daqui que partiam todas as suas iniciativas de trabalho e de organização.

Tinha uma boa equipe de apoio, formada por motoristas, mecânicos, pessoal administrativo e tudo o mais que necessita para a administração de uma empresa. Alguns desses colaboradores, no entanto, ficaram famosos na época, pelo jeito de ser. Vamos lembrar algumas dessas pessoas:

O primeiro é o seu próprio filho Severino, conhecido por Severino de Zé Rocha. Era um jovem de temperamento marcado pela intranquilidade, enchendo as estradas com as loucuras de suas corridas desenfreadas, que enchiam de terror os desventurados passageiros que por falta de sorte tinham pegado o seu transporte. Praticava o que hoje chamamos de direção perigosa, pondo em risco, além de sua própria vida, as dos seus conduzidos. Tanto assim que nas estradas o seu caminhão era conhecido como “besta fera”.

Um contraponto ao comportamento de Severino de Zé Rocha era Alfredo. Uma figura alta, magra, de face chupada e voz macia. Era o mais seguro dos motoristas, inspirando confiança e estima.

Tinha ainda uma figura curiosa que era o “Mudo de Rocha”, que viajava sempre em cima da carga, gritando, bufando, grunhindo, gesticulando para todo o mundo que encontrava, através da mímica, porque se fazia entender de modo claro.

Com o passar dos anos outros empreendedores foram instalando em Mossoró os seus transportes coletivos, prestando assim inestimável serviço a sua população. Na sequência dos acontecimentos lembramos a figura de Cícero Gadê, que foi descrito pelos contemporâneos como “um paraibano bom como o diabo, calmaria de um elefante respirando”. Organizou uma empresa de transporte de passageiros, em ônibus para Natal, com viagens diárias. O serviço era feito em carros novos, confortáveis, com estilo de capital, pois tinha até agência de partida e de chegadas das viaturas, com venda de passagens e etiquetas de bagagem.

Aparece na sequência Ismael Siqueira com seus filhos mantendo linha de passageiros para Natal. A sua empresa durou muito tempo e o serviço era regularmente dentro do horário.

Temos registro de uma figura que ficou marcada na estrada de rodagem de Mossoró a Natal que foi a do motorista Antônio de Luís Cirilo. Era um dos poucos donos de coletivo que guiava o próprio transporte. Dirigiu enquanto a viatura teve permissão para circular, no mesmo ritmo de trabalho, com as mesmas peculiaridades, com o modo brusco com que tratava os passageiros, sem atenção para ninguém.

Na linha de Fortaleza, Raimundo Agostinho foi o mais popular dos donos de caminhão. Iniciou as viagens e por muito tempo foi o único a explorar essa linha entre Mossoró e Fortaleza. Igualmente a Antônio de Luís Cirilo, guiava o seu próprio veículo. Curiosamente, Raimundo Agostinho nunca teve pressa em terminar a viagem. Nunca teve hora certa para partir ou para chegar. As demoras das viagens eram explicadas, pois todo o mundo dizia que ele tinha várias namoradas ao longo do percurso, e parava em todas para um lanchinho ou a água resfriada na moringa. A parada do almoço era complementada com o intervalo para descanso, que se seguia até o sol pender. Nada de pressa. Assim, quem tivesse negócio com dia e hora marcados, que não fosse no seu carro.

Uma curiosidade envolvendo Raimundo Agostinho é que como por certo período foi o única a explorar a linha entre Mossoró e Fortaleza, cabia a ele fazer entrega de cartas que lhe davam aos montes, tanto para Fortaleza como para Mossoró. Ao chegar a essas cidades, passava no jardim (em Fortaleza, na Praça do Ferreiro, em Mossoró, na Rodolfo Fernandes), pegava uma pedra e botava o pacote de cartas debaixo, dizendo: “- Quem quiser que venha receber aqui”...

Continua...
Autor:

Geraldo Maia do Nascimento


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Fonte:

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