Por Doizinho Quental
Lampião entrou na Vila de
Custódia, em 30 de janeiro de 1925. Nesse tempo a vila pertencia à Lagoa de
Baixo, hoje Sertânia, Pernambuco.
O Bando chegou pacífico. Lampião e seus cabras se dividiram pelas bodegas, fazendo compras e bebendo.
Na ocasião, tomou conhecimento que dias atrás, o tenente Optato Gueiros tinha passado por lá com uma volante no encalço dos bandidos.
Tenente Optato Guiros - acervo do pesquisador e colecionador do cangaço
O Bando chegou pacífico. Lampião e seus cabras se dividiram pelas bodegas, fazendo compras e bebendo.
Na ocasião, tomou conhecimento que dias atrás, o tenente Optato Gueiros tinha passado por lá com uma volante no encalço dos bandidos.
Nessa passagem, o tenente gostou muito dos repentes de um
ceguinho que cantava acompanhado de uma viola. O cego, depois de remunerado,
terminou fazendo versos, elogiando a figura do tenente.
custodia-pe.blogspot.com
Ao saber desta
história, Lampião, com muita raiva, mandou chamar o cego. Ele veio acompanhado
do seu guia, e nem mostrou nenhum constrangimento, ao contrário do seu guia, que
quase cai de trêmulo.
Lampião chamou todo pessoal para mostrar como se dava uma lição num cego bajulador de macaco. Então foi logo gritando para o cantador:
- Cego sem vergonha, cego safado, agora voismicê deu pra bajular macaco?!... Conte a históra dereito!!!
- Capitão, disse sem temor o cego, o homem me deu umas nota e eu cantei assim:
Lampião enraivecido continuou:
- Cego, voismicê só se sarva de uma boa sova se desfizer esses verso besta!
O Ceguinho não contou conversa, repinicou a viola e cantou:
Lampião chamou todo pessoal para mostrar como se dava uma lição num cego bajulador de macaco. Então foi logo gritando para o cantador:
- Cego sem vergonha, cego safado, agora voismicê deu pra bajular macaco?!... Conte a históra dereito!!!
- Capitão, disse sem temor o cego, o homem me deu umas nota e eu cantei assim:
Ô
que home bom,
Ô
que home mais decente,
Vou
rezá pra armentar,
Os
galão desse tenente!
Lampião enraivecido continuou:
- Cego, voismicê só se sarva de uma boa sova se desfizer esses verso besta!
O Ceguinho não contou conversa, repinicou a viola e cantou:
Num se zangue
Lampião,
Cum qui eu dixe ao
macaco,
O qui eu quiria
mermo,
Era inchê o meu
bisaco.
O galão qui maginei,
Pra botar no tá
tenente,
Foi um pau com duas
lata,
Uma atrais, outra na
frente!
Os cangaceiros caíram na gargalhada e Lampião falou, rindo:
- Tem quem possa com a peste desse cego?
O ceguinho foi salvo e ainda ganhou 50 mil contos reis de Lampião.
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