Marcos Edílson
de Araújo Clemente*
Universidade
Federal do Tocantins – UFT
marceddilson@yahoo.com.br
Em 1936 abria-se a Lampião outra grande oportunidade de ser fotografado junto com o seu bando. O fotógrafo foi o mascate libanês Benjamin Abrahão Botto.
Na fotografia acima, vê-se Benjamin Abrahão à esquerda apertando a mão de Lampião, ao centro, tendo a sua direita Maria Bonita em trajes civis. Observado de perto por outros cangaceiros, Benjamim Abrahão porta um tipo de bornal onde consta o nome da Aba films. A pose sugere que o palestino desejava provar o inédito encontro com o chefe dos cangaceiros e possivelmente encarregou algum integrante do bando para tirar a foto. Benjamin Abrahão instalou-se no Recife, em 1915; depois em Juazeiro no início dos anos 20, quando se tornou secretário particular do Padre Cícero. Em 1926, Benjamin Abrahão teria organizado a vinda de Lampião e seu Estado Maior a Juazeiro do Norte e teria encomendado o trabalho do fotógrafo Lauro Cabral. O fato é que, em 1934, Benjamin Abrahão associa-se com a Ademar Albuquerque, proprietário da AbaFilms, empresa de divulgação fotográfica sediada em Fortaleza. A Aba Films representava a firma alemã Zeiss, que deu apoiou financeiro ao empreendimento.
Quando, finalmente, Benjamin Abrahão conseguiu entrar em contato com Lampião, em maio de 1936, portava equipamento e material fotográficos cedidos pela Carl Zeiss.
Para agradar ao chefe dos cangaceiros, foi-lhe oferecido um par de óculos de fabricação alemã, cartes-de-visite e cartões postais com sua foto no verso. Em reconhecimento, Lampião escreveu um bilhete autenticado garantindo direitos exclusivos a Benjamin Abrahão:
Em 1936 abria-se a Lampião outra grande oportunidade de ser fotografado junto com o seu bando. O fotógrafo foi o mascate libanês Benjamin Abrahão Botto.
Na fotografia acima, vê-se Benjamin Abrahão à esquerda apertando a mão de Lampião, ao centro, tendo a sua direita Maria Bonita em trajes civis. Observado de perto por outros cangaceiros, Benjamim Abrahão porta um tipo de bornal onde consta o nome da Aba films. A pose sugere que o palestino desejava provar o inédito encontro com o chefe dos cangaceiros e possivelmente encarregou algum integrante do bando para tirar a foto. Benjamin Abrahão instalou-se no Recife, em 1915; depois em Juazeiro no início dos anos 20, quando se tornou secretário particular do Padre Cícero. Em 1926, Benjamin Abrahão teria organizado a vinda de Lampião e seu Estado Maior a Juazeiro do Norte e teria encomendado o trabalho do fotógrafo Lauro Cabral. O fato é que, em 1934, Benjamin Abrahão associa-se com a Ademar Albuquerque, proprietário da AbaFilms, empresa de divulgação fotográfica sediada em Fortaleza. A Aba Films representava a firma alemã Zeiss, que deu apoiou financeiro ao empreendimento.
Quando, finalmente, Benjamin Abrahão conseguiu entrar em contato com Lampião, em maio de 1936, portava equipamento e material fotográficos cedidos pela Carl Zeiss.
Para agradar ao chefe dos cangaceiros, foi-lhe oferecido um par de óculos de fabricação alemã, cartes-de-visite e cartões postais com sua foto no verso. Em reconhecimento, Lampião escreveu um bilhete autenticado garantindo direitos exclusivos a Benjamin Abrahão:
IIImo. Sr. Benjamin Abrahão – Saudações
Venho lhi afirmar que foi a primeira peçoa que conseguiu filmar eu com todos os meu peçoal cangaceiros, filmando assim todos us muvimento da noça vida nas catingas dus sertões nordistinos. Outra peçoa não consiguiu nem consiguirá nem mesmo eu consintirei mais Sem mais do amigo
Capm. Virgulino Ferreira da Silva
Vulgo Capm. Lampião.30
Lampião já havia adotado para si e para o bando a prática de despachar bilhetes autenticados de acordo com a ocasião. Entre os inúmeros bilhetes estão os que cumpriam objetivo de advertir, fazer cobrança, declarar amizade, dar um ultimato, oferecer venda de proteção, fazer acusação, emitir licenciamento de atividade econômica, dar garantia perante os cangaceiros, fazer encomenda de armas, encaminhar entrega de criança e autenticar suas ações. Em 25 de novembro de 1929, na cidade de Capela, Sergipe, Lampião escreveu uma mensagem em que acusa a polícia de roubo e violência contra as famílias.
Longe de tratar-se de flagrante, a produção e publicação das imagens fotográficas foram pacientemente negociadas. A revista O Cruzeiro, em edição de 1937, noticiou o encontro e deu ares de façanha a Benjamin Abrahão:
“O Sr. Benjamin Abratias (sic) numa façanha sem par nos anais do cinema nacional, foi encontrar o bandido em seu covil, e conseguiu convencê-lo a posar para ser admirado pelo público de todo o Brasil!” Ao final de 1936, Abrahão entregou a Aba Film cerca de quinhentos metros de filmes para revelação. Em abril de 1937, de acordo com Grunspan-Jasmin, havia mais de mil metros de filmes processados.
A intensa exposição de parte deste material na imprensa nacional gerou reação no governo de Getúlio Vargas, em plena vigência do Estado Novo.
Lourival Fontes, diretor do Departamento de Imprensa e Propaganda –DIP – ordenou a apreensão de todo o material produzido na filmagem. Na seqüência, em 9 de maio de 1938, Benjamin Abraão foi assassinado em uma cidade do interior de Pernambuco. Em julho de 1938, Lampião, Maria Bonita e mais nove cangaceiros foram mortos pela polícia alagoana, encerrando-se praticamente ali a saga do cangaço nos sertões do Nordeste.
Do trabalho de Abrahão, poucas fotografias restaram, sendo que a maior parte do material foi destruído pela ação do tempo. Em algumas, observa-se Lampião lendo um exemplar da Revista Noite Ilustrada, tendo Maria Bonita ao seu lado.
31 Mensagem reproduzida por MELLO, Frederico Pernambucano de. Quem foi Lampião.Recife/Zurich: Editora Stahli, 1993, p. 142-143.
http://www.revistafenix.pro.br/PDF13/DOSSIE_%20ARTIGO_13-Marcos_Edilson_de_Araujo_Clemente.pdf
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Pois é Mendes, conforme informação do pesquisador Marcos Edilson, os famosos bilhetes do rei do cangaço eram portadores de várias finalidades, e não apenas para solicitar dinheiro.
ResponderExcluirAntonio Oliveira - Serrinha-Ba