Por Geraldo Maia do Nascimento
Deve-se
ao Presidente (hoje Governador) do Estado do Rio Grande do Norte, Dr. Juvenal
Lamartine de Farias, a instalação dos primeiros campos de aviação do interior.
Mossoró ganhou o seu em 1929. Naquele ano, o Governador Lamartine mostrou-se
desejoso e necessitado de empreender viagem aérea para Mossoró, a trato de
interesse da administração. Telegrafou ao chefe do Executivo mossoroense, Cel.
Vicente Carlos de Sabóia Filho, solicitando que o mesmo providenciasse um campo
de pouso para aviões, mesmo de pequeno porte. As providências foram tomadas com
rapidez e em um imenso cercado às imediações do antigo campo do Tiro de Guerra,
algumas dezenas de homens foram recrutados para o destacamento e nivelamento
das duas pistas que se formaram em cruz.
Estando
tudo pronto, a cidade se movimentou na manhã de 22 de janeiro de 1929, num dia
de terça-feira, para receber a comitiva e ver pousar em terras mossoroenses o
primeiro avião. \"E precisamente às 13 horas, um pequeno sinal surgiu na
rota de Natal e pouco a pouco foi se ampliando e trazendo do céu o ruído de seu
motor. Após algumas evoluções pela cidade e reconhecimento do campo, desceu o
pássaro metálico das alturas, pousando em Mossoró sob apreensão e delírio dos
populares\", conforme registrou o jornalista Lauro da Escóssia.
Nessa
primeira viagem a aeronave trouxe em seu bojo o Governador Lamartine, Dr.
Alberto Roseli, diretor do Diário de Natal, aviador Djalma Petit e seus
companheiros George Piron, Chenu e Septfonds.
Mossoró
recebeu com grande festa o presidente do Estado, que foi saudado pelo Sr.
Vicente Sabóia Filho, Dr. Bianor Fernandes e outros oradores. Num banquete
efetuado na sede do clube Humaitá discursou em saudação ao chefe do governo o
Sr. Vicente de Almeida.
O
jornalista José Martins de Vasconcelos registrou o evento em seu jornal
\"O Nordeste\", afirmando em certa altura:
\"- Foi um dia esplêndido, de festa, de esperança e aspirações de prosperidade, o dia 22 de janeiro fluente em Mossoró. Intensa multidão, música, flores, fogos, sorrisos e entusiasmo se confundiam no campo de aviação que se ia inaugurar.
O
aparelho era um biplano, com duas rodas de borracha sob o motor e outra
traseira, direcionado a leme. Possuía a pequena hélice triangular.
Com
o advento da revolução de 1930, o Estado mergulhou na mais forte campanha
política que lhe foi dado conhecer. Nesse período os interventores e prefeitos
pouco demoravam nos cargos, o que provocou descontinuidade nas obras públicas.
E o campo de pouso de Mossoró, tão festejado quando da sua inauguração, foi
abandonado e uma densa mata tomou conta do terreno.
Somente
dez anos mais tarde, o governo municipal voltou a encarar o problema, já sob a
orientação técnica da administração federal. Dessa forma o Prefeito de Mossoró,
Padre Luís da Mota, desapropriou larga extensão de terra para a construção do
seu aeroporto, cuja construção se iniciou em 26 de setembro de 1940.
O
gosto pela aviação despertado no seio da sociedade mossoroense, deu ensejo a
fundação de um aeroclube local, a 15 de outubro de 1940 e cuja primeira
diretoria foi a seguinte: Presidente de Honra Padre Luís Mota; Presidente
Aristides Barcelos; Vice Presidente Vicente Sabóia Filho; Secretário Renato de
Araújo Costa; 1º Tesoureiro Nelson Xavier Fernandes; 2º Tesoureiro Lahire
Rosado; Diretor Técnico Dr. Luiz Sabóia; Diretor Comercial Augusto da Escóssia;
Diretor Comercial Gabriel Varela.
O
Aero Clube de Mossoró tinha como finalidade incentivar a prática do amadorismo
civil da aviação junto aos jovens mossoroenses. O seu primeiro instrutor foi o
aviador Mário Santos, da Escola de Pilotagem do Aero Clube do Rio de Janeiro.
Possuiu uma frota de aviões tipo \"paulistinha\", dentre os quais
podemos destacar: o \"Mário Barreto\", chegado em 1942, o
\"Cidade de Mossoró\", que aqui chegou em 1944, o \"Capitão
Sílvio Canizares\" e \"João Monteiro Rocha\" em 1945 e o
\"Raimundo Fernandes\" que foi doado pela firma Tertuliano Fernandes
& Cia., para ser usado em treinamento avançado.
Foi
assim que aconteceu o primeiro pouso de uma aeronave em terras mossoroenses.
Uma história que começou em 22 de janeiro de 1929 e que perdura até os dias
atuais.
Geraldo Maia do Nascimento
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