Por José Bezerra Lima Irmão
No próximo dia 1º de novembro, faz três anos que faleceu o inesquecível Alcino
Costa. Ele faleceu em 1º de novembro de 2012.
Repasso aqui, em síntese, trechos de mensagens transmitidas de toda parte naquela ocasião pelos seus amigos, pranteando a grande perda com palavras de sincero afeto.
Escritor e pesquisador do cangaço Alcino Alves Costa
Escrevi: “Faleceu Alcino Costa, meu maior incentivador nos estudos do cangaço.
Fiz com ele memoráveis andanças pelas caatingas de Poço Redondo e Canindé:
Cururipe, Capim, Lagoa da Cruz, Maranduba, Paus Pretos, Angico, Cajueiro,
Macaca, Jerimum, Cuiabá, Pedra d’Água, Lagoa do Domingo João, Oroco, Pias de
Felipe... Nós, seus amigos, que conhecemos aquele Alcino sempre sorridente
e prestimoso, pau pra toda obra, verdadeira baraúna do sertão, nos sentimos
agora um pouco órfãos. Alcino, com suas inseparáveis alpercatas, foi um exemplo
de homem simples, mas que não se confunde com simplório. Ele próprio se
autointitulava ‘o caipira de Poço Redondo’, ‘o vaqueiro da História’. Mas,
surpreendentemente, por trás daquela comovente simplicidade, havia um homem de
insuspeita argúcia intelectual, fruto de muita leitura, um profundo conhecedor
da alma sertaneja, um pesquisador meticuloso da história de sua terra, um
intérprete lúcido dos fatos do cangaço, tema no qual se especializou, sendo,
sem dúvida, o maior pesquisador dos assuntos do cangaço nas terras
sergipanas. Não é hora de lamento nem de luto. É hora, sim, de reconhecimento e
veneração à sua figura. Temos o dever de cuidar da herança deixada por ele,
preservando os valores do sertão que ele tanto amou – o sertão do mandacaru, do
xiquexique, da macambira, do quipá; o sertão dos coronéis, jagunços, cangaceiros,
volantes, coiteiros e beatos.”
Manoel Severo Barbosa
Manoel Severo, do blog Cangaceiros Cariri, curador do Seminário
Cariri Cangaço, fez na ocasião um verdadeiro poema em prosa:
Hoje o sertão amanheceu mais triste.
O galo cantou mais rouco,
E os pássaros, as nhambus e as jaçanãs
Pareciam gorjear mais tímidos.
Hoje o Sertão amanheceu mais triste:
Seu poeta maior partiu.
O sol nascia parecendo trazer uma só dor:
A dor daqueles que amaram,
Amam e sempre amarão
Um dos seres humanos mais fantásticos
Que já pisaram
O chão tórrido e sofrido
Da caatinga amada de todos nós.
Vai, Alcino,
Vai, Caipira,
Vai, Decano,
Tua missão agora é no Céu.
Não te preocupes, porque aqui ficaremos bem,
Com uma saudade sem tamanho,
Mas com teu exemplo
De amor às coisas de nosso sertão,
De amor às pessoas,
De amor à vida.
Muito obrigado, querido amigo Alcino,
Por ter-nos permitido compartilhar contigo
Um exemplo de vida.
Todos os momentos vividos a teu lado
Ficam guardados no fundo do coração.
Saiba que fizeste e farás sempre parte de nossas vidas.
Se o teu sertão alegre chora,
Mas é de felicidade,
Por poder testemunhar a grande festa no Céu!
Por lá,
Todos estão falando e cantando:
“Hoje é festa no Céu,
Chegou o Caipira de Poço Redondo,
O Decano do Sertão!
Preparem as alpargatas
E o xaxado aprumado,
Que o bicho vai pegar!"
De Paulo Afonso, ouviu-se a voz sentida de João de Sousa Lima, outro amigo
do legendário Alcino. João de Sousa, como eu, fizemos com Alcino aventurosas
caminhadas pelas caatingas de Poço Redondo e Canindé, garimpando informações,
nessa jazida sem fim que são aquelas terras que margeiam o São Francisco, a
ponto de Poço Redondo ser tida hoje como a Capital do Cangaço. Como disse João,
Alcino era um amigo magnífico, envolvente, leal com suas amizades.
João de Sousa Lima e Antonio Galdino
O próprio João de Sousa passou a palavra ao Antônio Galdino, do
jornal Folha Sertaneja, que, falando em nome de outros amigos, igualmente
pesarosos – Luiz Ruben, Gilmar Teixeira, Rubinho Lima –, se
associou ao luto que se abateu sobre Poço Redondo, assinalando que todo o
Nordeste estava chorando a morte do grande pesquisador da saga do cangaço.
Galdino escreveu: “Os que estudam, pesquisam, debatem sobre o cangaço
estão entristecidos, cabisbaixos, melancólicos pela passagem do companheiro de
tantas caminhadas”.
Antônio Galdino transcreveu o comunicado que recebeu do eminente confrade Ivanildo
Silveira, que lhe comunicou o ocorrido: “Perdemos um amigo, e os nordestinos
perdem um grande escritor, uma grande figura humana, um homem que sabia tudo do
sertão, e que gostava de ser chamado de caipira”.
Citou também uma das últimas homenagens prestadas ao grande historiador do
cangaço pelo recém-criado Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará (GECC),
presidido por Ângelo Osmiro.
Escritor e Pesquisador do cangaço Ângelo Osmiro
E Ângelo Osmiro escreveu, por ocasião da morte do inesquecível amigo:
“Grande companheiro de muitas jornadas em busca de conhecimentos sobre o
cangaço. Alcino passou para um plano superior no dia de ontem.
Que o grande Decano de Poço Redondo encontre o caminho da luz”.
Que o grande Decano de Poço Redondo encontre o caminho da luz”.
Cineasta Aderbal Nogueira e Alcino Alves Costa
O documentarista Aderbal Nogueira disse: “Ao longo do tempo conheci
várias pessoas nessa andança em busca das histórias do cangaço.
Ingrid
Rebouças, Paulo Gastão e Elena Marques
Através
de Paulo Gastão cheguei à figura de Alcino Alves, em 1997.
Unanimidade não existe, mas Alcino se aproxima dela. Pessoa que cativa a todos
os que tiveram e têm o prazer de conhecê-lo. (...) O Brasil perdeu um
grande homem, um grande pesquisador. Os amigos perderam um irmão. Aquele que
estava sempre com um sorriso e o coração aberto para receber todos aqueles que
procuravam conhecer a história do sertão. Como ele mesmo dizia: ‘Um caipira de Poço
Redondo que amava a sua terra’. E todos aqueles que visitarem um dia o sertão
do São Francisco estarão vigiados por ele. Cuidem bem de sua terra, pois é a
terra de Alcino Alves Costa”.
Também a Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço (SBEC) lamentou a
perda de Alcino: “É com pesar que comunicamos o falecimento do sócio ALCINO
ALVES DA COSTA. Aos familiares enviamos nossa palavra de conforto. A perda para
nossa entidade é muito grande, haja vista ter sempre sido um vigoroso defensor
da entidade. Lemuel Rodrigues da Silva - Presidente SBEC”.
O “Blog do Mendes & Mendes”, do grande amigo José Mendes Pereira,
destacou o título “Luto no Cangaço – Faleceu Alcino Costa”, com um comovente
texto de João da Mata Costa, enviado pelo poeta, escritor e pesquisador do
cangaço Kydelmir Dantas. Esse artigo contém as fotos de Kiko Monteiro, Alcino
Costa e seu filho Rangel Alves da Costa; de Luitgarde Cavalcanti
Barros e Antonio Vilela de Sousa; da família de Alcino Alves com Manoel
Severo; de Alcino com Robervânio Rubinho, Antonio Tomáz, Aderbal, Leandro, Antonio
Amaury, Paulo Britto, Chagas Nascimento, Manoel Severo, Professor
Pereira, Kydelmir Dantas, Juliana Ischiara, Paulo Medeiros
Gastão, Rostand Medeiros, João de Sousa Lima, Ivanildo Silveira, Ângelo
Osmiro, José Cícero, Bosco André, Ana Lúcia, Jairo Luiz, Manoel
Severo, Danielle Esmeraldo, Capitão Alfredo Bonessi, Tomaz Cisne e Archimedes
Marques com sua esposa Elane Marques.
Saudades, caboco véio!
Enviado pelo escritor e pesquisador do cangaço
José Bezerra Lima Irmão, autor do livro "LAMPIÃO A RAPOSA DAS CAATINGAS".
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
http://jmpminhasimpleshistorias.blogspot.com
http://sednemmendes.blogspot.com
http://mendespereira.blogspot.com
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