Por Sálvio Siqueira
plantiodireto.com.br
Prezados, é do conhecimento de todos que houve 'aquelas entradas' nas fileiras do Cangaço, cada qual por sua razão, motivo e/ou circunstância.
Algumas foram para livrarem-se de inimigos, essa, acometida pelos dois lados, Cangaço e Volante. Por vingança e ainda por vaidade, em busca de melhores posses, ser dono de si mesmo... e por aí vai...
Prezados, é do conhecimento de todos que houve 'aquelas entradas' nas fileiras do Cangaço, cada qual por sua razão, motivo e/ou circunstância.
Algumas foram para livrarem-se de inimigos, essa, acometida pelos dois lados, Cangaço e Volante. Por vingança e ainda por vaidade, em busca de melhores posses, ser dono de si mesmo... e por aí vai...
Mas, há aquelas que tendem a nos chamar atenção por vermos um outro motivo. O sertanejo, daquela época, tinha seus rigores na vida. Eram homens acostumados a um tipo de trabalho que pouco o acompanhavam na dureza diária.
Naqueles
negros dias, para apanhar, o sertanejo bastava apenas ser parente de algum
cangaceiro. Ora, se uma pessoa entrava para o cangaço, algum parente, pai, mãe,
irmão, primo ou mais afastado parentesco ainda, o que tinham como culpa? Ele
entra nas fileiras do cangaço, e que culpa teriam aqueles que em casa ficavam?
Que culpa teriam aqueles que procuravam seguir suas vidas, com seus filhos,
netos e esposas, dando conta dos afazeres das propriedades rurais? Nenhuma. No
entanto, não sabe-se por que, muitos dos que formavam as fileiras das volantes,
contratados ou não, sentiam imenso prazer em feri-los, maltratá-los,
humilha-los e, até mesmo, matá-los.
Sertanejo retirando água de cacimba colegioativoliterativo.blogspot.com
Augusto,
primo do cangaceiro Zé Baiano, sertanejo trabalhador, respeitador, pacato e
manso que dava dó, foi, por diversas vezes aporrinhado pelos homens das
volantes. Sem nada dever, sem culpa ter de um parente seu, por ironia do
destino, tornar-se no "Cangaceiro Ferrador", pagava, e caro, esse
parentesco.
Cangaceiro Zé Baiano- tokdehistoria.com.br
Em certos dias, depois de uma boa prosa com sua esposa, juntam seus 'cacos', e com seus quatros descendentes partem da sua terra querida. Vão à procura de um lugar distante, para poderem criar seus filhos em paz.
Seguem
seu caminho, cheios de esperanças. Na pequena bagagem, ia pouca coisa, mas, em
seus corações, havia um oceano de esperança e fé.
Conseguem
abrigo em uma fazenda no município de Carira, cidade do Estado sergipano, e
quem os acolhe é um tenente da Guarda Nacional, que tem como nome Alexandre.
Seguem os dois, ele e a esposa, um ajudando o outro, na lida do dia- a a dia.
Sem saberem o porquê, nem de onde tinham saído, um montam de gente, certa
noite, batem em sua porta e o mandam abrir. Se nada estar entendendo, pergunta
o que se passa de dentro da casa. Os homens derrubam a porta e adentram em seu
lar, gritando impróprios e já lhe acuando na ponta da botina. Rolando pelo frio
e duro piso, grita de dor a cada botinada. Mesmo assim, consegue ver que alguns
soldados entram no quarto onde encontra-se sua esposa, que mantém-se em estado
puerpério, pois tinha tido um filho há poucos dias. Os volantes, ao passarem a
soleira da porta do quarto, um deles, saca do punhal. E quando aproxima-se da
mulher, que grita desvairadamente, pedindo socorro, perfura seus seios. A dor é
intensa. O sangue jorra como que fosse de uma fonte, por uma perfuração no
solo, e ela, sem mais suportar, desmaia.
Augusto, todo machucado, com muitas escoriações e algumas costelas fraturadas,
depois de muito tentar, consegue sentar e, em seguida, pôr-se de pé. Corre para
o quarto e tenta reanimar sua amada, que ainda encontra-se desmaiada. Há muito
custo, consegue falar com ela, choram abraçados. E se perguntando porque o
tenente Francisco Moutinho Dourado, mais conhecido por 'Douradinho' tinha feito
aquilo com eles.
O sertanejo perde toda a vontade de viver como gente decente e, depois de
muito pensar, avisa a sua querida que vai entrar para o cangaço, pois tinha que
vingar o que os soldados volantes tinham feito com ela. Ela, desesperada,
implora para que não faço aquilo. Tenta, a todo custo, convence-lo para irem
embora pra mais longe, e criarem seus filhos. Nada, nem ela nem ninguém
conseguiria tirar essa mágoa do seu peito, se não a visão de um soldado
tombando morto.
Com seu coração partido, seus olhos cheios de lágrimas, despede-se dela e
de seus amados filhos. Juntando-se ao grupo do primo, Zé Baiano. Comunica ao
mesmo que de agora por diante passará a se chamar Meia-Noite. Adotando, ele
seria o terceiro com essa alcunha, o nome do maior dentre os guerreiros do sol.
Este é o codinome de um dos cangaceiros mais valentes que apareceu no sertão
nordestino, se não foi o maior.
Lá estando, a saudade invade sua
alma e começa a consumi-lo devagar. Resolve então, escrever e mandar uma carta
para sua amada:
(Carta/bilhete, 'pescada' no livro "Lampião além da versão -
Mentiras e mistérios de angico", de autoria do inesquecível Alcino Alves
Costa, em sua 2ª edição, pg 191)
Volante comandada por Zé Rufino(primeiro a esquerda de quem olha)
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Augusto,
o agora Meia-Noite, tem seu primeiro e único tiroteio, logo contra o maior, o
mais astuto dos comandantes de volantes que no cangaço brotou, Zé Rufino. Seu
primo e os demais correm, ele tenha jurado a Jovelina de não correr. Seu
parente, os outros cangaceiros e até mesmo Lampião, tinham aconselhado ele como
agir, no entanto, ele não arredou o pé de onde estava e enfrentou, sozinho, a
volante, morreu ali, e teve sua cabeça decepada e mandada como troféu pelo
comandante da volante.
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