Por Geraldo Maia do Nascimento
Em
9 de novembro de 1870, através da Lei Provincial nº 260, a vila de Mossoró era
elevada ao Predicamento de cidade. O projeto foi do Deputado Provincial Antônio
Joaquim Rodrigues, vigário colado de Mossoró, com assento pela sexta vez na
Assembleia do Estado.
Mossoró
foi emancipada em 15 de março de 1852. Naquela data, era publicado o Decreto
Provincial de nº. 246, criando o MUNICÍPIO DE MOSSORÓ, desmembrado do Município
do Açu e estabelecia a criação da sua Câmara. Acontece, no entanto, que naquela
época o povoado não tinha nenhuma atividade econômica que justificasse o ato,
sendo a emancipação uma manobra política de Antônio Joaquim Rodrigues,
Presbítero Secular e Pároco Colado na Paroquial Igreja de Santa Luzia do
Mossoró, que era Deputado Provincial, para o desenvolvimento da região. Por
esse motivo, o povoado foi emancipado como vila e não como cidade.
Para
cumprir o que determinava a lei de emancipação, deveria ser instalada a sua
Câmara. Isso aconteceu em 24 de janeiro de 1853, quando o padre Freire assumiu
a Intendência, sendo ele o primeiro governante do novo município e vila de
Mossoró.
E
23 de maio de 1861, oito anos após a instalação da Câmara, era instalada também
a Comarca de Mossoró, sendo a sexta Comarca da Província. O seu primeiro Juiz
de Direito foi o Dr. João Querino Rodrigues da Silva, tendo o Dr. Manuel José
Fernandes exercido à primeira Promotoria Pública da nova Comarca.
O
período que se seguiu entre os anos de 1862 a 1870 foi de grande expansão
comercial para Mossoró. O historiador Raimundo Nonato cunhou a expressão “Ciclo
Áureo do Negociante Estrangeiro” para caracterizar esse período. A pecuária já
não produzia mais riqueza. Descrentes do resultado da luta das fazendas com o
gado sem resistir ao rigor de prolongadas estiagens e onde os rebanhos
decresciam de número e de valor, os antigos fazendeiros procurariam outro meio
de vida, abraçando a atividade mercantil, bem mais rendosa e de menor
investimento. Essa nova atividade floresceu em Mossoró, graças à situação
privilegiada que se encontrava a vila: equidistante de duas capitais, onde o
comércio podia se abastecer e entre o sertão e o mar, passando a contar,
inclusive, com um pequeno porto, por onde recebia os produtos manufaturados e
exportava os produtos naturais vindos do sertão. Aí chegaram os comerciantes
estrangeiros; trazido pelas mãos do vigário Antônio Joaquim, ainda como
Deputado Provincial, veio o suíço Johan Ulrich Graf, instalando aqui um império
comercial, a Casa Graff, grande suficiente para justificar a contratação de
navios inteiros de mercadorias vindas do velho mundo, a para lá levando as
nossas matérias primas. A Casa Graff foi instalada em Mossoró em 1867. Outros
grandes comerciantes vieram aqui se instalar, vindos principalmente do Ceará,
embalados pelos negócios crescentes da “Praça de Mossoró”. O desenvolvimento
foi tanto que Mossoró tornou-se “Empório Comercial” do sertão potiguar. E assim
chega o ano de 1870.
Em
9 de novembro de 1870, através da Lei nº. 620, da mesma data, a vila de Mossoró
era elevada à categoria de cidade, com o nome de Cidade de Mossoró.
A elevação da vila de Mossoró ao predicamento de cidade representou um avanço
muito mais econômico do que político, haja vista que nada mudou em relação ao
governo municipal. O tenente-coronel da Guarda Nacional Luiz Manuel de
Filgueira, que havia assumido o governo municipal em 1869, mal se deu conta da
mudança, prosseguindo com a sua gestão até 1872 quando, através de eleição,
passou o cargo para também tenente-coronel da Guarda Nacional Miguel Arcanjo G.
de Melo que ocupava o posto já pela 3ª vez.
E
assim, de etapa em etapa, o pequeno povoado de Santa Luzia do Mossoró tornou-se
vila e depois cidade, dissociando-se do nome da fazenda e absorvendo apenas o
nome do rio, passando a ser Cidade de Mossoró.
Geraldo
Maia do Nascimento
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