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quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

COMBATE NA PERI – PERI E FAVELA


Naquele tempo, muito das vezes, a Força e o grupo de cangaceiros passavam dias, semanas e até meses embrenhados nas caatingas.

Uns se faziam necessário para sumirem... Para despistarem seus perseguidores. Os outros tinham que descobrir os rastros deixados pelos cangaceiros e seguirem-no... Assim passou muito da vida daqueles que viveram nas fileiras do cangaço.


Próximo à cidade de Juazeiro – BA, certa feita, Lampião está na mata com sua cabroeira...

... de repente, começa um tiroteio intenso contra uma volante. O “Rei Vesgo”, divide seu grupo e, dando ordens ao cangaceiro Zé Baiano, manda que siga para outra fazenda e procure emboscar os soldados por lá.

O cangaceiro Zé Baiano

Segundo relato de ex cangaceiros, muitos dos embates não tinham a finalidade de matar os volantes. Faziam-se necessário imporem-se e, através da ‘espoleta quebrando’, encontrar tempo e rota de fuga... Muitas estratégias em guerra de movimento foram utilizadas pelos dois lados, nas semi-áridas terras sertanejas.


Zé Baiano segue para fazenda Favela e seu chefe-mor, fica na fazenda Peri – Peri. O interessante é que quase simultaneamente os dois grupos abrem combate contra a Força Policial. “A 24 de março de 1930 estourou um combate na Fazenda Peri-Peri, próxima a Juazeiro, estendendo-se até a Fazenda Favela”. Na batalha, feriram-se o sargento Aderbal Borges, e os soldados Calixto Eleuterio dos Santos e José Domingos dos Santos. O primeiro soldado teve três ou duas costelas do lado esquerdo fraturadas por tiros e outro uma das coxas varada e o polegar esquerdo. Já o comandante da patrulha teve ferimento na altura da mandíbula, no lado direito da face, onde o projétil penetrou, tendo ‘saído’ pelo lado esquerdo do lábio inferior.


Sobre essa batalha, veremos a seguir o depoimento de um dos chefes dos subgrupos de Lampião, que lá estava...


Trata-se de Ângelo Roque, conhecido como o cangaceiro “Labareda”, que faz o seguinte relato a Estácio de Lima:

“"Nóis ia viajano, um dia, na rodage i topemo us macaco du sargento ADERBÁ... Nóis nun teve certeza si êles vinha da FAVELA, ou du JUAZÊRO. Sustentemo um fôgo currido, i mergúiemo na caatinga. Us macaco perdero a pista. E nóis tinha ali pru perto um pôso que nun era bom, mas porém sirvia. Cumpade LAMPIÃO riuniu us pessoá i mandô ZÉ BAIANO imboscá a istrada di FAVELA i nós fiquemo di imboscada na istrada di JUAZÊRO. Peguemo, aí, um portadô, i toquemo-lhe o pau, i tomemo um dinhêro qui ficô cum LAMPIÃO. Dinhêro era perciso, mas nun fartava, vino dus Coroné, dus amigo, di quem fô. U capitão deu orde i dispachô um camarada pra buscá mais u’a importânça in JUAZÊRO. Nóis fumo denunciado pru êsse cabrinha faladô i tivemo duas brigada, pra bem dizê uma pru riba da outa. ZÉ BAIANO cum a volante qui vinha da FAVELA i LAMPIÃO cum nóis, di nôvo brigano mais um sargento ADERBÁ i us macaco dêle. A orde nun era pra nóis combatê pra valê, inté u fim. Nóis di nôvo arricuemo, si sumino, pra vortá na casião dérêita. I sempre gritano, subiano, discompono. Nu’a dessas casião, u fôgo cerrô feio, i u sargento ADERBÁ, cum dispusição di home, vançô pra nóis, quereno cabá cá gente, i entonces si discubriu. Levô um tiro danado qui firiu na cabêça, bem nus quêxo da cara; nóis subemo qui foi coisa fêia, mais porém u sargento guentô cumo home i u resto dus macaco nun correro. ADERBÁ inda véve, sendo Coroné da Puliça. Nóis ivitô cuntinuá nas brigada dêsse dia, apois nun paricia havê vantage pra nóis. Cumpadi LAMPIÃO deu siná i nóis abrimo caatinga adentro. ZÉ BAIANO já tinha chegado, mas VORTA SÊCA tava sumido. Ninguém creditô qui êle tivesse sido matado! Drumiu nu mato, i nu outo dia quando nóis tava distanciado i cumecemo a cantá MULÉ RENDÊRA, VORTA SÊCA chegô, contano qui teve pirdido, i achô nóis pulo canto da MULÉ RENDÊRA."(cangaconabahia.blogspot.com)

Foto Blog Ct. - Benjamin Abrahão

Fonte: facebook
Página: Sálvio Siqueira

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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