(*)
Rinaldo Barros
Começo
lembrando ecos do nosso passado, nosso pecado original: o Brasil, ao
abolir a escravidão, em 1888, não garantiu aos negros o acesso a uma educação
de qualidade. Esse registro histórico é importante para explicar o enorme
déficit que se foi acumulando devido a essa omissão do poder público
brasileiro. Em decorrência disso, a marca da desigualdade vem sendo passada de
geração a geração. Relembro: 53% da população brasileira é composta por negros
e descendentes.
Daí a grande
responsabilidade que pesa sobre nossos ombros para mostrar que não serão em vão
os esforços para adquirir cultura e conhecimento. Do jeito que está hoje a
situação, no patropi, é muito difícil convencer um jovem de que ele será capaz
de ganhar mais dinheiro se continuar numa escola do que se entrar no circuito
das drogas. O pior é que as evidências cotidianas provam o contrário.
No caso do
Brasil, há ainda o obstáculo do egoísmo secular e abissal das elites que se
recusam a enfrentar esse quadro dramático e a fazer o que está ao seu alcance.
Paradoxalmente,
todo mundo concorda que o grande desafio é transformar a Educação em alavanca
do desenvolvimento. Nesta direção, os investimentos em tecnologia e,
particularmente, as tecnologias de informação e comunicação (TICs), podem ser
de grande ajuda nesse processo.
Está mais do
que comprovada a contribuição positiva que as tecnologias de comunicação podem
dar na ampliação do acesso à educação e na melhoria da qualidade de materiais
de aprendizagem a custos significativamente menores que os envolvidos em outras
modalidades mais tradicionais de ensino quando populações grandes e dispersas
devem ser atendidas.
A UNESCO tem
procurado apoiar todas as possíveis formas de estender educação de qualidade ao
maior número de pessoas possível e, no caso do uso das TICs, chama a atenção
para o fato de que o uso combinado de várias tecnologias é provavelmente a
melhor forma de atender aos fins educacionais.
A base para
uma adequada combinação de tecnologias na Educação é o reconhecimento de que se
devem mobilizar todos os recursos tecnológicos disponíveis para fins
educacionais; e que os livros podem ser enriquecidos por outros meios para
compor os elementos centrais na construção do conhecimento.
A educação
presencial é ainda dominante, mas as universidades brasileiras, públicas e
privadas, já começaram a oferecer cursos à distância, particularmente para a
capacitação de professores.
A Internet já
é um meio adotado por algumas escolas e universidades e é preciso estimular
novas experiências na aplicação de tecnologias ao ensino no Brasil, seja na
sala de aula ou à distância, na educação formal ou nas várias modalidades de
educação continuada, ao longo da vida.
Vibro quando
imagino que é possível nos apropriar da Tecnologia da Informação
e Comunicação para construir redes solidárias, que articulem experiências e práticas
testadas historicamente, construindo para a nossa terra uma alternativa
humanizadora, inclusiva, democrática e cidadã.
Sonho com a
metrópole digital, falo de e-governo, o governo inteligente, onde o
Prefeito da capital estará conectado permanentemente com seus auxiliares,
outros prefeitos, outros níveis de governo e com o Terceiro Setor, em tempo
real. Seria como nos redimir, reconciliando nossa sociedade com o seu
futuro.
A Educação é o
principal vetor capaz de alinhar o desenvolvimento econômico com o social - um
dos grandes desafios brasileiros. Portanto, valorizar a oferta de uma educação
de qualidade, e não de qualquer educação, é um passo decisivo para um país mais
justo. Isso significa oferecer a todos uma educação básica que leve o aluno a aprender
o que é esperado a cada ano escolar, que o possibilite a concluir o ensino
médio na idade correta, aos 17 anos de idade; e que o capacite a dar
prosseguimento aos estudos, no ensino superior ou na formação que escolher para
se preparar para o mundo do trabalho.
A educação de
boa qualidade é fundamental como elemento de libertação e de justiça social. O
colapso do sistema educacional brasileiro é pior do que a pobreza da nossa
população. Por isso, devemos dar à educação brasileira um clamor de
urgência nacional, de total prioridade.
Atualmente,
com um cenário de corrupção sistêmica, alta de juros, dólar e inflação nas
alturas, desemprego assustador, famílias endividadas, insatisfação popular
crescente, greves de diversas categorias profissionais, vácuo de liderança,
ausência de governabilidade, e investidores ainda com medo do Brasil; a
Educação de qualidade, a Reforma do Ensino Fundamental e Médio, que era um
assunto que estava anos-luz da realidade política brasileira, agora, está na
Ordem do Dia.
Este debate
sobre o papel da Educação, mais do que nunca, é importante para o
fortalecimento da Democracia e o caminho para a dinamização da Economia. Será
a Educação reconciliando o Brasil.
(*) Rinaldo
Barros – rb@opiniaopolitica.com
Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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