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quarta-feira, 30 de novembro de 2016

QUEM RECEBEU A CARTA DE LAMPIÃO


Algumas obras literárias, narram que o Governador de Pernambuco que recebeu a carta de Lampião, enviada logo após o combate da Serra Grande, referindo ao governante dividir o Estado em dois, o cangaceiro governaria dos trilhos da linha de trem de Rio Branco, Arcoverde, até o final do Estado, sentido oeste, e o governador governaria das linhas citadas até a quebrada do mar, litoral do Estado, seria Estácio Coimbra.

Lampião foto colorida pelo amigo e pesquisador do cangaço Rubens Antonio

A CARTA:

“Senhor governador de Pernambuco,
Suas saudações com os seus.

Faço-lhe esta devido a uma proposta que desejo fazer ao senhor para evitar guerra no sertão e acabar de vez com as brigas. (...) Se o senhor estiver no acordo, devemos dividir os nossos territórios. Eu que sou capitão Virgulino Ferreira Lampião, Governador do Sertão, fico governando esta zona de cá por inteiro, até as pontas dos trilhos em Rio Branco. E o senhor, do seu lado, governa do Rio Branco até a pancada do mar no Recife. Isso mesmo. Fica cada um no que é seu. Pois então é o que convém. Assim ficamos os dois em paz, nem o senhor manda seus macacos me emboscar, nem eu com os meninos atravessamos a extrema, cada um governando o que é seu sem haver questão. Faço esta por amor à Paz que eu tenho e para que não se diga que sou bandido, que não mereço. Aguardo a sua resposta e confio sempre.

Capitão Virgulino Ferreira Lampião, Governador do Sertão.”(www2.uol.com.br)

Governador de Pernambuco Sérgio Teixeira Lins

Sabemos que, na data do envio da carta, assim como a anterior onde ocorreu o conflito entre Cangaceiros e Volantes, 26 de novembro de 1926, o governo do Estado estava sendo dirigido pelo Presidente da Assembleia Legislativa, já que o Governador do Estado de Pernambuco, Sérgio Teixeira Lins de Barros Loreto, deixara o cargo em 18 de outubro de 1926. Júlio de Melo, na ocasião era o Presidente da Assembleia Legislativa do Estado, passando a governa-lo até a posse do governador Estácio de Albuquerque Coimbra, que realizar-se-ia em 12 de dezembro de 1926.

Presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco que assume, interinamente o governo de 18 de outubro de 1926 a 12 de dezembro de 1926 - Júlio de Melo

Júlio de Melo como Presidente da Assembleia, assume o governo de 18 de outubro de 1926 a 12 de dezembro de 1926.

Vejamos o que diz Moacir Assunção em reportagem no História Viva (http://www2.uol.com.br), em uma matéria intitulada “O desafio do "governador do sertão"”:

“Ninguém sabe ao certo até onde foi a surpresa do então governador de Pernambuco, Júlio de Melo, naqueles primeiros dias de dezembro de 1926, quando recebeu das mãos do chefe de polícia Antônio Guimarães uma desaforada carta de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, propondo nada menos que a divisão do estado em dois e a indicação dele - Lampião - como "governador do sertão", título que os jornais locais estavam lhe conferindo, depois de muitas estripulias cometidas por seu bando (...).” (blog Ct.)

Pois bem, quem realmente recebeu a missiva de Virgolino, foi o então governador provisório Júlio de Melo, já que a carta é enviada logo após a batalha da Serra Grande. Aliás, no topo da Serra, enquanto seus ‘cabras’ combatiam o avança da volante, Lampião escrevia a carta. Relato feito por um de seus reféns, na ocasião.

Governador de Pernambuco Estácio de Albuquerque Coimbra

Ao passar o cargo para o Governador eleito, Estácio Coimbra, então esse, montando seu secretariado, nomeia Eurico de Souza Leão, jovem advogado natural da Zona da Mata pernambucana, como Chefe de Polícia.

Chefe político Eurico de Souza Leão

Uma pincelada sobre a vida pública de Estácio de Albuquerque Coimbra:
“Filho de João Coimbra, membro de uma família modesta de lavradores portugueses que vieram morar no Brasil, e Francisca de Albuquerque Belo Coimbra, estudou na Faculdade de Direito do Recife onde se graduou em 1892. De volta à sua cidade natal passou a exercer a advocacia em paralelo à sua atividade política. Fundador do Partido Republicano de Barreiros, foi eleito prefeito do município em 1894, deputado estadual em 1895, e deputado federal em 1899, quando já estava ligado politicamente a Rosa e Silva, vice-presidente da República durante o mandato de Campos Sales entre 1898 e 1902. Sua trajetória assinala um fato curioso, o de que, em 1907, Estácio Coimbra acumula os mandatos de deputado federal e deputado estadual.”

“Na qualidade de presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco assume o governo do estado entre 6 de setembro e 13 de dezembro de 1911 enquanto se processam novas eleições em razão da renúncia do governador e da recusa do vice-governador em sucedê-lo. Novos embates, contudo, o levam também a deixar o governo. Retornou à política como deputado federal nos anos de 1915, 1918 e 1921, sendo eleito vice-presidente da República na chapa de Artur Bernardes exercendo o mandato entre 1922 e 1926 cumulando o cargo com a função de presidente do Senado Federal. Retornou ao governo de Pernambuco onde permaneceu de 1926 a 1930 sendo destituído com o irromper da Revolução de 1930, cujo êxito o faz deixar o país às pressas.”

Fonte www2.uol.com.br
ALMANAQUE ABRIL 1986. 12ª edição. São Paulo, Abril, 1986.

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