Por Sálvio Siqueira
Algumas obras
literárias, narram que o Governador de Pernambuco que recebeu a carta de
Lampião, enviada logo após o combate da Serra Grande, referindo ao governante
dividir o Estado em dois, o cangaceiro governaria dos trilhos da linha de trem
de Rio Branco, Arcoverde, até o final do Estado, sentido oeste, e o governador
governaria das linhas citadas até a quebrada do mar, litoral do Estado, seria
Estácio Coimbra.
Lampião foto colorida pelo amigo e pesquisador do cangaço Rubens Antonio
A CARTA:
“Senhor
governador de Pernambuco,
Suas saudações com os seus.
Suas saudações com os seus.
Faço-lhe esta devido a uma proposta que desejo fazer ao senhor para evitar guerra no sertão e acabar de vez com as brigas. (...) Se o senhor estiver no acordo, devemos dividir os nossos territórios. Eu que sou capitão Virgulino Ferreira Lampião, Governador do Sertão, fico governando esta zona de cá por inteiro, até as pontas dos trilhos em Rio Branco. E o senhor, do seu lado, governa do Rio Branco até a pancada do mar no Recife. Isso mesmo. Fica cada um no que é seu. Pois então é o que convém. Assim ficamos os dois em paz, nem o senhor manda seus macacos me emboscar, nem eu com os meninos atravessamos a extrema, cada um governando o que é seu sem haver questão. Faço esta por amor à Paz que eu tenho e para que não se diga que sou bandido, que não mereço. Aguardo a sua resposta e confio sempre.
Capitão
Virgulino Ferreira Lampião, Governador do Sertão.”(www2.uol.com.br)
Governador de Pernambuco Sérgio Teixeira Lins
Sabemos que,
na data do envio da carta, assim como a anterior onde ocorreu o conflito entre
Cangaceiros e Volantes, 26 de novembro de 1926, o governo do Estado estava sendo
dirigido pelo Presidente da Assembleia Legislativa, já que o Governador do
Estado de Pernambuco, Sérgio Teixeira Lins de Barros Loreto, deixara o cargo em
18 de outubro de 1926. Júlio de Melo, na ocasião era o Presidente da Assembleia
Legislativa do Estado, passando a governa-lo até a posse do governador Estácio
de Albuquerque Coimbra, que realizar-se-ia em 12 de dezembro de 1926.
Presidente
da Assembleia Legislativa de Pernambuco que assume, interinamente o governo de
18 de outubro de 1926 a 12 de dezembro de 1926 - Júlio de Melo
Júlio de Melo
como Presidente da Assembleia, assume o governo de 18 de outubro de 1926 a 12
de dezembro de 1926.
Vejamos o que
diz Moacir Assunção em reportagem no História Viva (http://www2.uol.com.br), em uma matéria intitulada “O
desafio do "governador do sertão"”:
“Ninguém sabe
ao certo até onde foi a surpresa do então governador de Pernambuco, Júlio de
Melo, naqueles primeiros dias de dezembro de 1926, quando recebeu das mãos do
chefe de polícia Antônio Guimarães uma desaforada carta de Virgulino Ferreira
da Silva, o Lampião, propondo nada menos que a divisão do estado em dois e a
indicação dele - Lampião - como "governador do sertão", título que os
jornais locais estavam lhe conferindo, depois de muitas estripulias cometidas
por seu bando (...).” (blog Ct.)
Pois bem, quem
realmente recebeu a missiva de Virgolino, foi o então governador provisório
Júlio de Melo, já que a carta é enviada logo após a batalha da Serra Grande.
Aliás, no topo da Serra, enquanto seus ‘cabras’ combatiam o avança da volante,
Lampião escrevia a carta. Relato feito por um de seus reféns, na ocasião.
Governador
de Pernambuco Estácio de Albuquerque Coimbra
Ao passar o
cargo para o Governador eleito, Estácio Coimbra, então esse, montando seu
secretariado, nomeia Eurico de Souza Leão, jovem advogado natural da Zona da
Mata pernambucana, como Chefe de Polícia.
Chefe político Eurico de Souza Leão
Uma pincelada
sobre a vida pública de Estácio de Albuquerque Coimbra:
“Filho de João
Coimbra, membro de uma família modesta de lavradores portugueses que vieram
morar no Brasil, e Francisca de Albuquerque Belo Coimbra, estudou na Faculdade
de Direito do Recife onde se graduou em 1892. De volta à sua cidade natal
passou a exercer a advocacia em paralelo à sua atividade política. Fundador do
Partido Republicano de Barreiros, foi eleito prefeito do município em 1894,
deputado estadual em 1895, e deputado federal em 1899, quando já estava ligado
politicamente a Rosa e Silva, vice-presidente da República durante o mandato de
Campos Sales entre 1898 e 1902. Sua trajetória assinala um fato curioso, o de
que, em 1907, Estácio Coimbra acumula os mandatos de deputado federal e
deputado estadual.”
“Na qualidade
de presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco assume o governo do
estado entre 6 de setembro e 13 de dezembro de 1911 enquanto se processam novas
eleições em razão da renúncia do governador e da recusa do vice-governador em
sucedê-lo. Novos embates, contudo, o levam também a deixar o governo. Retornou
à política como deputado federal nos anos de 1915, 1918 e 1921, sendo eleito
vice-presidente da República na chapa de Artur Bernardes exercendo o mandato
entre 1922 e 1926 cumulando o cargo com a função de presidente do Senado
Federal. Retornou ao governo de Pernambuco onde permaneceu de 1926 a 1930 sendo
destituído com o irromper da Revolução de 1930, cujo êxito o faz deixar o país
às pressas.”
Fonte
www2.uol.com.br
ALMANAQUE ABRIL 1986. 12ª edição. São Paulo, Abril, 1986.
Foto cangaçonabahia.com
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Wikipédia
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