Por Antonio Corrêa Sobrinho
AMIGOS,
O lateral e
capitão da seleção brasileira de futebol, campeã mundial em 1958, na Suécia,
Hilderaldo Luís BELLINI, celebrizado, sobretudo, pelo seu gesto inusitado ao
erguer para o alto a taça Julis Rimet, logo após a inédita conquista, tinha uma
característica pouco ou não conhecida de nós outros, a de ser um dos jogadores
mais duros e violentos no campo de jogo, a ponto de ensejar crítica, como esta
que trago, extraída das colunas de O GLOBO. Na matéria, este jogador, em tom de
brincadeira, é comparado, no seu modo ríspido e destemido de jogar futebol, de
disputar bolas e proteger sua zaga, ao de lutar do cangaceiro Lampião.
Tal qual a naturalidade com que tratamos da violência como essência do cangaço, especialmente a praticada por Lampião e seus asseclas, de igual maneira devemos ver e considerar o modus operandi, a forma dura e nem sempre leal como se travavam as pelejas do esporte bretão, na época de Bellini, especialmente por parte dos zagueiros. Consideração que devemos, sim, fazê-lo, até para que não pareça que estamos aqui a desqualificar e desmerecer o nosso campeão.
Pelo menos no futebol, tenho a sensação de que estamos evoluindo cada vez mais para um estágio de maior intolerância à violência nos jogos de futebol, tão admitida, embora já criticada, nos tempos de Belini. Hoje, é preocupação das arbitragens combatê-la, refreá-la, causadora de punições severas.
Mas, está aí, meus amigos, algo que eu não desconhecia (risos), que o primeiro capitão da seleção brasileira campeã mundial, Bellini, era fã do grande capitão das caatingas, se verdadeiras as palavras do diário carioca.
“TORNEIO DOS TARADOS”
É com grande
satisfação que informamos a todos que Beline acabou mesmo inscrevendo-se no
“Torneio dos Tarados”. Isto significa que existe renovação de valores no
“sindicato do crime”. Os mais velhos vão cedendo o lugar aos jovens
esperançosos na longa estrada dos “fora da lei”.
Bellini, sendo ainda muito moço, tem um grandioso futuro. Poderá até matar alguém! Desde menino que o zagueiro vascaíno é chegado a estas coisas. Todos os garotos da rua em que ele morava colecionavam figurinhas com as caras dos jogadores. Menos o Belini que juntava retratos do Lampião.
Imagem de Lampião usada pelo Jornal para ilustrar esta matéria.
Quando um garoto mostrava o retrato do Friendereich, Bellini dava uma gargalhada e dizia:
- Ah! Ah! Ah! Se este cara se meter a driblar o Lampião, leva logo uma facada no olho! Ninguém tem peito para driblar o “maior do mundo”!
Não adiantava explicar que o Lampião não havia sido jogador de futebol, porque vinha logo a resposta:
- Não jogava porque não queria! Se quisesse, qual era o palhaço que ia dizer que não?
Por isso, quando algum suicida tenta driblar o Belini, está arriscando a vida. Ele faz o que o “cangaceiro nº 01” fazia.
O substituto do Augusto só se queixa de uma coisa em ser “tarado do futebol”:
- No dia do jogo a chuteira da gente fica apertada! Ela começa a nos machucar. Fica molhada de sangue e encolhe, apertando os nossos calos...
Jornal "O
Globo" – 15/10/1953
Fonte: facebook
Página: Antonio Corrêa Sobrinho
Grupo: Lampião, Cangaço e Nordeste
Link: https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário