Material do acervo do pesquisador Antonio Corrêa Sobrinho
Um simpático
amigo e patrício, oficial do Exército, me escreve uma carta para me censurar
pelas minhas afirmações em conferência proferida na Faculdade de Direito, a
propósito de cangaceirismo. Adianta o meu patrício que é forçar os fatos
atribuir gênio militar a um bandido que sempre agiu como bandido.
Aí é que está o mal-entendido do amigo coronel Mindelo, em olhar o homem exclusivamente pela sua miséria moral. Houve misérias morais em atos de Napoleão e de Alexandre. Para os alemães e para os persas da época estes dois gênios militares não passariam de monstros. E ainda hoje todos nós falamos de Átila como se fosse ele um Lampião em ponto grande. Os grandes cabos de guerra são gênios que chegaram à grandeza pela arte militar. Se tivesse ficado na Córsega, talvez que Napoleão não passasse de um terrível guerrilheiro perdido nos rochedos. A escola de guerra deu ao seu gênio a universalidade. O que havia em Lampião era o crime. Nunca esteve ele em posição de exprimir qualquer reivindicação do povo. O que havia de errado na sociedade, ele ainda mais agravou pela sua violência inclemente. Mas negar-lhe o poder da inteligência para armar as suas ciladas e derrotar os seus inimigos, seria simplificar por demais as coisas.
Jornal O GLOBO
– 25/11/1953 (Matutina, Geral, página 03)
O curioso é
que este artigo de José Lins do Rego foi publicado exatamente 24 anos depois da
triunfal entrada de Lampião à cidade de Capela, momento em que o cangaceiro-mor
portou-se de forma pacífica e educada, permitindo-se, até, ser testado por
moradores.
Fonte: facebook
Página: Antonio Corrêa Sobrinho
Grupo: Lampião, Cangaço e Nordeste
Link: https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/permalink/642609522614662/
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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