Caro Jerdivan
Nóbrega de Araujo , parabéns pelo artigo que trata da história dos loucos de
Pombal/PB. Da loucura explícita, real, mansa, muito diferente dos loucos de
hoje.Dos que se fazem de loucos para comer o coveiro, como dizia
sarcasticamente o finado Garcia, cachaceiro de primeira, e velho jogador do São
Cristóvão.
Meu louco preferido era Barrão.
Era um homem baixo e moreno. Andava meio cambaleando, como se fosse cair, sempre com um saco no ombro e uma lata de goiabada na mão que também servia de prato.
Acho que era natural de Patos.
No tempo que o conheci ele ficava no antigo Posto Texaco, perto da minha casa, na Rua Odilon Lopes com a antiga Rua da Rodagem, cujo proprietário era Lauri Paixão, a quem Barrão tinha grande respeito.
O fato de escolher um posto de gasolina como local de moradia mostra que ele era diferenciado. Como gostava de viajar, de passar períodos em cidades diferentes, estando em um posto facilitava a carona.
Assisti dezenas de vezes ele partir para cima de mulheres e moleques tendo como arma uma pedra ou sua inseparável lata de goiabada.
Os moleques, eu, no meio, se escondiam por traz dos caminhões e berravam: barrão, barrão, barrão... Ele batia a lata na cabeça e partia em nosso encalce. Claro que nem chegava perto. Se fosse hoje...
Conversei algumas vezes com Barrão. Ele não guardava magoa. A sua revolta era momentânea. Era uma resposta a quem insistia em lhe desrespeitar.
Nas conversas, geralmente com adultos por perto, ele falava que era valente e que ia meter bala na gurizada.
Lauri Paixão, certa feita, para ver se ele tinha alguma noção sobre arma tirou as munições e o entregou seu revolver 38. Ele pegou a arma, mas, rapidamente, a devolveu. Não tinha a menor intimidade. Não sabia nem pegar no cabo.
Seu conhecimento de arma era igual ao do nosso conector maior, José Tavares, Boquinha para os íntimos, cujo revolver é a caneta, alias, as teclas mágicas do seu computador, que diariamente manda belas balas para o Brasil e para o mundo, recheadas, sempre, de informações relevantes e picantes sobre a vida na terrinha.
Principalmente de assuntos políticos. As balas do Boquinha, na verdade, foram eficientes nessa campanha eleitoral.Acertou importantes alvos.
Mas, Barrão, por sua vez, a exemplo do velho ponta esquerda de Pombal, Dilau, gostava de brigar com a arma mais primitiva que o homem criou: a pedra. Hoje, passados quase quarenta anos desses fatos, se pudesse pedia desculpas, humildemente, aos loucos de Pombal, em especial a Barrão. Esses homens, com suas perturbações e genialidades, como dizia minha mãe, dona Zuíla, deixaram suas marcas na nossa Pombal de antigamente.
Meu louco preferido era Barrão.
Era um homem baixo e moreno. Andava meio cambaleando, como se fosse cair, sempre com um saco no ombro e uma lata de goiabada na mão que também servia de prato.
Acho que era natural de Patos.
No tempo que o conheci ele ficava no antigo Posto Texaco, perto da minha casa, na Rua Odilon Lopes com a antiga Rua da Rodagem, cujo proprietário era Lauri Paixão, a quem Barrão tinha grande respeito.
O fato de escolher um posto de gasolina como local de moradia mostra que ele era diferenciado. Como gostava de viajar, de passar períodos em cidades diferentes, estando em um posto facilitava a carona.
Assisti dezenas de vezes ele partir para cima de mulheres e moleques tendo como arma uma pedra ou sua inseparável lata de goiabada.
Os moleques, eu, no meio, se escondiam por traz dos caminhões e berravam: barrão, barrão, barrão... Ele batia a lata na cabeça e partia em nosso encalce. Claro que nem chegava perto. Se fosse hoje...
Conversei algumas vezes com Barrão. Ele não guardava magoa. A sua revolta era momentânea. Era uma resposta a quem insistia em lhe desrespeitar.
Nas conversas, geralmente com adultos por perto, ele falava que era valente e que ia meter bala na gurizada.
Lauri Paixão, certa feita, para ver se ele tinha alguma noção sobre arma tirou as munições e o entregou seu revolver 38. Ele pegou a arma, mas, rapidamente, a devolveu. Não tinha a menor intimidade. Não sabia nem pegar no cabo.
Seu conhecimento de arma era igual ao do nosso conector maior, José Tavares, Boquinha para os íntimos, cujo revolver é a caneta, alias, as teclas mágicas do seu computador, que diariamente manda belas balas para o Brasil e para o mundo, recheadas, sempre, de informações relevantes e picantes sobre a vida na terrinha.
Principalmente de assuntos políticos. As balas do Boquinha, na verdade, foram eficientes nessa campanha eleitoral.Acertou importantes alvos.
Mas, Barrão, por sua vez, a exemplo do velho ponta esquerda de Pombal, Dilau, gostava de brigar com a arma mais primitiva que o homem criou: a pedra. Hoje, passados quase quarenta anos desses fatos, se pudesse pedia desculpas, humildemente, aos loucos de Pombal, em especial a Barrão. Esses homens, com suas perturbações e genialidades, como dizia minha mãe, dona Zuíla, deixaram suas marcas na nossa Pombal de antigamente.
Campo Grande,
Mato Grosso do Sul, 29 de março de 2009.
Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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