Por Geziel Moura
Não é novidade
que a historiografia do cangaço de modo geral, em particular, a de Lampião,
está encharcada de incertezas, dentre elas, a origem de sua alcunha, a morte de
seu irmão Antônio Ferreira, suas relações com os coronéis, daí destaco o de
Princesa, José Pereira Lima.
Assim, para
todas as indagações que envolvem o cangaço lampiônico, temos diversas
respostas, das lógicas e coerentes às mais estapafúrdias possíveis,
configurando-se, não raro, em verdadeiras teorias de conspirações à moda Oliver
Stone.
Na medida em
que, sempre deixei as "verdades" do cangaço, e suas
"aproximações de verdades" em suspeição, busquei pensar naquelas
explicações que eram imbuídas, não de certezas históricas, mas de se fazer e
ter sentido plausível, a ordem agora não é encontrar "verdades", mas
sentido razoável, nos relatos.
Nessa direção,
o genial escritor lampiônico, Frederico Pernambucano de Mello, nos aponta, em
sua última obra, "Guerra em Guararapes & outros estudos", uma
nova perspectiva, para a origem do apelido (Maria Bonita), da companheira de
Lampião, Maria Gomes de Oliveira.
Portanto, é
pacífico, entre os pesquisadores, escritores e leitores da saga de Virgolino e
Maria Bonita, que o apelido, dela, não era utilizado no interior do bando, as
ex-cangaceiras Sila e Dadá testemunharam dessa forma, inclusive afirmando que
este vulgo, circulava apenas no seio da polícia, e por consequência,
incorporado pela imprensa posteriormente.
Frederico
Pernambucano de Mello comenta que este novo olhar para o apelido, "Maria
Bonita", foi disparado pelo repórter Melchiades Rocha, o primeiro quem
cobriu, a matéria jornalística da hecatombe de Angico, e que esteve com ele,
Frederico, no ano de 1983, na cidade do Rio de Janeiro.
A conversa
entre os dois começou com a seguinte pergunta de Melchiades a Frederico:
"Você sabe como apareceu este apelido Maria Bonita?" sem dá tempo de
seu interlocutor responder, o idoso repórter revela o mistério: "Não
apareceu no sertão, foi coisa de repórteres daqui mesmo do Rio de Janeiro, eu
estava entre eles".
Diante da
surpresa do escritor, Melchiades se reportou para a origem do apelido, à
inspiração de livro de 1914, e que virou filme em meados de 1937, cujo título
era/é "Maria Bonita".
O filme que Melchiades se refere, foi
protagonizado pela atriz Suely Belo, que fazia o papel título da película, na
personagem Eliana Angel, nada mais era que um romance fílmico, daqueles da
Sessão da Tarde, que nada se relacionava com sertão ou cangaço.
A ótica
produzida por Melchiades Rocha, para o apelido de Maria Bonita, e que foi
discutido, por Frederico Pernambucano, o "Number One", pode até não
ser a "Verdade Verdadeira", mas que está impregnada de lógicas e
coerências, no contexto histórico, está.
Para conhecer,
um pouco mais, a primeira Maria Bonita, segue a edição da Revista Cinearte de
15/04/1937. Boa leitura!
Fonte: facebook
Página: Geziel Moura
Grupo: Historiografia do Cangaço
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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