Segundo seus
familiares, Benjamin Abrahão Calil Botto nasceu, em 1901, em Zahle, na época
uma cidade da Síria e atualmente do Líbano, e veio para o Brasil, na década de
1910, provavelmente, fugindo da Primeira Guerra Mundial. Segundo o próprio,
havia nascido em Belém, mesma cidade natal de Jesus Cristo. Tinha parentes no
Recife. Trabalhou como mascate na cidade e no interior nordestino. Foi durante
algum tempo secretário particular do venerado padre Cícero Romão
Batista (1844–1834), na cidade de Juazeiro do Norte, no Ceará. O
reverendo havia ficado impressionado pelo fato de Benjamin ter nascido em
Belém.
Foi
em 1926 que Benjamin provavelmente conheceu Lampião, que havia ido fazer
uma visita ao Padre Cícero, organizada por Floro Bartolomeu (1876–1926), deputado
federal e coronel poderoso da região do Cariri (Jornal do
Recife,
10 de abril de 1926). Na ocasião, Lampião e seu bando foram
convencidos a entrar para o Batalhão Patriótico, uma milícia para combater a
Coluna Prestes, e Lampião recebeu a patente de capitão, armamentos e
uniformes do Exército. Pouco tempo depois, o acordo foi desfeito.
Cerca de um
ano após a morte do Padre Cícero, ocorrida em 1934, Benjamin levou a Adhemar
Bezerra de Albuquerque (1892 – 1975), proprietário da Aba Fim, em Fortaleza, um
projeto para fotografar e filmar Lampião e seu bando. Adhemar forneceu a
Benjamin equipamentos cinematográficos e fotográficos, além de filmes e, entre
1936 e 1937, Benjamin produziu fotografias e um filme sobre o rei do cangaço.
Em matéria
publicada no Diário de Pernambuco de 27 de dezembro de 1936,
Benjamin foi apresentado como sírio naturalizado brasileiro e como fundador do
periódico Cariri, em Juazeiro do Norte. Segundo a mesma reportagem, em
meados de 1935 ele havia tido a ideia de documentar a vida de Lampião. Meteu-se
numa roupa de brim azulão, sacudiu a tiracolo sua máquina fotográfica e se
internou nas caatingas. Ao longo de 18 meses, viajou pelo sertão de Alagoas,
Bahia, Paraíba, Pernambuco e Sergipe, e encontrou-se duas vezes com
Lampião.
Ao longo de
1937, várias fotos de Lampião e de seu bando produzidas por Benjamin foram
publicadas pelos Diários Associados. Foi também divulgado um bilhete
escrito por Lampião atestando a autenticidade dos registros de Benjamin (Diário de
Pernambuco, 18 de fevereiro de 1937).
‘Illmo Sr.
Bejamim Abrahão
Saudações
Saudações
Venho lhe afirmar que foi a primeira pessoa que conseguiu filmar eu com todos os meus pessoal cangaceiros, filmando assim todos os movimentos da nossa vida nas caatingas dos sertões nordestinos.
Outra pessoa não conseguiu nem conseguirá nem mesmo eu consentirei mais.
Sem mais do amigo
Capm Virgulino Ferreira da Silva
Vulgo Capm Lampião’
Benjamin Abrahão foi
assassinado com 42 facadas, em Águas Belas, hoje Itaíba, no interior de
Pernambuco, em maio de 1938 (Diário da
Noite, 9 de maio de 1938, na quarta coluna, Diário de
Pernambuco, 10 de maio de 1938, na quarta coluna e Diário de
Pernambuco, 19 de maio de 1938, na quinta coluna).
Os motivos de sua morte
ainda não estão esclarecidos. As hipóteses vão desde crime passional até
queima de arquivo, já que ele sabia do envolvimento de autoridades com Lampião.
http://brasilianafotografica.bn.br/?p=9527
Enviado pelo professor e pesquisador Adinalzir Pereira Lamego lá da cidade maravilhosa do Estado do Rio de Janeiro.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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