Por Andrea C. T. Wanderley - Editora-assistente
e pesquisadora do portal Brasiliana Fotográfica
O cangaço,
segundo Moacir Assunção, é um fenômeno social característico da sociedade
rural brasileira. No nordeste, existiu desde o século XVIII, quando
José Gomes, o Cabeleira aterrorizava populações rurais de Pernambuco. O
movimento atravessou o século XIX, só terminando em 25 de maio 1940, com a
morte de Corisco (1907 – 1940), sucessor de Lampião e seu principal
lugar-tenente, pela volante de Zé Rufino (Diário de
Pernambuco, 1º de junho de 1940, na sexta coluna).
‘Os homens do
cangaço espalhavam fama, violência e aplicavam um conceito muito particular de
justiça em sete estados do Nordeste. Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba,
Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia sofriam não apenas nas mãos desses grupos
nômades, mas também com a seca, com a fome e com uma sociedade desigual e
injusta, que perpetuava um modelo pérfido de exploração do trabalho.'(Ângelo
Osmiro Barreto in Iconografia do Cangaço, 2012).
Em 28 de
julho de 1938, na grota de Angico, em Sergipe, perto da divisa com o
estado de Alagoas, o bando de Lampião foi cercado por uma força volante
comandada pelo tenente João Bezerra da Silva (1898 – 1970), pelo aspirante
Ferreira Mello e pelo sargento Aniceto da Silva. Além de Lampião, foram
mortos sua mulher, Maria Gomes de Oliveira (c. 1911 – 1938), conhecida
como Maria Bonita, e os cangaceiros Alecrim, Colchete, Elétrico, Enedina, Luiz
Pedro, Macela, Mergulhão, Moeda e Quinta-feira. Foram todos
decapitados. No combate, foi morto o soldado Adrião Pedro de Souza. João Bezerra
e outro militar ficaram feridos (Jornal do
Brasil, 30 de julho de 1938, na primeira coluna, Diário de
Pernambuco, 30 de julho de 1938, com uma fotografia de autoria de Benjamin, Diário de
Pernambuco, 31 de julho de 1938, 3 de
agosto de 1938 e 25
de agosto de 1968). Quando Lampião foi morto o, o fotógrafo Benjamin
Abrahão havia sido assassinado há cerca de dois meses.
No dia
seguinte à morte de Lampião, foi publicada uma entrevista dada por Chico
Albuquerque (1917 – 2000), filho do proprietário da Aba Film, na primeira
página do Diário da Noite, onde contou a história da produção do
filme sobre Lampião produzido por Benjamin (Diário da
Noite, 29 de julho de 1938).
As cabeças
decapitadas dos cangaceiros, após exposição nas escadarias da prefeitura de
Piranhas em Alagoas, seguiram para a capital do estado, Maceió. De lá, seguiram
para Salvador, onde ficaram no Museu Nina Rodrigues, também conhecido como
Museu Antropológico Estácio de Lima. Em 1969, as cabeças de Lampião e
Maria Bonita foram enterradas no cemitério Quinta dos Lázaros, na mesma cidade
(Correio
da Manhã, 13 de fevereiro de 1969, na última coluna).
Uma
curiosidade a respeito do apelido de Lampião, segundo publicado no Diário da
Noite de 8 de fevereiro de 1937, na primeira coluna:
‘Lampião
é um cabra desconfiado e perverso. O apelido que usa é o seu maior orgulho. Foi
lhe dado num combate no início de sua carreira criminosa quando se filiou ao
cangaço do famoso Luiz Padre. Na peleja, travada ao descambar da tarde,
Virgolino atirava com tanta rapidez que da boca do seu rifle saía verdadeira
faixa de fogo, iluminando o chão.
_ “Nós
não precisa mais de sol porque já temos um lampião!”, gritavam os cangaceiros.
E desde aí
ficou ele com o seu nome de guerra consagrado’.
Enviado pelo professor Adinalzir Pereira Lamego lá do Estado do Rio de Janeiro
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Foi enviado com prazer. Em homenagem a todos que apreciam a história do Cangaço.
ResponderExcluirAbraço aqui das terras cariocas!