Material do acervo da pesquisadora do cangaço Noádia Costa
Os partos
geralmente eram feitos pelas outras cangaceiras que integravam o bando e em
raros casos por parteiras. Diferente do que muitos costumam afirmar, Lampião
não realizava partos e o auxílio de parteiras constituía exceção, como deixa
claro Antônio Amaury e Leandro Cardoso (2015:92). Dentro dos subgrupos podemos
citar como exemplos: Dadá e Maria Bonita desempenhando a função de
parteira.
Aglaê Lima
(1970: 137) destaca a falta de higiene e as condições insalubres em que eram
feitos os partos do Cangaço ao afirmar: “As bandidas tinham partos normais, sem
nenhuma higiene. O umbigo do menino era cortado com unhas e não contraíam
tétano”. As condições do parto variavam de acordo com a situação que em muitos
casos eram difíceis como explica Daniel Lins:
"O
nascimento de uma criança representava um momento grave, difícil. A mortalidade
era enorme. As crianças sucumbiam quase todas logo após o nascimento. As
mulheres davam à luz onde podiam: numa caverna, num leito improvisado, em meio
aos cactos, debaixo de um mandacaru, sob um sol violento, ou ainda, em meio a
um tiroteio e a uma cortina de balas mortíferas, assassinas."
(LINS, 1997:141)
A precariedade
das condições da maioria dos partos fazia com que muitas crianças nascessem sem
vida ou morressem poucos dias depois do nascimento. A rainha do Cangaço, Maria
Bonita, passou por várias frustrações no que diz respeito às suas gestações. Seu
primeiro parto foi complicado, doloroso e o menino nasceu sem vida, causando a
tristeza dessa e de seu companheiro Lampião.
Das quatro
gestações que teve, apenas a de Expedita foi bem-sucedida. A menina nasceu no
dia 13 de setembro de 1932 na cidade sergipana de Porto da Folha. Sobre o alto
índice de mortalidade infantil no Cangaço Ilsa Fernandes relatou:
"Se a
mortalidade infantil era elevada entre os sertanejos comuns, nos bandos de
cangaceiros era maior; muitas dessas crianças morriam antes de serem entregues
aos cuidados de outrem, em função das longas caminhadas dos bandos sob o sol
escaldante, sofrendo os rigores da sede e da fome."
(QUEIROZ, 2005:52)
Foto 1:
Cangaceira Inacinha grávida. Piranhas, 1936. Foto extraída do livro: Estrelas
de Couro.
Foto 2:
Corisco e sua companheira Dadá grávida. Pão de Açúcar, Alagoas, 1936.
Foto: Benjamin Abrahão.
Foto: Benjamin Abrahão.
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