Seguidores

domingo, 4 de março de 2018

O CENTENÁRIO DE ENCANTAMENTO:

De Leandro Gomes de Barros...

No dia 04 de março de 1918, encantou-se no Recife-PE, o poeta cordelista Leandro Gomes de Barros, portanto, hoje: 04/03/2018, está completando o primeiro centenário de seu encantamento.

E no dia 19 de novembro de 1865, nasceu na comunidade Melancia, no município de Pombal-PB, que, no vindouro 19/11/2018, estará completando 153 anos de seu nascimento.

O pai do cordel brasileiro veio ao mundo como qualquer sertanejo, pertenceu a uma família nucleada de camponeses e que desempenhava uma atividade agropecuária.


Natural “d’O Velho Arraial de Piranhas”, nas palavras de Wilson Seixas, Pombal, situado no Sertão paraibano, município que fazia limite com o Rio Grande do Norte. No início da adolescência ficou órfão de pai. E migrou para o limite oposto, da Paraíba com Pernambuco, ou seja, para a famosa Serra do Teixeira, por volta dos 15 anos de idade.

Como orientador, na Serra do Teixeira, teve o tio materno: o Padre Vicente Xavier. Na paragem citada e com influência do pároco, recebeu ensinamentos de língua portuguesa, além da poética oralizada dos cantadores da escola teixeirense. Esse cabedal de conhecimentos foi essencial na formação da futura poética leandrina.

Por divergência com a família, desapareceu da Serra do Teixeira e após 1880, apareceu na grande Recife: Vitória de Santo Antão, Jaboatão dos Guararapes e na própria cidade recifense, onde residiu, viveu e pereceu. Segundo os pesquisadores de sua obra, o seu clássico A VIDA DE CANCÃO DE FOGO E O SEU TESTAMENTO tem algo de autobiografia.

Para mais informações sobre à Serra do Teixeira e a sua vocação poética, ler a biografia de Leandro Gomes de Barros, de autoria de Arievaldo Viana(imagem de capa do Livro) e artigos de Pedro Batista (1928) e Linda Lewin (2007).


Ainda não se conhece com detalhes o período da vida leandrina, desde que chegou à região da Veneza brasileira até 1889. Por que 1889? Porque em 1907, afirmou numa estrofe sextilhada que fazia 18 anos que atuava como poeta e autor de folhetos.

Foi nesse cenário de cidade grande, cosmopolita, pré-moderna, mas, com raízes sertanejas, que, desenvolveu e consolidou a sua verve. Escreveu e produziu folhetos nos diversos temas: originários de contos da península ibérica, da simbiose da história e da cultura do Sertão nordestino e da conjuntura política da época.


A sua obra destinou-se tanto ao leitor do campo como da cidade. Talvez, os romances de encantamentos, de valentias, messiânicos, de bois, anti-heroicos fossem para o leitor sertanejo; enquanto os satíricos e os de gracejos para o citadino. No tocante à parte satírica, ler o livro, oriundo de tese de doutoramento, UM PAU COM FORMIGAS OU O MUNDO ÀS AVESSAS, de Francisco Cláudio Alves Marques (imagem de capa do Livro).

Na realidade, Leandro Gomes de Barros foi um dos protagonistas da formação do paradigma do cordel brasileiro, na forma e no conteúdo que se conhece e perdura até o momento. Também contribuiu na edição, na distribuição e na venda como folheteiro.

Também escreveu cordel em forma de folhetim, por exemplo, o clássico O CACHORRO DOS MORTOS foi publicado originalmente em cinco partes. Era publicado um folheto com uma narrativa completa e como adendo, uma parte de outra narrativa, na busca de despertar a atenção do leitor para o próximo folheto.

Dois de seus cordéis: O DINHEIRO E O TESTAMENTO DO CACHORRO e O CAVALO QUE DEFECAVA DINHEIRO foram básicos para Ariano Suassuna produzir a peça teatral O AUTO DA COMPADECIDA, em 1955.

Quanto à iconografia leandrina, destaca-se uma xilogravura de autoria de Guaipuan Vieira (imagem), bastante utilizada na ilustração referente ao pai do cordel brasileiro. Também, uma fotografia histórica (imagem) copiada da quarta capa dum de seus cordéis. Vale salientar, que, ao longo do tempo, o espaço da quarta capa foi utilizado para informações sobre os autores cordelistas. Foi nesse espaço, que, José Alves Sobrinho e Átila Almeida coletaram muitos dados para a produção do famoso Livro DICIONÁRIO BIO-BIBLIOGRÁFICO DE REPENTISTAS E POETAS DE BANCADA.

Este pequeno texto foi a minha simples homenagem ao centenário de encantamento do grande LEANDRO GOMES DE BARROS.

https://www.facebook.com/carlos.alberto.7587/posts/1293830257383439

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzagueano José Romero de Araújo Cardoso

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário