Por Verluce Ferraz
“Lampião
encontrava-se nas pias da Maranduba com a sua cabroeira provavelmente no
descanso do almoço” Cf. Roteiro Histórico e Anotações, de Manoel Belarmino R.
Alves Costa.
O cangaceiro
Lampião encontrava-se no solo de Poço Redondo, terra de Alcino Alves Costa, em
princípio de janeiro de 1932, “in pausare omnipotentis” (em repouso da sua
onipotência). A Terra citada, é berço de trinta e quatro cangaceiros, todos
servis de Lampião, aos quais ensinou o ofício do cangaceirismo. É de se
acreditar que a terra seja boa mãe para com seus filhos. Sendo mãe gentil há de
proteger a própria prole. Acolhedora que era, recebeu o mais bastardo dos
pernambucanos, deu-lhe abrigo e a paz que provém do coração materno. Lugar de
catingueira, suas terras bebem água do Rio São Francisco, nas margens. Mais
distante do rio, as suas terras sofrem da seca escaldante. Euclides da Cunhas
já disse ‘o sertanejo é, antes de tudo, um forte’. Lampião foi para aquelas
cercanias fugindo do Estado e para escapar das leis.
Vivendo arribado precisava
de olhos que cuidassem dele; pagava pelo favor. E de pobre Lampião entendia:
qualquer moeda compra os seus serviços. Moeda fazia milagre entre a população
carente sertaneja. E Lampião abria o embornal cheio das moedas roubadas para
conquistar o povo carente. E gente carente e pobre, por um tostão faz herói e
santifica qualquer pessoa. Aconteceu em Poço Redondo, o Antônio Conselheiro
virou santo; Lampião tornou-se herói. Será que Lampião, na sua vivacidade,
despertara para o fenômeno? No Juazeiro Lampião foi reverenciar o Padre Cícero,
é que o cangaceiro era mesmo supersticioso contava com boa inteligencia e pode
ter escutado coisas da beata Mocinha, - a moça cuspiu sangue quando recebeu uma
hóstia sagrada. Podia até ter dente mole, uma garganta inflamada, uma
tuberculose,que a fez cuspir o tal sangue - isso até pode ter levado a jovem
beata ao altar? A beata ficou conhecida até em Roma.
Em Poço Redondo o cangaceiro Lampião estava cercado de olhos amigos - comprados
com moedinhas que eram milagreiras, fez amigos e compadres. Muitas bocas e
amigos bons. Quando lhe chegam às polícias dos Estados de Pernambuco e Bahia o
cangaceiro já sabia até quantos policiais faziam o cerco para lhe prender. O
contingente de soldados superior ao número de cangaceiros. Cangaceiros bons de
rifle, pelo costume de combates. Andar com Lampião era dormir com um olho
fechado e outro aberto; ouvir e escutar bem para distinguir o quebrar de um
galho de mato, o canto de uma coruja argorenta. Naquele lugar Lampião tinha em
seu favor o povo amigo. Eram muitos. Ainda dispunha de uma ‘luneta que via e
enxergava quilômetros, mais que um olho humano’. E as polícias contavam com
jovens inexperientes; sequer os jovens soldados conheciam o lugar de Poço
Redondo, onde Lampião podia se refestelar-se à vontade. Uma casinha aqui, outra
acolá guardavam amigos de Lampião.
Não tenha dúvidas, as Forças Volantes jamais iriam se sair bem na refrega. O
Estado perdeu soldados e Lampião ficou sorrindo mais uma vez. Lampião migrou
para outras paragens próximas, arrumou uma companheira que já conhecia da fama
do matador – tal qual o mouro shakespeariano, jogou o lenço e conquistou a
Maria de Déia – Maria Bonita Rainha do cangaço.
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